capítulo 4

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Não demorou para eu ouvir os passos se aproximando da minha cela o que só me fez ter certeza que havia uma câmera escondida em algum lugar deste porão.

Assim que ouvi a pesada porta sendo aberta, meu coração já batia tão forte que eu não me surpreenderia caso ele saltasse do meu peito, meu captor estava exatamente como antes, uma máscara que deixava apenas os olhos e lábios a vista, roupas totalmente negras e luvas protegendo a mão.

— Siga-me. — disse depois de me olhar de baixo a cima.

— Para onde?— me peguei perguntando enquanto me levantava.

Seus lábios se levantaram do lado direito.

— Eu lhe prometi um passeio, não foi?— Eu assinto com a cabeça. Deus, ele irá mesmo fazer isso?— Não esquece a bandeja.

Eu pisco enquanto o vejo me dando as costas. Bandeja? Ele quer que eu leve a bandeja? Certo, tudo bem, eu posso fazer isso. Tudo para uma possível fuga.

Eu pego a bandeja que estava sobre o corrimão e o sigo.

Meus olhos vão direto para as paredes do corredor do qual eu tive um pequeno vislumbre hoje. As madeiras são escuras e bem polidas. Assim que saio do corredor a primeira coisa que os meus olhos fazem são procurar possíveis saídas. As janelas da sala são protegidas por tábuas e a que vejo por cima do balcão da cozinha é protegida por grades. Logo depois de constatar isso vejo a porta, minha única saída, mesmo sendo com uma baixa probabilidade. Se eu corresse, seria capaz de alcança-lá? Meu captor é bem mais alto que eu e ninguém precisa ser um gênio para saber que ele me pegaria antes mesmo de eu dar o meu segundo passo, mas e se eu...

Desvio o olhar da porta para minha bandeja.

E se eu bate com isso na cabeça dele?

Olho para minha bandeja por alguns segundos mais antes de olhar para meu captor, dou uma passo para trás com o susto, um grito preso em minha garganta. Engulo em seco. Ele está me encarando, olhando todos os meus movimento, lendo todos os meus pensamentos expostos em meu rosto.

— Eu adoraria vê-la tentar. — Ele diz, sua voz assustadora gelando meu corpo e trazendo lágrimas aos meus olhos. Lágrimas que eu não permitirei que caem. — Vá! Eu me deliciarei em puni-la logo em seguida.

Uma única lágrima escorre. O que eu estou sentido é o mais puro medo.
Ele estende a mão, mas não para pegar a bandeja e sim expor as chaves; ele quer que eu tente, ele quer me ver tentar e falhar, mas eu não darei isso a ele. Não lhe darei esse prazer.

— O que você quer de mim? — Pergunto com a voz embargada pelo choro e medo.

— Neste momento, eu quero ouvi-la gritar e quero vê-la sangrar, mas presumo que não esteja me perguntando sobre agora, certo?

Ouvi-la gritar...vê-la sangrar. Essas palavras se repetem de forma desenfreada em minha mente e por um segundo eu cogito a ideia de pegar as chaves que estão na palma de sua mão, mas eu sei o que vai acontecer se ele me pegar... Eu vou sangrar e vou gritar.

Eu nego com a cabeça, mas não o olho, meus olhos ainda focados em sua mão estendida com minha falsa chance de liberdade pairando sobre ela.

— Foi o que presumi. Deixe a bandeja sobre o balcão — Eu o faço e me viro para ele — Você irá fazer o trabalho doméstico da casa. — ele diz se virando.

— Trabalho doméstico? — Pergunto incrédula.

— Você vai varrer. — aponta para o chão como se eu fosse uma estúpida.

— Varrer? — repito descrente.

— Lavar as louças...

— Lavar as louças?— pergunto sem saber se ouvi corretamente.

Ele continua andando, me fazendo segui -lo.

— Tirar as poeiras. — passa o dedo por um móvel com três quilos de poeira.

— Tira o pó? — Eu não conseguia não repetir o que ele estava citando.

— Deixe me vê... Limpar minhas facas e outras armas.

— Facas? Armas? — Estou horrorizada. Quem diabos ele pensa que eu sou?

Ele se vira e suspira. Sim ele acabou de suspirar, como se estivesse muito cansado, ou pior, muito puto.

— Você sofre de demência? — ele perguntou, como se pela primeira vez isso tivesse lhe passado pela cabeça. Ele parecia horrorizado com a ideia.

— Demência? — Por que ele pensaria algo assim?

— Sim, demência. — agora ele parecia está ficando aborrecido.

— Por que acha isso? — minha voz tremia com o medo, mas consigo ao menos empinar meu queixo.

— Você fica repetindo absolutamente tudo o que estou dizendo. Está começando a me irritar, e você não quer me irritar, não é mesmo?

Nego de forma desesperada com a cabeça.

— Não, eu não quero...Só...

— Só o quê?

— Estou confusa.

— Você fará o meu jantar e também irá lavar minhas roupas — ele diz ignorando o que eu digo.

Lavar roupa? Cozinhar? De onde ele acha que eu saí?

Nós subimos a escada e paramos no segundo andar.

— Aqui fica o banheiro. — Aponta para a primeira porta. — Você também irá limpá-lo. — se vira para uma porta quase em frente ao banheiro. — Aqui é um quarto e você também vai limpar. Agora...

Ele diz apontando pelo caminho de onde viemos. Eu olho para a porta no final do corredor.

— E essa? — Pergunto caminhando em direção a ela.

— Essa...— ele começa  e então agarra meu braço. Meu corpo bate com força contra a parede e um gemido de dor me escapa. Sua mão está no meu pescoço segundos depois. Ele irá me enforcar e eu vou morrer. — Essa você irá manter distância, ou sangrar e gritar vai ser um paraíso em comparação ao que eu irei fazer com você, entendeu?

Eu quero dizer que sim, porém é impossível, minha cabeça está imobilizada, meu braço está sendo apertado com sua outra mão e minha voz morreu junto com minha coragem naquele exato momento. Estou sendo sufocada e só consigo me debater. Preciso de ar!

—Você me entendeu?— sua voz é tão calma, mas a tantas ameaças ali.

Ele está gostando de ver meu desespero. Minhas lágrimas estão lhe dando algum tipo de prazer diabólico.

—S-sim...— um sim engasgado sai de minha garganta quando pontinhos pretos aparecem na minha visão.

Ele me solta e eu caio no chão, tragando de forma tão desesperada por ar que o faz soltar uma risadinha de deboche. Nunca antes senti tanto apreço pelo ar como naquele exato momento. Eu tusso e olho para cima, ele está pairando sobre mim como um demônio.

— Sua presença está sendo melhor do que eu havia previsto. Vamos nos divertir muito juntos...ou ao menos eu irei.— sua voz era quase infantil ao dizer isso e enquanto eu o olhava percebi que ele parecia ter se esquecido de que quase me matou.

Será que devo lembrá-lo que não existe resgate para um cadáver?

Depois de me arrasta atrás dele escada abaixo, eu espero por mais uma ordem.

— Há um banheiro aqui embaixo também, você pode usá-lo e também irá lavar. — Ele se vira para mim. — Quando terminar todos os seus afazeres você irá voltar para seu quarto e assim será todos os seus dias, e claro, se tentar qualquer coisa, isso inclui: fugir, me ferir e também feri a si mesma— sem minha ordem — Você irá ter desejado se matar, porque o que irei fazer com você será muito pior do que sua mente estúpida é capaz de imaginar.

E depois deste pequeno discurso motivacional eu fui ordenada a voltar para "meu quarto" e não me passou despercebido que meu "passeio" não envolve ver a luz do dia.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now