𝑺𝒆𝒊𝒔

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— 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑙ℎ𝑜𝑠 𝐽𝑎𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑀𝑒𝑛𝑡𝑒𝑚 —

Apesar de todo descanso no hospital, foi inevitável dormir naquela cama

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Apesar de todo descanso no hospital, foi inevitável dormir naquela cama. Ela era tão macia e aconchegante, mesmo com toda poeira - que com certeza atacaria minha alergia ao longo do dia.

A enfermeira veio naquele horário em que você não sabe se é muito tarde ou muito cedo. Ela medicou-me com analgésicos e pílulas para memória.

Eu tinha trocado as roupas justas dadas pelos agentes por um pijama, com etiqueta escrito "100% algodão", que encontrei no closet. Tudo tinha cheiro de velho, ou mofo, mas não me importei, pois a qualidade dos tecidos era surreal e eu não tinha nada além da roupa do corpo.

Supus que amanheceu quando acordei espontaneamente, sendo que isso raramente acontecia. Sem despertador, ou qualquer instrumento para me chamar, confiar no meu relógio interno parecia errado.

Olhei para o visor do dispositivo em minha cabeceira e já passavam das dez horas da manhã.

Tateei a cama em busca do controle remoto que comandava as luzes, a janela, a temperatura. Desativei o blackout e uma paisagem linda se abriu. O céu azul ensolarado (será que estamos no verão?), salpicado por pequenos passarinhos sobrevoando entre as nuvens e nenhum sinal do cinza poluído que vi durante o percurso até a Embaixada.

Estranho, porém agradável.

Ainda não conseguia acreditar que estava aqui, neste quarto magnífico, com essa vista privilegiada da cidade iluminada por um sol radiante e uns cem anos no futuro.

Eu deveria ter envelhecido. Minhas mãos não estão enrugadas, nem meus braços flácidos, então suponho que tampouco minha idade ou rosto estejam mais velhos.

Percorro o caminho até o banheiro contornando a janela, aproveitando cada segundo daquela visão. Acreditei que acordaria em meu quarto, no entanto estou aqui. Todavia, devo me lembrar de que posso acordar a qualquer momento, quando eu menos esperar, portanto é melhor aproveitar essa fuga da realidade enquanto ainda posso.

Alguém bate na porta. Não há razões para ignorar, portanto, atendo.

— Como foi dormir em seu quarto pela primeira vez em dois anos? — Ben estava sorridente, com o cabelo levemente bagunçado e com um saco de papel de alguma cafeteria nas mãos. Ele, na verdade o saco, cheirava deliciosamente a café fresco.

— Não tenho certeza, mas foi muito bom. A tal desaparecida Joy era muito sortuda por ter uma cama tão macia e um quarto com uma vista dessas —
Abro espaço, permitindo que ele entre.

Não quero estar aqui quando a dona real desse apartamento aparecer.

Ben apoia o saco na bancada, mas antes limpa a área com o antebraço para retirar a camada grossa de poeira.

「𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐌𝐈𝐑𝐑𝐎𝐑𝐒」⊰⊹ฺOù les histoires vivent. Découvrez maintenant