𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞 𝕰𝖎𝖌𝖍𝖙𝖍 𝖂𝖊𝖊𝖐

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☀︎︎ 𝕷𝖎𝖑𝖎𝖙𝖍 𝕳𝖊𝖑𝖆 ☀︎︎

Jurei desde que minha mãe morreu e eu vi meu pai se afundar em depressão, que jamais amaria alguém, jamais daria tudo de mim a alguém. Ver a história deles desmoronar por causa de uma parada cardíaca, me modificou mais do que eu poderia imaginar. Ele a amava, com todas as suas forças, amava ver ela dançar e cantar pela casa junto a mim, amava ver seu sorriso convencido, amava ouvir suas ironias e piadas, ele a amava até doente, amava e sofria, tendo que me ajudar a não afundar junto a ele. Quando ela morreu, sobrou nós dois e uma enorme casa, ficamos juntos, e juramos sempre estar ao lado um do outro. Damon foi meu pai e minha mãe, durante todo esse tempo, para ele eu contei absolutamente tudo, e fomos felizes, somos felizes ainda, mas ao meus 11 anos, em uma bateria de exames rotineiros, após uma sequência de desmaios e dores no peito, descobrimos que eu tinha arritmia cardíaca grave, assim como Hela Montgomery, e assim se iniciou minha luta para ficar viva.

No mesmo mês eu fiz uma cirurgia para colocar um CDI, a funcionalidade principal está na prevenção de parada cardíaca em pacientes de alto risco de arritmias ventriculares fatais, pacientes como eu. Visualmente, o CDI é um dispositivo semelhante ao já conhecido marca-passo, porém atua quando o coração está em um ritmo anormal, batendo de forma caótica e muito rápida. Ao detectar a anomalia, dispara um choque elétrico para restaurar o ritmo. E foi isso que aconteceu na primeira noite que Vinnie dormiu ao meu lado, eu tive um pesadelo, onde eu morria nos braços do meu pai.

Usei o tal CDI até os 14 anos e o médico jurou que eu poderia viver sem apartir daquele dia, mas em duas semanas eu voltei a desmaiar e sentir as dores novamente, e no hospital tive uma parada cardíaca, meu pai quase mata o médico que havia me liberado do tratamento. Voltei a usar o dispositivo e entrei na fila de transplante, já que meu coração jamais voltaria a ser saudável. Passei algumas semanas internada e foi lá que eu conheci Luna, paciente na fila de transplante também, ela era um caso mais grave que o meu, estava sendo mantida por aparelhos e remédios fortes, dividimos muita coisa e mesmo após a alta, eu voltava todos os dias em horários de visita, para nós duas conversarmos, jogarmos aquele jogo chato de uno, ela gostava de ler, e depois de saber disso, passei a ler todos os dias um capítulo de "Quem é você, Alasca?". Nos apaixonamos, nos apaixonamos tanto que só me dei conta disso no dia em que eu cheguei para ler o último capítulo do livro e recebi a notícia que ela havia morrido na cirurgia, após receber um coração que deveria lhe dar uma vida saudável. Eu chorei, chorei na mesma proporção que chorei pela morte da minha mãe, duas pessoas que me fizeram descobrir os dois tipos de amor, me deixaram sem piedade.

A morte era assim, não tinha piedade e nem volta.

E foi aí que deixei a jura e passei a prometer jamais amar novamente. Não por causa da sensação boa, da calma ou dos sorrisos, mas porque aprendi que pessoas como eu, tendem a morrer, e deixar alguém para trás sofrendo uma dor que jamais passará, é no mínimo egoísta. Cumpri a promessa bem, me envolvi com muitas pessoas, desfrutei de muita coisa divertida ao lado da minha pessoa, Angel, meu anjo, pois sabia que uma hora a minha hora chegaria. Eu poderia morrer agora mesmo, ou ir para a cirurgia a espera de um coração e acabar tendo o meu parado, levando a minha vida. Eu amo Angel, amo meu pai, mas sei que isso não tem um final feliz, e meu peito aperta mais por saber que agora existe outro alguém para magoar.

Vinnie entrou por aquela porta do dormitório, travando uma batalha boba de ódio comigo, me irritou, magoou, cuidou e se apaixonou por mim, me fazendo sentir o mesmo por ele. Eu sinto como se ele fosse aquela pessoa que te trás para luz, aquela pessoa que te dá a sensação de calma e adrenalina, aquele que desafia sua capacidade de pensar sobre o que passa pela cabeça dele, calmo, mas extremamente explosivo quando uma pessoa com quem ele se importa é afetado por algo ou alguém, paciente quando existe um acordo, mas impaciente quando sente falta de algo, inexperiente e experiente em relação a sexo. Ele me dá vontade de lutar, me dá vontade de ter uma segunda chance e esperar pelo melhor, não sei se isso entre nós durará, mas se eu conseguir sair dessa viva, ele vai ter um espaço no meu coração para sempre, pois ele é o terceiro motivo da minha mudança de comportamento.

You Will Be Mine Forever || VH Onde as histórias ganham vida. Descobre agora