capítulo 6

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O banheiro não estava assim tão sujo para que eu precisasse limpá-lo. Nem parecia ter sido usado. Eu poderia limpá-lo outra hora, me relembrei pela terceira vez. Eu me virei para limpar o quarto que ficava quase enfrente ao banheiro e lá de dentro saiu o homem que eu mais odiava.

— O almoço já está pronto? — perguntou enquanto passava os olhos de baixo a cima sobre mim e parava com seus olhos frios no meu.

Pareço sua empregada ? Quis perguntar, mas a resposta seria sim.

— Ainda está cedo. — respondi depositando o peso em uma perna só. — Preciso limpar o quarto. — disse entre dentes, a raiva pelo o que eu estava fazendo queimava fortemente em meus olhos.

— Já se passou da hora de o almoço estar pronto, sem contar que a casa já devia estar limpa. — ele respondeu ríspidamente.

Naquele instante eu desejei gritar e dizer como eu estava cansada, desejei lhe mostar minhas mãos que estavam vermelhas e doloridas, eu desejei esfregar minhas mãos em sua cara e lhe mostar minhas unhas destruídas, eu queria pegar sua cara e esfrega-lá no chão e dizer o quanto eu o odiava, queria esfregar sua cara no chão e dizer que ele havia me sequestrado e que eu não era sua empregada particular, eu queria... queria muitas coisas, mas nenhuma delas era possível, então eu engoli o meu orgulho gigante, e respondi o mais submissa que consegui.

— Você tem toda razão.

Eu não olhei para ele, pois temi que fosse tentar matá-lo com minhas próprias mãos.

Eu preparei uma salada, pois era a única coisa que eu sabia fazer, mas logo em seguida percebi que ele não comeria só salada e então me desesperei ao perceber que não havia macarrão instantâneo ou qualquer outra coisa que pudesse ir para o micro-ondas.

Eu poderia fazer um arroz.

Não deve ser tão difícil, só preciso colocar na panela despejar água e esperar secar.

Super fácil!  Sra. Power faz desse jeito e eu vi ela fazendo algumas vezes, não com o que eu me preocupar. E até aprendi a ascender o fogão.

Só que enquanto eu olhava para a panela percebi que não sabia quando água já estaria seca, eu não a via mais, mas quem me dirá que não tem mais água no fundo? Talvez eu possa chegar um pouco mais próximo. Eu seguro o meu cabelo enquanto me abaixo e escuto, ainda tem muita água, percebo pelo barulho. Eu tampo a panela e espero. Meus olhos estão vagando pela quantidade de árvores que se encontra do outro lado das grades. Eu não fazia ideia que Nova Orleans possuía tantas árvores. Onde eu poderia estar? Em que porta de Nova Orleans eu estava? E então um sentimento que eu estava bastante familiarizada toma conta de mim, o medo. Ele se alastra por todo o meu corpo. E se eu não estivesse mais em Nova Orleans? E se eu... Eu pisco ao sentir algo escorrega pela minha perna. O pano de prato. Eu o pego e coloco no ombro e então me lembro do arroz. Estou de pé em um segundo, seguro o meu cabelo e aproximo meu ouvido. Não ouço muita coisa, mas o que escuto me faz ficar na dúvida se ainda está ou não com água. Eu sinto de repente um cheiro estranho, mas meu corpo não reage por isso, reage pela voz ríspida atrás de mim.

— O que você está fazendo? — Eu me viro e ele olha para baixo, sigo os seus olhos e vejo...fogo.

Grito enquanto arranco o pano de prato que estava em chamas, corro até a pia e jogo água no pano, o fogo se apaga. Minha respiração está acelerada, quase ofegante; eu toco a parte da minha blusa de seda onde o pano de prato repousava e fico agradecida por estar intacta.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now