cap dez

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Eu fui retirada do que parecia ser uma ambulância assim como uma boneca é retirada da sua casinha de brinquedo. Os meus pés tocaram o chão e um dos caras me segurou pelo braço por eu estar sentindo o meu corpo mole devido o que quer que seja que eles aplicaram em mim. A minha visão estava um pouco turva, mas eu consegui ler sem nenhum problema a placa grande pendurada na entrada do lugar.

Centro de Ajuda para Doentes Mentais, Kildare NC.

Eu me lembrava bem de quando durante a minha infância, eu e Sarah vínhamos até aqui com alguns amigos para conferir que tipo de pessoas que moravam e trabalhavam nesse lugar. O mais corajoso de nós era quem conseguia pular o muro para o jardim onde os pacientes ficavam durante as suas horas de descanso.

Eu nunca fui corajosa o suficiente para entrar. Ou seja, eu nunca soube o que havia além desses portões.

Pisquei algumas vezes tentando conferir se o que estava acontecendo era mesmo real e fui puxada para começar a andar mesmo que eu tropeçasse nos meus próprios pés por não estar conseguindo controlar os movimentos do meu corpo. Quando entramos na clínica com um cheiro considerável de álcool, eles me sentaram em uma das cadeiras no instante que eu vi meu pai seguindo os dois enfermeiros até o balcão, só então eu percebi que ele havia vindo junto. Eu tremi de frio mesmo sendo mais uma noite de verão e me encolhi observando o lugar a minha volta.

A sala de espera ou recepção que estávamos, estava um pouco escura por já ser tarde da noite e não havia mais ninguém além de duas mulheres atrás do balcão. Havia algumas orações presas nas paredes cor de creme e as janelas de vidro tinham um filme escuro que impedia de ver o que havia do lado de fora. Eu olhei um cara sentado algumas cadeiras de distancia e engoli em seco quando ele me olhou e ficou me encarando por um longo tempo antes de voltar a falar sozinho.

-Adam, não vai assustar a novata. Volte para o seu quarto imediatamente. –a mulher de branco falou e o cara se levantou já saindo andando após me dar um meio aceno.

-Quanto à internação irá custar? –meu pai perguntou retirando um talão de cheque do bolso e uma lágrima escorreu pelo meu rosto por saber que ele iria me deixar aqui sem nenhuma culpa ou arrependimento.

-Sr. Mason... Eu li o relatório que escreveu na ficha da sua filha. Essa é uma clínica para doentes mentais e não uma colônia de férias. Se a garota está bem... –o médico começou dando uma breve olhada em mim. -O que aplicaram nela?

-Ela não está bem. Se morasse na mesma casa que ela, poderia opinar quanto a isso. Eu conheço a minha filha e posso afirmar que não, ela não está bem. –meu pai disse o interrompendo. -Se precisa de motivos para manter a Lyanna aqui, pode diagnosticá-la com o que quer que seja... Mas isso é para o bem dela. Pode ter certeza. Ela está fora de si e não pode sair.

-Não somos um centro educacional de combate a rebeldia adolescente. –o médico disse mais uma vez e eu escorei minha cabeça na parede a sentindo pesar, me impedindo de organizar os meus próprios pensamentos. Minha visão ficou turva novamente, mas eu percebi quando meu pai tirou um maço de dinheiro do paletó e o colocou no jaleco do médico que estava parado com uma prancheta em mãos. -Bom, transtorno de personalidade e transtorno pós-traumático são tratáveis aqui para a sua sorte. –o médico disse e eu funguei fechando meus olhos com força. -O tempo que sua filha passará aqui a ajudará a lidar com todos esses problemas. Vamos negociando os preços e eu vou mantendo contato com o senhor. –eles trocaram um aperto de mão e quando meu pai começou a ir em direção a saída, sem nem mesmo se despedir de mim, eu me levantei de imediato para ir até ele o que quase me resultou em um tombo.

-Pai... Pai por favor, não me deixa aqui. Não faz isso comigo, por favor pai. –eu falei quando o alcancei e o segurei pela roupa para que ele não fosse embora e me deixasse aqui sozinha. -Me desculpa tudo bem? Me desculpa mesmo, mas não me deixa aqui... O que pensa que está fazendo comigo? Não pode fazer isso! –ele soltou minhas mãos e respirou fundo.

My Girl- JJ Maybank  (Outer Banks)Where stories live. Discover now