FINALISTA WATTYS 2022 e 2023
Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar?
Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...
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Voltei para o meu quarto e tentei arrumar as coisas que a tal Bianca tinha remexido. E ao ver como estava tudo fora do lugar, percebi que ela estava mesmo procurando o maldito livro.
Eu não sabia o que pensar sobre aquela história, mas percebi que a Bianca também era alguém que eu deveria tomar cuidado.
E aquela era a terceira mulher e tudo isso em um só dia!
Eu não queria saber o que aconteceria quando eu estivesse há um mês naquele corpo.
Comecei a colocar algumas coisas na gaveta, sem ter muito cuidado se ficariam organizadas ou não. Naquele momento eu estava uma pilha e só queria sair de órbita e poder voltar a ser Carina Acco.
Fechei os olhos e suspirei e aos os abrir de volta, me deparei com um cartão profissional de Cosette.
Então ela era dançarina profissional de tango em uma casa de shows…
Interessante!
Sem mais o que pensar sobre o livro ou Bianca, decidi que tudo aquilo poderia esperar. Eu só não poderia deixar que aquela francesa devassa ferisse a minha amiga Fernanda.
Peguei as chaves do carro e ao perceber que Coraline estava trancada em seu quarto, resolvi deixar apenas um recado em cima da mesa e sair de fininho. No entanto, antes de partir, deixei um ultimato para os serviçais da casa de que não deveríamos receber visitas, a menos que fosse o Diego ou a Isis.
Eles acataram e eu senti uma firmeza em seus olhares, de que a Coraline estaria segura e de que aquele capetinha em miniatura que era a Bianca, não faria nenhum mal à minha irmã na minha ausência.
Sem nem perceber eu começava a gostar e a me importar de verdade com a Coraline.
Saí com o carro e naquele instante, nem cometi tantas “navalhadas” assim. Todavia, demorei um pouco mais que uma pessoa realmente habilitada demoraria a chegar à casa de shows, que se situava em Ipanema.
Adentrei ao local e o ambiente era predominantemente brega e inebriado por um odor de cigarro, perfumes e bebidas baratas. Procurei por Cosette, mas não a vi. Contudo, logo uma mulher já estava ao meu lado e pelo jeito que me olhava, parecia me conhecer.
— Está atrás de Cosette?
A madame que parecia ter uns cinquenta anos, de cabelos castanhos e a face toda maquiada, me sorriu, mostrando que tinha um dente de ouro.
— Sim.
— Ela tirou a semana de folga ― ela disse, ainda sorrindo. ― Foi fazer uma viagem pessoal. ― A mulher remexia na saia e olhava quem entrava e saía no lugar e então eu pude deduzir que ela era a dona do local. ― Mas se quiser ficar, vai ter um show muito bom de salsa aqui hoje…
Eu ignorei a sua oferta, sentindo o meu sangue gelar.
A Isis tinha razão!
— Para onde ela foi? ― eu perguntei, já agarrando o seu braço e a deixando assustada e preocupada.