capítulo 39

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Meus olhos percorrem cada canto da parede esperando conseguir ver onde ele colocou a câmera, mas não encontro nada. Eu levanto a cabeça para olhar a lâmpada, mas a luz me cega momentaneamente. Semicerrando os olhos foco na luminária de tom marrom, mas não encontro nada.

Pense Hanna.

Jack sempre sabe o que estou fazendo no porão, exceto... Exceto no dia que descobri onde estava os gizes. Jack me perguntou onde eu os encontrei, isso só pode significar que ele não faz ideia de onde os gizes são escondidos.

Minha cabeça se vira automaticamente para  a parede onde tem a pequena janela no alto. Ali está o ponto cego da câmera, o topo da escada também é um ponto cego. A câmera deve ter sido posta nos cantos superiores da janela, mas qual deles? Eu poderia dar as costas para a janela e começar a ler, mas Jack provavelmente iria aparecer para vê o que eu estou fazendo. Eu também teria que mudar o livro de lugar, conhecendo o pouco que conheço de Jack, não seria improvável dele assistir as gravações para saber o que eu andei fazendo enquanto ele esteve fora.

Eu não poderia mexer em nada hoje. Teria que mudar o livro de lugar amanhã, pois meus pés já devem estar melhores. Os cortes não foram profundos e nem mesmo estavam doendo, mas se Jack acreditava que eu deveria ficar de repouso, não seria eu quem questionaria. 

Jack desceu no porão apenas para levar a bandeja e trazer meu almoço. No final da tarde ele trouxe cartas para jogarmos, porém eu dispensei dizendo que preferia dormir. Eu não dormi, fiquei apenas com os olhos fechados pensando nos momentos maravilhosos que eu tive com meus pais, na última briga que tive com minha mãe. Eu deveria tê-la perdoado, eu tive muitas chances para isso, mas preferi me manter presa ao meu orgulho.

À noite Jack trouxe meu jantar e perguntou se minha dor de cabeça havia passado, eu neguei, o que era obviamente uma mentira. Ele perguntou como meu pé estava e eu lhe disse que ainda estava um pouco dolorido. Eu só queria que Jack se fosse, mas isso resultou nele se sentando na cama puxando um de meus pés e o desenfaixando.

— Eu já volto. — Comunicou se levantando e saindo para o andar de cima.

— Boa Hanna, boa — zombei.

Jack voltou alguns minutos depois com antisséptico, esparadrapo, algodão e tesoura.

Ele sentou novamente na beirada da cama, puxou meu pé para seu colo e passou antisséptico com algodão, em seguida desenfaixou o outro e fez o mesmo.

— Não foram cortes tão profundos, sabe?

— Sim, eu sei, mas você não quer que bactérias entrem em contato com os cortes.

— Ok. — concordei. Ele pegou uma das faixas e começou a enfaixar o primeiro pé que limpou.

Eu olhei seus cabelos loiros que caiam sobre a testa, cobrindo um pouco da máscara, depois deixei meus olhos percorrem seus bíceps cobertos pela blusa de manga longa. Era a primeira vez que eu via Jack usar uma blusa branca, elas normalmente são de cores escuras. Eu particularmente preferia as roupas escuras, pois destacavam sua pele muito clara.

— Você não é muito de tomar sol, não é? — me peguei perguntando quando ele terminou de enfaixar ambos os pés.

— Não. — respondeu recolhendo os materiais que trouxe.

Jack olhou a pele nua das minhas coxas e levantou os olhos de encontro aos meus.

— Eu também não sou, minha pele é naturalmente bronzeada.

— Parece ouro derretido.

Eu recolhi minha perna enquanto ria da cara dele.

— Não exagera.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now