Capítulo VI

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E a semana das avaliações bimestrais chegaram. Sabe-se disso porque os corredores, o refeitório e até as salas de recreações estão em um completo vazio silencioso.
Diferente da biblioteca lotada.

Patrícia passou duas semanas fora do internato, parece que sua asma piorou e por essa razão foi para Londres e perdeu o segundo bloco de provas. Bom para ela, concordam?

Enquanto a mim e Amanda estivemos em  completo silêncio durante todo esse tempo, ou seja, acredite se quiser, não falamos nada significativo uma com a outra por duas semanas inteiras. Lógico que algumas palavras foram ditas, e as vezes até sussurradas, mas, como eu disse nada significativo. E para ser sincera, foi perfeito. Estudei tanto que mal conseguia lembrar de escovar os dentes ou de tirar o óculos para dormir, as vezes acordava com as suas marcas no meu nariz.

Para a minha sorte, as minhas primeiras provas não foram tão terríveis quanto achei que seriam, agora é só aguardar o resultado. Tenho medo dessa minha confiança, sempre que fico assim, vem bomba mais a frente.

Após terminarmos, enfim, senti o clima da Pidtistown aliviar. E como já havia chegado o dia do ensaio da banda, corri em direção a quadra feliz, imaginando como seria o meu instrumento musical no momento em que sinto o meu celular vibrar na bolsa, o pegando imediatamente ao mesmo tempo em que me desequilibro  e quase vou de cara no chão se não fosse pelo o bebedouro do corredor, vejo que é uma chamada de vídeo do meu pai.
Droga! Faz mais de duas semanas que não ligo para casa.

Eu
Oi pai, quanto tempo! Tudo bem em casa? —

Feliz por falar em português, já havia me esquecido como o meu idioma é perfeito, vejo o senhor careca e moreno com a testa avantajada na tela, olhando-me com um sorriso de ponta a ponta. Uma pontada de culpa me inunda...

Pai
OOii, por aqui tá tudo bem, e por aí? Sua mãe falou que você tinha mandado um áudio dizendo que tava desesperada estudando para as suas primeiras provas. Como foram? Já fez?—

Pergunta preocupado franzindo sua testa e deixando a vista suas linhas de expressão. Ah! Como sinto falta...

Eu
Foi,  eu mandei mesmo antes de começar, ah! Foi tranquilo. Acabei de terminar e aí tou indo para a quadra. Deixa eu te contar, eu passei na prova para entrar na banda da escola! Vou tocar contra baixo! Acredita?!

Falo animada, observando algumas estudantes que ao passar me olhavam com um rosto estranho. Provavelmente por não reconhecer o idioma. Ignorando elas completamente, ouço meu pai falar algumas palavras me parabenizando.

Eu
Pai, preciso desligar! Cheguei na quadra. Te amo, assim que chegar no quarto mando mensagem dizendo como foi. Beijos pai! Abraços para todos! Tchau. —

Desligo imediatamente, avistando a professora afinando alguns instrumentos. Como exigência sua na última reunião, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto, enquanto sigo até atrás da arquibancada para vestir por debaixo da saia rodada chadrez ridícula, um short preto curto, caso essa voe com o forte vento que as vezes passa por aqui. Dobrando as mangas da minha blusa social até acima do cotovelo, abutou os dois botões que costumam ficar desabotoados para deixar a vista meu lindo busto. Se Amanda estivesse aqui  reviraria os seus olhos.

Em falar nela, já era para ela estar chegando...

Sigo em direção a professora e meus outros colegas, que por sinal, me fitam de forma estranha. Sempre foi assim ou só vim reparar nas outras pessoas agora?

Por sorte, um colega chamado Rafael havia afinado o que seria o meu instrumento de uso e quando foi para me entregar, seu rosto ficou totalmente corado. Como sou a rainha da sensibilidade, sorri gentilmente  pegando o meu contra baixo e sem agradecer a gentileza me afasto seguindo em direção a caixa de som. Foi por isso que sorri, justamente por que não queria falar.

O Nascimento De Um Erro FrancêsWhere stories live. Discover now