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Já cogitou várias vezes a possibilidade de tirar carteira e comprar um carro, afinal você tinha dinheiro o suficiente pra isso se você quisesse, mas só de pensar em enfrentar o trânsito do centro de Tokyo você se cansava, e isso era algo que você odiava. Preferia mil vezes o tradicional metrô, você ficaria horas ali observando a cidade com seus fones de ouvido e hoje não seria diferente.
Sentada no assento mais afastado de outras pessoas com Dark Red - Steve Lacy isolando todos os sons de fora de seus fones, apoiava a cabeça no vidro encarando a paisagem que a cidade lhe proporciona, Tokyo sempre foi uma cidade bonita de dia mas a noite todas aquelas luzes te deixavam extasiada todas as vezes.
O anúncio da aproximação da estação de metrô de Gakugei-daigaku chamou sua atenção, se levantou assim que o transporte coletivo parou na estação.
Sua avó morava quase fora de Shibuya, era praticamente na divisa com Meguro, então você tinha alguns minutos de caminhada ainda. Era por volta das duas da tarde, as aulas da manhã tinham passado tão rápido que parecia que você só piscou, o dia estava ensolarado, com uma leve brisa refrescante de verão, vestia somente uma blusa manga longa branca com gola alta com um colete sem mangas preto por cima junto de uma calça da mesma cor e seus tênis brancos.
[...]
Após aproximadamente quinze minutos caminhando a tão conhecida fachada de tijolinhos avermelhados entrou em seu campo de visão, e ao se aproximar mais um pouco pôde ver os cabelos brancos de Emi, sua avó.
- Emi. - A chamou atenção.
A mesma estava sentada em uma cadeira de balanço na pequena varanda que tinha ali, com um cigarro entre os dedos como sempre e como todas as suas visitas desde que saiu da casa não olhou em seu rosto. A porta estava aberta e assim que terminou de subir os degraus Kei saiu pela mesma.
- Oi Kei, como vão as coisas?
- [Nome], pensei que iria demorar mais, veio sozinha hoje?
- Sim, isso já é entediante o suficiente pra uma pessoa só. - Sorriu para o mesmo e adentrou a pequena casa.
A decoração sempre foi a mesma, apesar de suas lembranças de sua infância serem bem embaralhadas, talvez por baixo daquelas garrafas de bebida quebradas e latinhas de alumínio esse lugar sempre foi assim. Sua avó beirava os sessenta anos atualmente, mas por sempre beber e fumar sua saúde ficou debilitada mais cedo do que o normal.
Há alguns meses sua avó teve uma parada cardíaca, se Kei não tivesse chamado a ambulância a tempo ela não teria resistido, fora as crises de asma que a mesma costumava ter e mesmo tendo toda a ajuda de Kei, nunca o agradeceu, sempre mantendo sua postura arrogante.
- Você quer beber alguma coisa? Eu tava terminando de lavar as louças. - Kei lhe perguntou assim que chegou na cozinha.
