𝕱𝖔𝖗𝖙𝖎𝖊𝖙𝖍 𝕿𝖍𝖎𝖗𝖉 𝖂𝖊𝖊𝖐

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𓆙𝖁𝖎𝖓𝖓𝖎𝖊 𝕳𝖆𝖈𝖐𝖊𝖗𓆙

Encostei a cabeça no volante e chorei, o choro mais doloroso da minha vida, desesperado, alto, bruto. Me endireitei e soquei a buzina fazendo todo aquele barulho reverberar no estacionamento daquele local que guarda o silêncio eterno de alguém que já foi amado. Pensei que a minha vez não chegaria, já presenciei pessoas perdendo aqueles que amam, mas eu nunca me vi nessa situação. Talvez porque eu nunca tivesse amado ninguém. Hoje eu amo e estou na mesma situação dessas pessoas.

Eu não sei se serei capaz de sair daqui, não sinto minhas pernas, a dor tomou conta de todo o meu corpo. Minha vista está embaçada demais, minha garganta seca e minha cabeça lateja de tanta dor. Sei que o tempo está passando e sei que o ritual não será cumprido sem mim, então preciso de um tempo. Preciso tentar chegar lá e me manter de pé, ela odiaria me ver assim, sei que odiaria, mas não posso me fazer de forte quando o amor da minha vida está em um caixão a caminho de seu túmulo. O corpo que já foi quente sob meu toque, agora está frio, o sorriso travesso e sedutor sumiu, os olhos expressivos e brilhantes se fecharam para sempre, o rosto que demostrava todas as emoções facilmente, está imóvel e pálido. A mulher que se casaria comigo e morreria ao meu lado se foi primeiro, se foi muito cedo e eu não consegui impedir.

Liguei o som do carro para tentar criar forças, mas o que soou no ambiente me fez cair em prantos novamente:

Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir
Como a luz continua eternamente, mesmo após a morte
Com falta de ar, você explicou o infinito
Quão raro e belo é apenas o fato de existirmos

Eu não pude deixar de pedir para você dizer tudo de novo
Tentei escrever
Mas eu nunca consegui achar uma caneta
Eu daria qualquer coisa para ouvir
Você dizer mais uma vez
Que o universo foi feito
Só para ser visto pelos meus olhos

Com falta de ar
Eu vou explicar o infinito
Quão raro e bonito é realmente existirmos

É esmagadora a sensação ao ouvir essa música, lembrar de dela, o seu cheiro ainda pode ser sentido por mim, aqui nesse carro e no nosso dormitório. Minhas mãos ainda formigam ao lembrar da sua pele tremulando, meu cérebro guarda os teus jeitos, e eu sei que você amava viver, queria viver, mas isso não bastou para o destino, ele já estava traçado.

- Vinnie! - as batidas no vidro do meu carro me fizeram abrir os olhos e olhar para Damon. - Precisamos de você lá, meu garoto - Ele estava com os olhos vermelhos e inchados e parecia não dormir a dias.

- Eu não consigo... Eu não consigo - Disse com a voz embargada e chorando alto novamente. - Eu não quero ver ela ser deixada lá, ela tem que vir comigo, ela tem que acordar, me diz que ela não está morta, me diz que é uma brincadeira. Por favor, eu não sei viver sem a minha diabinha, eu não sei - Fechei os olhos chorando novamente.

Acordei em um sobressalto enorme, encarei a escuridão do quarto e respirei fundo.

A três dias eu venho tendo sonhos diversos com Lilith.

A três dias ela sumiu.

[...]


ఌ︎𝕹𝖆𝖗𝖗𝖆𝖉𝖔𝖗𝖆ఌ︎

Vinnie estava desolado. A vida passava em câmera lenta diante dele.
Talvez não estivesse tão mal se soubesse o que estava acontecendo, mas ele não sabia. Ele não fazia ideia.
Não sabia onde ela estava, como estava ou com quem estava. Lilith havia sumido naquela manhã, e até o presente momento, ninguém sabia o paradeiro dela.
Celular desligado, o carro na faculdade, as coisas ainda no dormitório, do jeito que ela havia deixado naquela manhã. As únicas coisas que Vinnie notou não estar no quarto, era a uma das roupas de ginástica favorita dela e seus tênis de corrida. O que reforça a ideia de que ela saiu naquela manhã para correr e não voltou.

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