Capítulo XXII

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Sempre achei aquela garota muito apelativa, a cara dela jamais me enganou e o que?! Grávida?! Isso é sério?! Em seus plenos dezesseis anos?!
Deus queira que seja um alarme falso, mas, se for então o que ?! Eles já trasam ?! Por que o Kevin nunca me falou isso?! Contamos tudo um para o outro. Contamos?!
Minha cabeça está vazia e ao mesmo tempo cheia de pensamentos, memórias minhas com o garoto que amei por mais de doze anos... Ela vai mesmo conseguir o tirar de mim.

— Meu Deus Melina, você está me assustando! — Diz o garoto mestiço asiático pegando um papel toalha e arrastando a cadeira de madeira para ficar ao meu lado ao invés de ficar na minha frente e enxuga as minhas lágrimas. — O que aconteceu?!

Eu o abraço forte sentindo dificuldade de respirar com a dor crescente em meu peito.
O amor dói. Amar dói. Sofrer dói. Viver dói. Morrer dói. Tudo dói nessa tragédia de conto que eu chamo de vida.

Joe dá uns tapinhas leves em minha costa e o sinto me apertar mais contra o seu peito.
Desabo em lágrimas infinitas.

Alguém deixa o nosso pedido em cima da mesa e se retira em silêncio.

Fungo algumas vezes e o sinto afrouxar o seu aperto.

— Berat...

— Fala baixinha.

— Ele vai ser pai. — As lágrimas caem novamente frenéticas.

Minha mente se enche com imagens que mais parecem cenas de filme de toda a nossa história juntos... Ele vai me deixar?! Nossa amizade vai acabar ?! Ela vai me roubar ele ?!

— Kevin?! — O garoto pergunta me empurrando delicadamente para que pudéssemos nos ver.

Aceno em positivo.

— Não sei por que ainda pergunto, quem mais teria autonomia de te deixar nesse estado emocional.

Olho para frente e vejo os hambúrguer.

— Melina, essa sua reação só prova o que você vive negando para todos e inclusive para si mesma. — Pego um dos quatro hambúrguer e o levo com pressa para boca afim de me manter em silêncio. — Você o ama como uma mulher ama um homem.

Suspiro profundamente enquanto mastigo com as lágrimas me cegando e caindo sem parar.
Eu sei. O que ele não sabe é que a sua afirmação para mim nunca me foi ocultada. Eu sempre soube que o amava perdidamente e o fato de o manter sempre ao meu lado foi o que me manteve feliz por todo esse tempo, mesmo, que, com a desculpa de ser sua 'irmanzinha de infância'.

— Não fica assim... — Joe continua enxugando as minhas lágrimas. — Talvez eles nem tenham certeza. Afinal, eles já fizeram o exame?

Acenei em negativo com a cabeça enquanto mordia outro imenso pedaço.
Antes triste do que com fome. Me julguem!

— Então a sua reação antecipada é sem sentido. — O olho. — Pensa só as chances são de cinquenta por cento para negativo e positivo. — Analiso as suas palavras enquanto mastigo ao mesmo tempo em que fungo. — Se ela não estiver grávida, ok, tudo continua do mesmo jeito, mas, se realmente estiver positiva o máximo que pode acontecer é ele ter um filho.

Mordo outro pedaço enorme.

— Se ele realmente te amar como irmã, não será um filho, um casamento, uma namorada que o irá tirar de você. Não acha?!

Casamento?!

Abaixo a cabeça e desabo em lágrimas mais ainda. Sou um poço sem fundo de suor e lágrimas, isso é fato. Quando não é um é o outro.
Quando que a adolescência acaba mesmo em?!
Se podesse, já pularia para a parte em que sou rica e feliz.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora