𝑻𝒓𝒊𝒏𝒕𝒂

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𝑱𝒐𝒚

— 𝑂𝑠 𝑆𝑒𝑖𝑠 𝑀𝑒𝑠𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐸𝑥𝑖𝑏𝑖𝑐𝑎𝑜 —
– 𝐷𝑖𝑎 17 /"𝐹𝑖𝑚 𝐷𝑜 𝑆ℎ𝑜𝑤"


Já faz uma semana desde a conferência

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Já faz uma semana desde a conferência.

Sem Laetitia para organizar nossos passeios, fiquei à mercê da permissão do Líder para perambular pela Casa. Hektor tampouco era necessário nessas caminhadas curtas, uma vez que dois guardas acompanhavam cada passo meu. E também, o tempo máximo cedido para explorar os corredores eram trinta minutos contados no relógio.

Tinha escrito incontáveis cartas para Ben e Kimmy. A maioria delas estava agora em algum lugar no lixo da cidade, sendo reciclado. Ou talvez não, talvez só esteja por aí se decompondo. Eu não sei. Enviei apenas uma para a Cosmopolita, para Ben. Foram palavras bem sentimentais das quais eu quase me arrependo parando para pensar agora. Certamente será uma situação embaraçosa conversar sobre ela pessoalmente.

Desvio o foco dos meus pensamentos antes que eles comecem a domar minha mente e vou ao encontro da caixa padrão deixada no quarto hoje mais cedo.

Mais um presente do Líder, certamente uma roupa. Sinal de que algum evento social, ou aparição pública está por vir.

Se eu tiver sorte, encontrarei Hektor para ser atualizada dos rumos da fuga.

Fuga. A palavra ainda é estranha, apesar de simbolizar algo teoricamente positivo, dado minha posição atual, ela tem um sabor amargo.

Abro a caixa com cautela e noto um sobretudo diferente dos modelos na Cosmopolita.

O bilhete diz:

"Espero que a estadia da senhorita esteja de bom grado. Por favor, use isto na reunião diplomática daqui a dois dias.

Att. O Líder."

O bilhete não esclarecia se a conferência tinha dado certo ou não. Mas, de fato, haveria outro evento como aquele para se preocupar.

Ao puxar a peça para uma análise melhor, um segundo bilhete cai no chão.

Pego o pedaço de papel e noto a diferença do material. Parece um guardanapo.

"Leia o papel no bolso do casaco no banheiro. Há uma câmera no seu quarto. Estão te observando."

Hektor.

Amassei o guardanapo imediatamente e peguei o sobretudo.

No fundo da caixa havia um relógio de pulso prata e uma chave. Tentando disfarçar meu nervosismo, agarro os dois objetos com a roupa e faço um embrulho, como se estivesse indo experimentar o presente no banheiro.

Não parecia muito convincente, no meu ponto de vista, mas esperava que fosse para quem quer que estivesse me assistindo.

Entro no banheiro e tranco a porta inutilmente, com as mãos tremendo.

Respiro fundo e tiro um rolinho pequeno de dentro do bolso do casaco.

Desenrolo o papel e começo a ler a grafia apressada de Hektor nele.

"Sei que parece absurdo, mas descobri que estão te observando há um tempo. Não entendi muito bem, pelo que pesquei da conversa há uma câmera disfarçada em algum lugar do seu quarto. Continue agindo normal, e não tente procurar essa câmera. A fuga será hoje, meia noite e meia. Abra a porta com essa chave exatamente nesse horário, não perca nenhum segundo. Quando sair, vire no corredor à direita e terá um homem com roupa preta e balaclava na sua espera. Ele tem o restante do plano. Apenas siga-o.
Chave de segurança: a noite é uma criança."

Meu coração está acelerado.

Há uma câmera me observando. Há quanto tempo? Eles me viram... Trocar de roupa, e dormir e comer e escrever...

Estremeço com o pensamento e aperto a mandíbula com raiva.

Dou descarga nos bilhetes e enfio a chave e o relógio na lateral do meu sutiã, fechando o casaco de moletom até a gola para encobrir qualquer suspeita.

Inspiro fundo, com medo do fantasma que sonda meu quarto.

Estão me espionando. Esse tempo todo. Há semanas.

Seja lá quem for o pervertido, está me assistindo há um bom tempo. Talvez também estejam me ouvindo. É bom que estejam. É bom que tenham ouvido cada lágrima que escorreu do meu rosto, cada soluço, que saibam que eu odeio este lugar e que não importa o quão fraca eu pareça, eu ainda sou capaz de lutar e me vingar.

Vou dar o fora daqui e assistir o circo pegar fogo bem longe de mim.

「𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐌𝐈𝐑𝐑𝐎𝐑𝐒」⊰⊹ฺWhere stories live. Discover now