Capítulo XIX

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A manhã de aula mal começou e eu já estava cansada a nível de me deitar na grama do campo onde estávamos tendo  aula de educação física. E para piorar, se isso fosse possível, o meu colega barra tarado tocador de seios estava praticando os seus passes de futebol de forma tão tranquila e natural a menos de cem metros de distância de mim, que mal parecia ter atacado a minha colega de quarto ontem a noite.

Já falei que odeio ser sua colega de classe?!
Pois bem, o melhor a se fazer nesse momento é ignorar a sua presença de forma totalmente segura. Fingir que ele é um grão de sujeira é o correto a se fazer.
E daí que ele sem dúvida é a pessoa mais bonita dessa escola? Seu caráter apodrece por completo a sua aparência, e por essa razão apagarei por completo a sua existência da minha vida.

Meus pais com certeza ficariam orgulhosos de mim agora.

E assim, quase sem pulmões, me arrasto até o bebedor do corredor para tentar recuperar o pouco da minha dignidade humana e retornar para o meu martírio que ingenuamente chamam de aula.

— Quem vê, pensa que estão te torturando. — Uma garota ruiva fala ao encher a sua garrafa térmica.

Quem bebe água morna?!

— E estão. — A respondo saciando a minha sede gritante.

—  Achei que você fosse mais atlética...

— Por que pensou isso?! — A interrompo enquanto enxugo a água que caiu em meu queixo no momento em que bebia desesperada.

Por que ela pensaria algo sobre mim?!
Ela me conhece?!

—  Seu perfil, — Ela encara os meus colegas de classe correndo. — Seu corpo é bem desenvolvido, se for comparar com a maioria das meninas dessa escola.

Ok, isso foi estranho. Caso ela não tenha notado, engordei horrores!

— Ok, — A respondo. — Tenho que voltar pra aula, — Levanto uma das minha mãos de modo que a palma fique de frente para a garota em sinal de respeito. — Foi um prazer colega, tchau.

Sem esperar ela responder fujo em direção ao campo completamente centrada em não olhar para trás.

Assim, após duas horas de exercícios segui ofegante com uma toalha de rosto envolta do meu pescoço em direção ao vestuário feminino do outro lado do imenso, gigantesco e exagerado ginásio esportivo dessa escola onde exageros são mais do que comuns. São um nada. Simples assim.

Imersa em meus músculos tremendo e dando câimbra doloridas, ignoro os gritos e aptos do jogo dos meninos na quadra de basquete.
E me apoiando na parede da entrada, tento massagear minha panturrilha esquerda que estava freneticamente tremendo na hora em que uma câimbra demoníaca resolveu me atacar. Com uma dor insuportável, me deixei cair no chão sem me importar com as possíveis pessoas que estariam em volta assistindo ao meu drama anêmico de ser, ou, só falta de potássio no sangue mesmo.

Respiro fundo, massageando com as duas mãos as minhas duas panturrilhas.

— Câimbra?! — Uma voz masculina pergunta.

Olho para cima ao mesmo tempo em que balanço a cabeça em afirmativo.
Lembram do riquinho que se alto elegeu líder do nosso grupo de música antes das férias?!
Era ele.

— Tenta isso. — Ele me passa uma garrafa completamente congelada. — Fica passando ela ao mesmo tempo em que a enrrola — Tentei seguir a sua instrução, mas, não estava tendo sucesso. — Com licença? — Ele toca na parte detrás do meu joelho com uma das suas mãos frias, enquanto a outra firme passava o pequeno litro congelado por toda a extensão da minha panturrilha.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora