My Girl- JJ Maybank (Outer Banks)

Cap dezesseis, Seg Temp

Eu estava acordada já alguns minutos depois que eu apaguei completamente, sentindo a minha cabeça cheia demais para que eu conseguisse ficar mais um minuto acordada. Eu fechei a blusa do moletom cinza que eu usava, e abracei o meu corpo, escorada em um sofá e olhando o céu alaranjado pela pequena janelinha da sala que eu e Sarah estávamos. Pisquei algumas vezes sentindo os meus olhos inchados e funguei, juntando minhas pernas e as abraçando enquanto eu ignorava o fato de eu começar a ter enjoos devido ao movimento do navio.

-Eu usei o equipamento de mergulho. -Ward disse sentado em uma cadeira de frente para Sarah, que estava do outro lado da mesa, ainda digerindo toda essa história. -Deixei tudo pronto, programado exatamente. Eu me arrisquei para sair de lá, quase não consegui. E quanto ao seu pai, Lya... Morrer lá foi a escolha dele. Ele sabia que se caso as coisas complicassem, ele também iria para a cadeia e ele não queria isso. Portanto, nós dois fizemos um acordo. Depois que ele morresse, eu não procuraria mais a sua mãe. E como o seu pai sabia que você não cairia fora dessa história sobre o ouro, ele pediu para que eu cuidasse de você como se fosse a minha filha. Para que eu não deixasse você se machucar. -eu o encarei e então fechei meus olhos começando a rir na cara dele, sem acreditar, enquanto Rafe entrava na sala em que estávamos. Sarah me olhou assim como ele e como o Ward e eu gargalhei, curvando a minha cabeça para trás, achando graça da situação.

-Acha que eu sou idiota? -eu perguntei a ele e parei de rir, me recuperando. -Você acha? Acha que eu iria acreditar nessa sua história depois de todas as suas mentiras? De tudo o que fez para safar você e a sua família? Depois de tentar me afogar na porra de uma banheira?! -eu perguntei aumentando o meu tom de voz e me levantando. -Digo, você cuida dos seus filhos a base de querer matá-los, então pode até ser verdade. Mas, não ache que eu vou acreditar em você, seu velho mentiroso.

-Do que ela está falando, pai? -Rafe perguntou a ele. -Você tentou afogá-la? Quando isso aconteceu, Lya? -ele me olhou e eu o olhei de volta, me sentando. -Pai!

-Quando você estava tentando fazer o mesmo com a sua irmã, Rafe. -eu falei obviamente e Ward o olhou.

-Eu precisava proteger a nossa família e eu achava que ela iria abrir a boca para o idiota do Shoupe! -Ward respondeu impaciente. -E acredite ou não, Lyanna, eu disse toda a verdade. Foi isso o que aconteceu. E não era para vocês estarem naquele píer e terem visto o que aconteceu no barco. E Sarinha, meu amor, eu queria te ligar e dizer que estava tudo bem e explicar tudo. Doeu muito não poder. Mas, eu precisava ajudar o Rafe.

-Obrigado pai. -ele falou assentindo e passando a mão no rosto. -Pelo menos um de nós está grato.

-Vocês dois são uns psicopatas. -Sarah falou e enxugou as lágrimas que escorreram pelo o seu rosto. -São uns doentes!

-Eu prometi ao seu irmão que ele não seria preso por me ajudar. -Ward disse explicando a ela. -Tive que cumprir a minha promessa.

-Como se ela ligasse. -Rafe resmungou.

-Acha que eu não liguei quando achei que o pai tinha morrido? -ela perguntou a ele e eu fechei meus olhos, não aguentando mais essa falação na minha cabeça. Eu sentia que eu estava enlouquecendo, e pela primeira vez, uma clínica psiquiátrica não me pareceu ser uma tão má ideia assim. Pelo menos algumas agulhadas cheias de calmante me pouparia de estar nessa sala cheia de malucos. No final, é claro que todos aqui precisam de uma terapia, ou sei lá, um exorcismo traria melhores resultados.

-Você só queria fugir com uma babaca. -Rafe retrucou e eu respirei fundo.

-E você queria a herança! -ela falou se levantando.

-Sim você se importou Sarah! -Ward gritou com ela. -Essa é a questão. Todo mundo naquela doca viu o quanto você se importou, querida. Eu sei que estão bravas agora, e com todo o direito. O importante é que tudo isso ficou para trás agora. Ficou mesmo. Vamos viver uma vida nova agora. Todos juntos.