capítulo 8

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Eu estava terminando o jantar, esperando o micro-ondas apitar para tirar nosso jantar. Meus cabelos ressecados e sem brilho estavam presos em um coque solto. Eu estava cansada, fisicamente e emocionalmente, meia luas escuras enfeitavam sob meus olhos azuis. Eu não era a garota de uma, duas, ou até mesmo três semanas atrás, eu era uma prisioneira, a espera de um resgate.

Naquele dia nem mesmo a visão das árvores eram capazes de me aclamar, não eram capazes de me trazer alívio. Todos os dias eu as olhava e esperava o momento em que iria estar livre, às vezes até mesmo me via correndo por elas, finalmente livre.

Eu sobressaltei-me quando ouvi o barulho do apito do micro-ondas, me levantei do banquinho da bancada e fui até o mesmo. Com luvas eu tirei a vasilha que continha nosso jantar. Hoje era arroz e frango. Eu levei as vasilhas para a mesa e as coloquei, logo em seguida fui até a geladeira e busquei a salada.

Meu captor chegou logo em seguida e sem me olhar se sentou.

— Onde está os talheres?—  perguntou ainda sem me olhar.

Ah,merda!

Eu corri até a cozinha eu peguei as talheres e a taça.

— Aqui. — respondi com um certo desdém.

Ele levantou os olhos para mim e eu abaixei os meus olhos. Encarei meu dedo indicador que estava enfaixado enquanto sentia seus olhos provocando um buraco em meu rosto. O suor escorria por entre meus seios e se acumulava em minha testa.

— Não tem feijão?

Como????

— Não tem nenhum enlatado. — respondi engolindo em seco.

Ele fez um barulho que parecia mais um rosnado do que qualquer exclamação de irritação.

Enquanto ele se servia eu me mantinha parada, como ele gostava que eu ficasse. Eu queria voltar para minha casa e  me deitar em minha cama, queria os braços de meus pais envolta de mim, queria lhes pedi perdão por todas as vezes que fui cruel e ingrata.

Por que ainda não me resgataram?

Eu limpei a garganta, chamando a atenção dele pra mim. Eu abri a boca para fazer uma pergunta, mas nenhum som saiu, ele continuava me olhando, como se esperasse uma explicação pela interrupção que causei, desviei o olhar para o chão.

Ah, por favor! Eu sou Hanna Cooper, e não tenho medo de ninguém

Arrumei minha coluna até está ereta e inclinei o meu queixo, o olhando de cima. Respirei fundo e pigarreei  chamando sua atenção novamente para mim, desta vez ele soltou o garfo e se recostou na cadeira e então me encarou.

Eu abri a boca, mas nada saiu, o medo entupindo minhas veias.

— Eu espero que tenha algo para dizer,ou farei que se arrependa por interromper meu jantar pela segunda vez. — E ainda sim, não consegui dizer nada. — Algumas chicotadas te fará bem, fará que tenha uma postura mais...humilde. Eu não me importo de lhe dar essa postura, se quer saber, realmente seria um prazer.

Oh Deus!

Eu engoli em seco e abri a boca novamente.

— Eu quero saber...quero saber quando...quando vou poder ir...

— Como? — Se ele não possuísse aquela máscara, com toda certeza seu rosto estaria demostrando total confusão.

— Quando os meus pais vão lhe entregar o dinheiro para meu resgate? — ele ficou me encarando e senti um frio descer por minha coluna. — Você já pediu o resgate, não pediu? Os meus pais com toda certeza já possuem o dinheiro — ele ainda está me encarando em total silêncio.— É sério, não importa quanto tenha pedido, eles já o tem, então...então você já pode enviar a data e... — Eu respiro fundo tentando recuperar o ar, solto a toalha da mesa que nem mesmo havia percebido que estava torcendo. — E então me deixar ir...— termino com um fio de voz enquanto faço alguns movimentos embaraçosos com a mão em direção a porta.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now