Prólogo

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Eu estava correndo, meus pés descalços pisando em galhos secos, o barulho parecia ensurdecedor, mas de alguma forma eu sabia que ele não podia me ouvir. Tudo de repente era tão claro, os sons a minha volta; eu de repente podia enxergar melhor do que nunca. Eu via os contornos das árvores escuras, e eu estava correndo entre elas. Mas havia um som que perturbava essa perfeita e macabra visão, era o som do meu sequestrador. Ele não se importava se eu o estava ouvindo, ele queria isso. Era uma tortura horrível e ele gostava disso.

Os meus pés doíam, eu estava cansada e o som da minha pulsão era ensurdecedor, eu temia que ele pudesse ouvir o meu coração. De longe eu podia ouvir o som de água corrente — parecia uma cachoeira, ou um rio —, era um som bonito, e eu o odiava.

— NÃO FUJA DE MIM! — Ele gritou e por um segundo eu achei que ele havia me alcançado.

Eu olho para trás, ele não está lá, mas eu sei que ele irá me alcançar, ele nunca me deixará fugir. Eu não posso correr para sempre. Eu tropeço em uma raiz, mordo meus lábios para não gritar com a súbita dor nos meus braços, joelhos e perna. Lágrimas estão escorrendo dos meus olhos, ele está perto, posso ouvi -lo, eu posso senti-lo. Me ajoelho para levantar e a dor que sinto me faz soltar um gemido. Tudo fica em silêncio. Ele me ouviu. Então os passos recomeçam, dessa vez vindo em minha direção, não mais correndo.

Estou procurando um lugar para me esconder, meus olhos vagando para todos os lugares e é quando eu vejo, um grossa árvore e nela há um buraco, como o de Alice, do país das maravilhas. Estou me arrastando até lá, vou estar segura, contanto que ele não olhe atentamente para baixo. Assim que estou dentro da árvore eu me encolho, tão fundo quanto posso, eu sei que não poderei ficar aqui para sempre, eventualmente ele me encontrará.

— Onde você está?— sua voz é como uma melodia, uma melodia cruel. — Saia de onde está, e eu prometo que vou te perdoar.

Coloco a mão na boca para não fazer nenhum barulho.

— Onde você está meu animalzinho? Eu não vou matar você. — Ele estava mais perto, sempre mais perto. — Você está começando a me irritar, meu animalzinho. Eu não quero machucar você.

Mentira!

O Deus, por favor... Eu não quero morrer.

Eu imploro, eu rezo, cada vez mais desesperada. Eu sei o que vai acontecer se ele me pagar, ela vai me matar, é o que ele faz. É um maldito psicopata desgraçado.

— Vamos meu animalzinho, você sabe o que acontece quando eu fico irritado e eu estou ficando muito irritado. — silêncio. Ele parou.

Por que o meu coração está batendo tão alto? Ele poderia estar ouvindo?

Seus passos estão tão dolorosamente perto, não hesitam, são como minhas lágrimas silenciosas e incessantes.

— Sua última chance, meu animalzinho de estimação.

Ele está irritado, posso sentir isso, mesmo que sua voz seja baixa.

O medo se alastra sobre minha pele, sem um pingo de piedade. Seus passos simplesmente desaparecem, eu não ouço nada. Meus olhos se arregalam e o grito fica preso em minha garganta quando ele diz:

— Te achei.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now