𝑽𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝑼𝒎

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- 𝐸𝑠𝑡𝑟𝑎𝑛𝑔𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑁𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑖𝑙𝑜 "𝐾𝑖𝑚𝑚𝑦"-

Apressei-me para chegar em meu apartamento. Ao abrir a porta, Kimmy já transitava frenética de um lado para o outro, com cabides, sapatos e meias pendurados em seus braços e mãos.

- Ainda não acredito que ela fez isso - grunhiu Kimmy, com o cenho franzido e um olhar furioso.

- Foi uma decisão do Conselho - digo vagamente, secando qualquer rastro molhado que as lágrimas tenham deixado em meu rosto.

- Não, não foi. O Conselho não resolve nada, quem decide as coisas é aquela víbora! Argh! Que ódio dela!

- Está falando da Primeira Dama?

- Sim, sim. Dela mesma. - Kimmy parou frente a uma parte do guarda-roupas, encarando as prateleiras de suéteres. - É claro que isso é uma crise diplomática, mas tenho certeza que se ela realmente te quisesse aqui, faria algo a respeito! É exatamente igual há dois anos atrás, "Joy está partindo", "Então deixe que ela parta em paz!". Que patético! - bufou e pegou num movimento brusco, agarrando com força, um suéter azul claro.

A pilha de suéteres dobrados ameaçou vir abaixo, mas ela nem se importou, arrastou a porta do armário e a fechou com um baque surdo.

- Ela disse isso quando eu sumi?

- Disse bem pior, mas vou poupá-la de tais palavras. Você não precisa disso, não hoje, querida.

- Preciso contar para Ben.

Kimmy congela no lugar, move apenas seus olhos enquanto seu corpo está paralisado, uma mão com dois pares de meias à caminho da mala e a outra cavando espaço nela.

- Você ainda não contou para ele? A pergunta soa ameaçadora e me pergunto se é tão grave assim.

- N-não, não encontrei com ele no caminho e vim correndo. Pensei que.... Na verdade nem sei no que pensei, eu só...

- Joyce, pelos santos, vá avisar ele agora mesmo! Ben vai ficar a.t.o.r.d.o.a.d.o. com essa notícia, e é melhor que ela descubra por você do que por terceiros! Reze para que a Primeira Dama ainda não tenha usado isso contra você! - Ela interrompeu abruptamente.

- Por que ela usaria isso contra mim?

- Esse não é o ponto, garota! Agora vá, vá, vá! Anda! - Ela abana as mãos como se estivesse espantando um cachorrinho intrometido.

- Mas por que? Apenas diga, Kimmy.

Ela revira os olhos, mas responde:

- Caso ainda não tenha ficado claro, ela odeia a gente. Faz questão de tornar a nossa vida uma miséria. Acho que é porque vocês troféus são mais importantes do que ela, a governante. Enfim, deve ser por isso. Agora, vá.

Semicerrei os olhos, intrigada com aquela afirmação. Mas, estava ficando sem tempo, então disparei para a porta e sai rapidamente.

Não sabia onde exatamente procurá-lo, então torci para encontrá-lo no caminho.

Vasculhei o saguão, a cafeteria e os corredores do primeiro e segundo andar. Nada dele.

Decidi sair do prédio e procurar pelas ruas do centro comercial. Cogitei ir até o bosque, mas levaria tempo demais e as chances dele estar lá, segundo única e exclusivamente minha intuição, era bem baixas.

O céu, que geralmente ficava nublado a maior parte do dia, estava começando a escurecer. O ar levemente abafado já tornava a ficar mais fresco, mas ainda úmido.

「𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐌𝐈𝐑𝐑𝐎𝐑𝐒」⊰⊹ฺOnde histórias criam vida. Descubra agora