capítulo 3

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Meus olhos se abrem e eu encaro o chão...imundo.

Oh, que nojo.

Quando será que foi a última vez que limparam isso?

Ah,por favor Hanna, você é uma prisioneira, luxo e prisioneira não se enquadram na mesma frase.

Eu tinha razão, é claro. Eu fui sequestrada! Eu fui sequestrada, de novo!

Estou de pé, como se o chão estivesse pegando fogo. A primeira coisa que noto é que o quarto está claro, a segunda é que isso não é um quarto e sim um porão.

Definitivamente, não é como meu primeiro sequestro.

Meus olhos vagueiam pelo porão, ele é grande, mas não há lugar para se esconder, a uma cama de aparência suja e velha, — ela é estreita, apenas para uma pessoa— nenhum outro objeto decora o lugar. A luz que entra no quarto é filtrada por uma janela imunda.

Minha única fonte de fuga.

Ou seria se não fosse tão alta, mas eu precisava apenas de alguns caixotes, se eu encontrasse, talvez eu pudesse subir e tentar abri-la. Eu olho para a escada, minha outra fonte de fuga, mas menos provável. Eu a subo e me viro para a direita me deparando com uma porta de madeira com aparência pesada. Na altura do meu rosto ela é aberta, mas protegida com barras de ferro, enfio o rosto ali e olho para um corredor vazio. Suspiro e me viro para a escada. Dando alguns passos toco o corrimão e percebo que é firme.

Se eu conseguisse subir, talvez poderia alcançar a janela e empurrá-la.

Segundos depois estou sobre o corrimão e esticando o corpo em direção a janela. Meu corpo está parcialmente virado para a parede, uma de minhas mãos tocando a mesma na tentativa de me manter no lugar. Minha calça jeans Levis já não podia ser chamada de preta e minha blusa de seda branca estava totalmente destruída, mas naquele momento eu não me importava com nada disso, eu apenas queria fugir.
Quando meus dedos tocam o vidro da janela eu tento empurrar, mas ela não se move, tento novamente, mas nada acontece. Se eu apenas chegasse um pouquinho mais pra frente... Meus pés escorregam quando eu tento arrasta-los um pouco mais em direção a minha liberdade e sem nada para me segurar, meu corpo cai em queda livre.

— Ai! —Grito quando bato contra o chão. — Merda! — resmungo me ajoelhado.

Eu olho para cima. Não é uma altura tão assustadora, mas a dor que sinto eu meus ossos diz que eu cai de um precipício. Eu meu amaldiçoou por um tempo e quando a dor é mais suportável levo a mão ao rosto para me certificar de que nada está quebrado. Minhas mãos voltam com sangue e logo estou tocando meu nariz. Não está quebrado, penso com alívio. Mas minha boca está cortada e sangrando muito, eu passo a língua nos dentes para saber se todos estão no lugar e respiro com alívio, um alívio que dura muito pouco.

Passos estão vindo em minha direção, e então eles desaparecem para em seguida um barulho de chaves preencher o silêncio. Me coloco de pé, para correr em direção a cama e me esconder debaixo dela, seria inútil, mas ainda sim, é uma ideia tentadora.

— A bela adormecida acordou!— Eu paro no meio do meu movimento e me viro.

Ele congela por um segundo antes de tocar o segundo degrau da escada. Seus olhos encarando meus lábios vermelhos de sangue e em seguida vagueando para a janela. Um sorriso sinistro tomando conta de seu rosto.

— Ora, ora! Alguém esteve explorando seu novo...quarto. — ele sorria,mas sua voz não era nem um pouco amigável.

Eu encaro seu rosto, ou melhor, o pouco que é visível. Meu captor usava uma máscara que deixava visível apenas sua boca e os olhos, que de onde eu estava eu não conseguia distinguir a cor e não me importava. Ele podia ser cego, penso quando ele paira a centímetros de mim.

— Toda a casa é trancada, sua janela não é uma exceção. — ele me repreende como se eu fosse uma criança burra. Seu dedo vai para os meus lábios e ele toca o sangue, e o Deus, eu penso quando o vejo levar o dedo a boca. — Tão bom quanto aparenta.

Dou um passo para trás e meus lábios tremem, mas minha voz sai tão autoritária quanto normalmente sou.

— O que você quer de mim?

— Por enquanto, nada. — Sua cabeça pende para o lado. — Trouxe algo para você. — diz.

Ele direciona os dedos enluvados para a escada e eu os sigo, no corrimão a uma bandeja com comida, minha barriga ronca.  Eu não tenho tempo para dizer nada e logo ele se vira e sobe as escadas, por um segundo eu acredito que ele trará a comida para mim, mas isso passa no segundo que o vejo virar a esquina e ouço a porta bater e ser trancada.

— Coma e eu voltarei para te levar para um passeio...— não havia um passeio e nós sabíamos disso. — E suma com esse sangue dos lábios.

Meu corpo congelou com sua fria voz antes que eu alcançasse o segundo degrau da escada, e eu esperei até ter certeza que ele já não estava mais ali para subir e pegar a bandeja que continha apenas um pão com geleia de morango e um copo de água. Por um segundo cogitei gritar e dizer que não comeria aquilo, mas a simples ideia de ele tomar a comida e me deixar com fome me fez devorar a comida em pouco mais que três minutos.

Eu saí da escada e me sentei na cama, e então eu esperei; ele logo viria. Ele viria até mim.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now