Capítulo XV

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As coisas não saíram fora do controle, não. Foram as pessoas que se descontrolaram e perderam a noção do que se pode ou não fazer em público.

Sim, toda a minha família estava em um jogo estúpido de futebol, aos berros em pleno parque ao ar livre aproveitando o sol de mais de trinta e oito graus com a sensação térmica de 'as larvas do magma da profundeza do abismo estão nos queimando, mas, passamos bem' em pleno domingo, meu penúltimo dia na cidade.

Eles queriam me animar, pois, perceberam que depois do meu fatídico encontro com a ridícula namorada do Kevin não consegui mais sorrir ou conversar com ninguém.
Estava mais afetada do que imaginei que ficaria, para ser sincera, achei que não iria me importar muito por que afinal, quantas namoradas ele já não teve ?! Mas essa é diferente. Essa parece não se importar com a nossa forte amizade. As outras implicavam comigo até o ponto dele ter que terminar com elas por não me aceitarem na sua vida... Essa finge tão bem que me assusta.
Pois, vamos combinar, ela me odeia tanto quanto eu a não suporto.

Enfim, depois de tudo o que aconteceu, o bendito cujo não veio mais me ver. Quando eu ligava procurando por ele, chamava tanto a ponto de cair na caixa de mensagem. Ele não respondia aos meus   SMS e muito menos lia as minhas mensagens no nosso bate papo do Facebook. Traduzindo: Estava sendo ignorada com sucesso.

Bem, de todo eu já sabia que algo iria acontecer depois da forma que me comportei naquele circo chamado de encontro. Fui ingênua achando que ela iria se ofender mostrando o quão forte era a minha amizade com o seu namorado, mas, aparentemente o tiro saiu pela culatra. Só consegui me machucar ainda mais.

Ser derrotada nunca doeu tanto como dessa vez.

Após chegarmos em casa, ajudei a minha mãe guardar toda a comida que sobrou do evento, e as minhas irmãs a limpar a bagunça que ficou a nossa brincadeira. Em seguida fui para o meu quarto tomar um bom banho...
O dia fora longo demais...

Com o ar condicionado ligado no mínimo para esfriar o mais rápido possível o ambiente, deito na minha cama, respirando o mínimo nescessário para ter ar nos pulmões o suficiente para não morrer. Sim, estava cansada. Olhando para o teto, já que a minha beliche tinha sido desmontada por falta de quem durma na parte de cima, senti uma tristeza profunda crescer no meu peito.

Droga de primeiro amor.

Sentindo a primeira lágrima descer pelos cantos dos meus olhos fechados e cobertos pelo meu braço esquerdo, ouço o toque do meu celular soar no ambiente pouco iluminado e frio. Alcançando o visor do celular avisto a solicitação de chamada de vídeo de nada mais nada menos do senhor japa barra sequestrador barra lindo a me ligar.
Eu estou sonhando?! Não acho que tenha conseguido dormir tão rápido.
O celular para de chamar.
Ufa!
Suspiro decepcionada por não ter coragem o suficiente para atender.

O celular vibra novamente.

Droga! É ele! O que eu faço?!

Por que ele está me ligando?
E por que vídeo chamada?! SOCORRO!!!!

Tá, só tenho que atender.

Respira. Respira. Respira.

— OOoii — Droga. Já começo falando como um bode berrando ao amanhecer. Bom trabalho Melina!

Ele sorre, colocando para trás da sua orelha vermelha uma mecha do seu  cabelo escuro.

— Oi Melina Solano. — Pronuncia em seu espanhol vagabundo de meia boca. Até meio charmoso diria. — Como vai de férias no Brasil com a sua família? — Pergunta em inglês. Melhor assim.

Por que ele me ligou? Por que quer conversar comigo?!!!!

— Ah! Tava bem até três dias atrás... — Qual é o meu problema?! Por que falei isso?!!!

O Nascimento De Um Erro FrancêsDonde viven las historias. Descúbrelo ahora