capítulo 15

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Acordei sentindo uma dor insuportável, era como se centenas de vespas estivessem me picando no útero, por um segundo só conseguia ficar deitada olhando para o teto do porão e então minha mente começou a pensar em várias justificativas para aquela dor, desde a apêndice até intoxicação alimentar, mas de algumas forma eu sabia que o motivo era o que eu estava ignorando.

Minha menstruação não havia descido no mês passado, e talvez, seja por isso que eu tenha me esquecido totalmente desse detalhe indesejado. Eu desejei que minha vida fosse um filme neste exato momento para que esse detalhe fosse riscado da lista, mas isso não iria acontecer e só me restava aceitar toda essa merda.

Me levanto tentando ignorar a dor enquanto me arrasto para o banheiro que me foi oferecido para utilizar. Depois de avaliar o estrago em que eu me encontrava e colocar um pedaço considerável de papel higiênico na calcinha até pensar em algo melhor, saio do banheiro.

Assim que chego no centro da sala, me deparo com Jack descendo as escadas, sinto meu corpo congelar no lugar e a vergonha junto com a raiva inundar meu corpo. Era tudo culpa dele!

—Algum problema?— pergunta parando a um metro de mim.

Sim!

—Não — digo com os dentes trincados.

Eu não iria pedir nada a ele, eu não podia fazer isso, eu me recusava a fazer isso.

—Já preparou o café da manhã?— pergunta indo em direção a mesa.
Tento relaxar a mão que eu nem havia percebido que estava em um punho fechado, enquanto respondo um não entre dentes.

—Não?— pergunta enquanto inclina a cabeça para o lado.
Respiro fundo para tomar coragem para dizer que minha menstruação havia descido.

—Eu...— começo no mesmo momento em que ele diz que não quer ouvir desculpas para a minha “falta de responsabilidade”.

—Eu...—tento de novo, mas ele me corta.

—Não me venha com desculpas esfarrapadas. Não ouse tentar justificar seus erros.—Rebateu, me fazendo calar a boca.

Jack estava puto, percebi no momento em que aquela frieza deslizou por ele. Mas eu não podia ficar calada, precisava dizer, não estava disposta a ficar sangrando pelos cantos, mas eu só consegui dizer Eu  até ele voltar a discursar dizendo que não havia nada que eu pudesse dizer que justificaria esse erro. Eu não sei quantos eus eu disse tentando explicar o que estava acontecendo e quantos eus ele cortou dizendo que havia punições para regras que eu quebrava. Eu finquei minhas unhas nas palmas de minhas mãos na tentativa de controlar minha raiva crescente, mas ela estourou quando mais uma vez eu tentei falar e ele me cortou.

—JACK!— gritei fazendo ele se calar abruptamente com a raiva que explodiu de mim.

Jack piscou algumas vezes e me encarou com seus olhos verdes, o canto direito de seus lábios se curvou levemente para cima enquanto ele dava uma passo pra frente, me fazendo dar dois para trás. Eu passei dos limites, e sabia disso, mas não era hora para eu ficar pensado nas consequência desse ato.

—Eu fiquei naqueles dias...— digo entre dentes, implorando para que ele tenha entendido.

Eu vi meu sequestrador parar antes que pudesse dar o segundo passo, ele me encarou como se não fizesse ideia do que eu estava dizendo.
Respirei fundo desejando pela segunda vez que minha vida fosse um filme.

— Estou menstruada — digo com a vergonha consumindo meu rosto.
Vi o momento em que os olhos de Jack  compreenderam o significado daquelas palavras, meu constrangimento aumento para um número muito grande enquanto ele me encarava dos pés a cabeça.

—Entendo — murmura enfiando as mãos no jeans escuro.

—Preciso de absorvente — resmungo muito envergonhada para olhar para cima.

Quando segundos se passam e ele não diz nada, olho para cima e me deparo com Jack me encarando, um sorriso frio e cruel estampava seu rosto.

—Você é uma prisioneira, meu animalzinho — declara ainda com aquele sorriso horrível.

—Pensei que você tivesse dito que havia me salvado! — Rebato me lembrando do que ele havia dito naquela vez em que perdi a cabeça.

—Se bem me lembro, você insistiu em dizer que eu sequestrei você... — aquele sarriso de lábios fechados e completamente frio ressurgiu. —Portanto, esse luxo não está ao seu alcance.

Não! Não era possível que ele começaria a jogar na minha cara as coisas que eu havia lhe dito. Filho da puta idiota!
Respiro fundo e olho em seus olhos enquanto odiosamente imploro. 

—Não faça isso, por favor...

—Não, não implore. Há muitas coisas que eu adoraria te ouvir implorar, mas, infelizmente, essa não é uma dessas.— Eu pisco incrédula. Jack da de ombros para mim enquanto volta a dizer. —Veja bem, vou lhe dar o dia livre hoje.

Não, ele não podia ser tão cruel a esse ponto, penso.

Eu era uma idiota por ter pensado que ele se compadeceria com minha situação. Meu captor era pior do que eu havia imaginado, ele era horrível, um monstro insensível.

—Não... — começo a dizer, porém ele me corta.

Gesticulando com a mão em direção ao porão, diz:

—Tente não sujar o chão pelo caminho.

Senti minha garganta apertar pela vergonha, meus olhos encherem de lágrimas e me rosto esquentar a uma ponto que eu não achei possível. Eu não sabia o que dizer, pela primeira vez eu não sabia como responder alguém depois de uma humilhação como essa. Eu caminho em direção ao porão incapaz de fazer qualquer outra coisa, eu não permitiria que o desgraçado visse minhas lágrimas.
Quando me deito na cama, fico em posição fetal. Eu só podia pensar em como o odiava, em como eu seria capaz de qualquer coisa para sair deste lugar. Eu precisava fugir! Esse acontecimento só reforçou o pensamento em que tive alguns dias atrás, logo após saber o tempo em que estava ali.

Eu dormir em algum momento e quando acordei já era tarde. Me sento na cama e meus olha são atraídos para a sacola pendurada na cabeceira da cama velha, eu a pego e abro. Sugo um respiração quando identifico o que é. Enfio a mão dentro da sacola e pego um, e então  estou correndo escada a cima, em direção ao banheiro. Eu tomo banho pela primeira vez com Jack ali, naquele momento eu não sou capaz de pensar em nada além de ficar limpa. Assim que termino pego a toalha e me seco. Olho para o absorvente interno por alguns segundos e respiro fundo.

Foda se,  penso enquanto pego o absorvente.

Quando saio do banheiro — vestindo as mesmas roupas de antes, exceto a  calcinha— percebo que a casa está muito quieta, ela normalmente é quieta, mas aquele silêncio era diferente do silêncio que normalmente está presente. Eu subo para o segundo andar e bato na duas portas que não sou autorizada a entrar, ninguém responde.

Jack deve ter saído, penso enquanto desço as escadas.

                           》》》》》

Eu estava sentada na bancada da cozinha almoçando, sem tirar os olhos da janela da sala, a janela que se eu conseguisse algo para bater, teria uma chance de fugir. Eu havia prometido a mim mesmo que teria certeza de quanto tempo Jack ficava fora até tentar fazer isso, mas depois de tudo o que aconteceu, não sei se estava disposta a esperar mais.

Já fazia três dias desde o dia que Jack me humilhou. Três dias que ele estava fora. Três dias livre dele.

Três. Dias. Livre. Dele.

Eu não sabia o quão desesperada estava para fugir, mas enquanto olhava aquela chance em que a maldita janela me oferecia, eu só podia me imaginar saindo por ela.
Eu não sabia se Jack ficaria uma semana longe, se ainda me faltava quatro dias, mas naquele momento, nada daquilo importava. Eu estava disposta a tentar e se pega por ele? De sofrer as consequências caso ele volte antes do tempo?

Bem, eu pensei, estava prestes a descobrir.

Sequestrada por Jack, o assassino Where stories live. Discover now