𝑶𝒏𝒛𝒆

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— 𝑂 𝑀𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐷𝑜 𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜 𝐿𝑎𝑑𝑜 —

Meus olhos estão fisicamente fechados, mas estou completamente acordada

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Meus olhos estão fisicamente fechados, mas estou completamente acordada.

Estou amarrada, presa a uma cadeira.

Movo meus olhos para um lado, depois para o outro.

Sinto o cheiro de terra molhada, no entanto não vejo nenhum resquício de vegetação ao meu redor.

É um pouco difícil olhar para cima, mas faço um esforço e me surpreendo ao encarar eu mesma. Há um espelho acima de mim e estou de cabeça para baixo.

Vejo meu cabelo preto escorrendo borrando minha visão do espelho.

Joy... Apenas siga a minha voz... — disse alguém, sussurrando.

Assenti sem nem perceber.

Abri e fechei a mão algumas vezes porque estavam formigando, meu corpo inteiro formigava.

Ande — ordenou calmamente o Alguém.

As amarras que me prendiam se soltaram, como serpentes voltando ao seu esconderijo sorrateiramente. Levantei como um robô e avancei.

Meus joelhos doíam, mas continuei. Não desequilibrei ou caí, como o esperado já que eu estava de cabeça para baixo. Contrariando as leis da física, parecia estranhamente mais fácil caminhar dessa forma. Meus cabelos ainda escorriam para cima e a pressão ainda era diferente, todavia a cada passo eu parecia flutuar.

Encarei meu reflexo acima de mim, com a bizarra sensação de estar sendo observada de volta.

Pare — exigiu Alguém.

O reflexo parou; eu, não. Continuei.

A estreita sala fria azul-petróleo parecia não ter fim. O espelho no teto também seguia o curso eternamente.

— Joy? O que faz aqui? —Indagou uma voz familiar.

Eu não a via claramente, entretanto, sabia que se tratava da figura elegante da Primeira-Dama.

— Estou perdida.

Volte — exigiu Alguém.

A Primeira-Dama disse algo que não ouvi; marchei silenciosamente de volta para onde estava.

Não consigo controlar meu corpo.

Pinceladas de um outro lugar mesclavam-se com um aparente final para aquela sala. As paredes se tornaram mais claras ao poucos, em degradê, também mudando sua forma e textura em uma completa transição. O calor amigável de uma lareira crepitante acariciava minha pele, mas o cheiro do caos preenchia aquele ambiente novo.

Meu nariz ardia, meus olhos ameaçaram lacrimejar .

Vi a sombra da mulher de preto, que eu conhecia de algum lugar.

「𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐌𝐈𝐑𝐑𝐎𝐑𝐒」⊰⊹ฺDonde viven las historias. Descúbrelo ahora