Capítulo XII

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Mentir não é saudável, isso é fato. Tão fato que hoje estou metida em uma enrascada das grandes por conta de uma mentira que eu achava que não passava de uma brincadeira inocente.

As más amizades são péssimas influências, saibam disso.

— Chegamos. — Joe diz pegando a sua carteira e pagando o motorista. — Vamos Melina. — Sai do carro levando a minha mala com ele.

Ainda um pouco bêbada, mas já consciente (não sabia que um simples milkshake de vinho poderia embebedar dessa forma).
Respirando fundo saio do carro receosa olhando para todos os lados, observando e captando tudo o que é de referência para poder dar as meninas quando pegasse o meu celular dentro da mala e ligasse para elas pedindo por ajuda. Elas íam me ajudar, não íam?! Oh senhor!

O prédio por dentro era bem mais chique do que por fora, e ao entrarmos no elevador, observei ele apertar o botão do sexto andar.

— Você está com fome ? — Pergunta me olhando de lado. — Tá muito pálida hoje Melina, você precisa ver isso. — O elevador para e ele segue em direção ao corredor. — Digo, ir ao médico.

Assinto em afirmativo com a cabeça enquanto o sigo em silêncio, observando todas as numerações das portas.

— Chegamos. — Ele pega a chave do seu bolso e abre a porta com o número 59 gravado nela. — E essa é a minha casa aqui no Brasil, fique a vontade, sinta-se em casa.

Diz ao tirar a sua jaqueta e colocá-la em cima do sofá. Ainda de forma desajeitada e tímida fico parada observando o lugar que parecia ser um apartamento de pessoas ricas dos filmes teens dos quais sou acostumada a assistir. A decoração era rústica e minimalista mas muito bem elaborada, tudo ali parecia com a personalidade dele, inclusive as plantas na parte de fora da varanda.

— Onde estão os seus amigos? — Enfim pergunto seguindo em direção ao balcão e sentando-me de modo que o possa ver na cozinha. — Você disse que vinha com eles.

— Não, — Ele diz pegando algumas verduras na geladeira. — Eu disse que ia a Comic-Con acompanhado deles, não que eles estavam na minha casa ou algo do tipo. — Ah! Obrigada por só aumentar o meu medo.

Continuo olhando ao redor. Nunca que os meus pais me dariam um apartamento em outro país só para eu ter um tempo sozinha, até porque, dinheiro não dá em árvores.
É agora que começo a sentir inveja ou posso esperar até ficar sozinha?!

— Isso aqui vai demorar um pouco, tem sorvete, você quer ?! — Ele vai me alimentar pra depois me matar?! É isso ?! Aceno negativo com a cabeça. — Olha, — Ele para o que está fazendo e me encara sério. — Eu sei que você é um pouco quase extremo conservadora mas eu não posso deixar você perder essa oportunidade.

— Eu nem queria estar aqui para início de conversa. — O respondo observando seus poucos músculos escondidos por baixo da camisa branca que usava.

— Melina, você tem 15 anos, precisa viver a vida e agarrar as oportunidades que ela te dá. — Seus olhos azuis estavam sérios.

— Se você fala de eu dormir na rua e não ter dinheiro pra nada, nossa, que bela oportunidade a vida tá me dando em. — Reviro os olhos me colocando de costas para o garoto rico que tem um apartamento invejável. Idiota.

— Foi por isso que te trouxe para cá.

— Você praticamente me sequestrou! — Sorrio irônica me levantando do banco em que estava sentada e o encarando agora irritada. — Se não tivesse interferido, talvez agora já estivesse chegando no aeroporto.

— Você não pode ir embora, a feira nem começou ainda! — Fala em voz alterada. Ele está se irritando?! Porquê?! Quem liga pra essa feira idiota cara?!

O Nascimento De Um Erro FrancêsWhere stories live. Discover now