capítulo 49

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   Eu estava deitada na minha cama no porão, minha visão antes turva, agora estava focada nas madeiras do teto, acompanhando onde uma começava e a outra terminava.  Em baixo do meu travesseiro estava o livro da Jennifer Austin, com todas as confissões dolorosas das garotas que vieram antes de mim, onde minhas confissões deveriam estar, mas não estavam. Não estavam porque eu era uma idiota e simplesmente não conseguia escrever todas as coisas ruins que eu deveria escrever sobre Jack, portanto as única três frases que eu havia escrito naquelas folhas eram: “ Fiz uma torta de morango e ficou simplesmente deliciosa”, “Hoje o céu estava no tom mais bonito de azul, mas não se comparava ao pôr do sol, foi de tirar o fôlego” e uma última frase com dois riscos raivosos de caneta azul “ 25 de março. A segunda data que eu mais odeio.”

  25 de março...

  25 de março deveria ser um dia feliz, e ele foi, por vinte e um anos, mas não mais. Agora ele se tornou a lembrança de que está prestes a completar um ano que fui sequestrada.

  Um ano.

  Doze meses.

  Trezentos e sessenta e cinco dias em cativeiro.

  Eu ainda podia me lembra daquele dia, de como Jack estava sendo estranhamente atencioso. Eu deveria ter suspeitado, mas pensei que seria um dia qualquer, eu acreditei que fosse um dia qualquer.

  Meus olhos se fecharam e respirei fundo enquanto as lembranças invadiam minha mente.

  Eu havia me levantado seguido o cheiro gostoso de panquecas até a cozinha onde estava Jack.

— Veja só quem acordou — ele me cumprimentou desviando os olhos da panqueca e passando os olhos pelo meu corpo até travar seu olhar com o meu.

  Eu deveria sentir nojo pela forma que ele me olhou. Era como se eu fosse um pedaço de carne e ele estivesse completamente faminto, mas eu não senti nojo, eu gostei e quando ele piscou para mim e o canto direito da sua boca subiu em um pequeno sorriso, eu me senti quente em todos os lugares inapropriados. Eu me peguei sorrindo de volta enquanto apoiava a parte superior do corpo sobre a bancada e cheirava a panqueca fechando os olhos.

— Hummm — fiz o som no fundo da garganta enquanto abria meus olhos e o olhava. — O cheirinho está simplesmente delicioso. — comentei.

  Eu contornei o balcão passando por trás dele e me sentado no banquinho mais próximo da comida.

— Eu amo panquecas —murmurei enquanto jogava meu cabelo castanho para trás.— Eu comia todos os dias no café da amanhã quando era criança...

  Falei e deixei o silêncio preencher o ambiente. Jack levantou os olhos para mim e me deu um sorriso de lado enquanto perguntava:

— Por que parou de comer? — seu tom deixava explícito que ele havia percebido que eu havia parado de falar apenas para forçá-lo a perguntar o motivo.

Eu dei de ombros, deixando claro que eu não me importava por não ter sido muito sútil.

— Quando eu completei treze anos minha mãe começou a reclamar. Ela não gostava de me ver comendo panquecas. Estava sempre dizendo “ Você é uma Cooper, e a perfeição deve ser sempre um objetivo” — Imitei sua voz melodiosa. Meu sorriso diminui com o aperto no peito que senti ao me lembrar dela. Eu balancei a cabeça e forcei um sorriso enquanto continuava. — Acho que uma filha prestes a entrar na puberdade com uns quilinhos a mais não entrava na sua ideia de perfeição. — Dei de ombros como se não fosse nada demais. — Meu pai sempre fazia panquecas no meu aniversário, se tornaram os únicos dias em que eu podia comer panquecas. 

— Farei panquecas todos os dias a partir de agora. — Respondeu firmemente.

  Eu sorri e balancei minhas sobrancelhas para ele brincando.

— Está me dizendo que não vou mais precisar cozinhar?

— Ah, nenhum pouco. Gosto da sua comida. — respondeu batendo o indicador de leve na ponta do meu nariz.

— Mas você cozinha melhor. — enruguei o nariz de brincadeira tirando outro sorriso dele.

— Verdade.

— Você é tão convencido. — bufei recebendo dele um olhar que dizia “ O que posso fazer?!”

  Jack se afastou por um segundo e quando voltou despejou caramelo sobre a panquecas, ou foi o que eu achei no início. 

— É xarope de bordo! Eu amo panquecas com xarope de bordo! — bati a mão de leve contra o balcão enfatizando minhas palavras. Não que precisasse, a excitação transpirava por todos os meus poros.

  Jack saiu guardando o xarope e quando voltou empurrou de leve a vasilha pela bancada. O prato deslizou pela bancada e parou na minha frente. Jack me entregou um garfo e uma faca e se encostou me observando. 

— Tem mirtilo? Por favor, diga que tem mirtilo. — implorei olhando-o nos olhos.

  Ele negou balançando a cabeça e fingi um desapontamento enquanto fazia um pequeno bico.

  Jack se inclinou na minha direção e eu virei o rosto para o prato enquanto engolia em seco. Eu parti um pedaço da panqueca e levei o garfo a boca; meus olhos se fecharam no mesmo instante e eu me permiti desfrutar daquele café delicioso. Se o paraíso tivesse um sabor, com certeza seria àquele. Eu lambi meus lábios quando percebi que o xarope de bordo estava escorrendo pelo canto da minha boca e tentei não suspirar, mas aquilo era tão bom, que simplesmente não consegui evitar.

— Ai meu Deus!! Essa é a melhor panqueca que eu já provei em toda a minha vida — falei quando terminei o meu primeiro pedaço. — Eu poderia comer cem dessas aqui.— comentei enquanto levava o segundo pedaço a boca. — Hummm, o que você colocou nessa panqueca? Nada deveria ser tão bom. — Eu terminei de engolir e me virei para ele, esperando que dessa vez ele falasse algo.

  Claramente ele não falou, apenas me observou comer. Quando terminei ele tirou o prato e os talheres para lavar. Eu limpei meus lábios com a ponto do meu polegar enquanto o observava lavar a vasilha.

— Hum... Você está bem? — perguntei quando ele terminou de lavar a louça e se virou para mim. Todo aquele comportamento era absurdamente fora do normal. Certo que ele havia mudado desde aquela noite fatídica onde ele me enforcou, mas não a esse ponto absurdo de estranho.

— Por que a pergunta?

  É claro que ele me responderia com outra pergunta.

— Esquece.

  Ele concordou indo para a sala. Eu girei no banquinho da cozinha enquanto o observava tirar as chaves do bolso.

— Vamos dar um passeio?

— Não. Estou indo a cidade, deseja alguma coisa?

Ele havia mesmo perguntado se eu queria algo?

— O que posso pedir?

— Qualquer coisa.

Eu fiquei em silêncio enquanto observava Jack. Ele não deve ter ideia do que essa frase acendeu em mim, o quão frustrante ela é, pois a única coisa que eu queria, mais que qualquer coisa, era a única que ele não me daria.

— Qualquer coisa? — perguntei devagar enquanto inclinava um pouco a cabeça para o lado direito.

Essas duas palavras foram o suficiente para mudar a atmosfera em volta de Jack, era quase como ver o antigo Jack de volta.

— Exceto isso. — sua voz frio me fez apertar os lábios e negar com a cabeça.

   Enquanto Jack esteve fora, eu tomei banho e cuidei dos meus cabelos com os novos produtos que ele havia comprado, vesti um vestido azul claro com pequenas margaridas que estava pendurado no banheiro. Jack provavelmente havia imaginado que eu tomaria banho depois que ele saísse e deixou o vestido para mim.

  Eu estava na sala, tocando as peças de xadrez que eu e Jack jogávamos à noite quando não saíamos para olhar o céu ou passear pela floresta. Não seria uma mentira se eu dissesse que ele jogava por mim e por ele, pois eu era péssima no jogo, não importava o quanto ele me explicava, eu simplesmente não conseguia aprender.

  Eu ouvi o som da porta sendo destrancada e aberta e logo em seguida Jack entrou carregando várias sacolas no braço. Meus olhos ficaram focados na porta por onde ele passou e não fechou. Eu poderia tentar fugir agora, qualquer idiota tentaria, mas eu não era idiota e eu sabia que Jack me pegaria antes que eu conseguisse cruzar a primeira fileira de árvores e ele poderia voltar a ser como antes, ou parar de me levar para fora desse sufocante chalé. Quando a visão das árvores desapareceu e no lugar estava uma porta muito bem fechada, eu respirei fundo para esquecer a ideia de fugir e virei os olhos para a rainha da peça de xadrez que eu segurava com força entre os meus dedos.


  Jack não comentou nada sobre esse meu pequeno lapso, ele preparou o almoço e durante a refeição comentou sobre as coisas mais levianas possíveis. No final da tarde me levou para ver o pôr do sol, e enquanto estávamos sentados olhando para o céu colorido em vários tons de laranja, rosa e vermelho, Jack me perguntou o que eu gostaria de mudar na casa. Eu me virei para ele tão chocada que não consegui me controlar. Meus dedos foram para testa dele enquanto minha voz saia com um leve tom de deboche.

— Você está doente?

  Jack havia inclinado o rosto um pouco para trás, pego desprevenido pelo meu toque repentino. Eu observei o corpo dele relaxar enquanto ele percebia que eu estava brincando. Um sorriso se espalhou pelo seus lábios e eu sorri de volta.

  Eu levei a pergunta de Jack a sério, mas simplesmente não sabia o que pedir para que ele mudasse. Eu sabia que ele não tiraria as tábuas da janela da sala, ou permitiria que eu vagasse sozinha. Enquanto Jack me observava, eu percebi o que eu queria, então pedi para que ele tirasse a câmera do porão, dei argumentos plausíveis de que não era necessário ficar me espiando. Minha mãe teria ficado orgulhosa, ela sempre tentou martelar em mim que uma mulher era capaz de conseguir qualquer coisa se soubesse empunhar a beleza e as palavras como uma arma. 
  Eu não sabia se Jack iria fazer o que eu pedi, ele não deu nenhum índice de que sequer iria pensar, portanto voltei a olhar o céu e suspirei com a visão.

Era extraordinário.

— É lindo, não é mesmo?

Eu concordei com a cabeça.

— Há algo na natureza que faz esses momentos extraordinários.

E eu só podia observar o por do sol enquanto sussurrava:

— Eu poderia viver neste momento para sempre.

Minha cabeça se moveu reflexivamente para trás com o movimento repentino de Jack.

— Você está doente? — brincou enquanto seus dedos tocavam minha testa.

  Eu soltei uma gargalhada enquanto me deitava na grama, meus olhos focados no homem que estava agora sobre mim.

Jack tocou meu rosto com as pontas do dedo e cobriu minha boca com a dele. E o beijo, o beijo foi como um raio passando por todo o meu corpo e se demorando em todos os lugares certos para o momento. Eu me soltei levando a mão no fecho da calça jeans dele e abrindo. Meus dedos envolveu toda a extensão de seu membro e se moveu sobre ele firmemente. Jack soltou um som de aprovação que veio do fundo da garganta e eu mordisquei seus lábios. Quando percebi que Jack havia afastado minha calcinha para o lado eu guiei seu pau para minha entrada e ofeguei com a sensação.

— Não seja gentil.

E Jack não foi, em nenhum dos golpes de seu quadril contra o meu.
Eu aproveitei cada uma das suas investidas, investidas que fazia meu corpo queimar de dentro pra fora, fazia os dedos dos meus pés curvarem na grama e meu corpo se arquear para ele. Eu vim para Jack, tão rápido que foi como se eu tivesse sido partida ao meio. Em nenhuma das vezes que tive Jack dentro de mim, foi tão rápido e bom como dessa vez.

  Os golpes de Jack não pararam, continuaram rítmicos e fortes. Seus quadris pareciam dizer que não era o suficiente, que ele precisava de mais, que quanto mais me tinha, mais ele queria e eu quis dar tudo isso a ele naquele momento. Sons incoerentes saíram pelos meus lábios, se misturando com o barulho do quadril dele batendo contra o meu, com o som do pau dele entrando e saindo de mim. Meus quadris se levantaram de encontro com os dele em cada golpe que ele batia contra mim e quando meu segundo orgasmo abriu violentamente um caminho através de mim, lágrimas de pura maravilha escorreram pelo meu rosto. Minhas barreiras internas apertaram o membro de Jack e com um último golpe ele gozou dentro de mim e sorriu como se aquele fosse o momento mais feliz da vida dele.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now