Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)

Capítulo 30 (Coraline)

∞ Uma Narrativa de Coraline ∞

Estar em um quarto sozinha com o Diego durante noites e noites era surreal e incrível. E eu quase tinha a sensação de que acabávamos de nos casar e que viveríamos uma linda lua de mel.

Tolo sonho!

Enquanto ele tomava banho ― já que eu havia ralhado para ser a primeira ―, eu ficava imaginando o vestido de noiva que eu usaria, a cerimônia, a festa, as pessoas e principalmente, nós dois juntos.

Coisa que não existia e nunca iria existir.

Mas era bom eu sonhar e aproveitar aquele tempo, que eu não sabia quando acabaria.

Naquele aposento só havia uma cama de casal, então eu deduzi que pareceríamos mais ainda, enamorados.

Eu sorri ao observar as cortinas em tom creme e de tecido esvoaçante. Os móveis eram rústicos e haviam flores enfiadas em pequeninos jarros sobre um móvel de canto. A colcha da cama era estampada de azul e verde, e havia um criado para mim e outro para o Diego, ao lado da cama.

Eu queria registrar cada detalhe daquela lua de mel fictícia entre eu e ele. Já que seria a única que teríamos mesmo.

O Diego saiu do banho e um vapor encheu o ambiente. Era gostosa a sensação e o aroma que saía do banheiro. Ele estava sem camisa e com o abdômen definido exposto, e o seu cabelo muito ruivo, parecia com o fogo puro, já que estava úmido.

Ele olhou para mim e deu aquele sorriso sagaz, que era todo do Diego.

Me desculpe vida, mas eu quase babei naquele homem completamente gostoso.

Logo me levantei e fingi não o estar admirando. Eu não precisava elevar mais o ego daquele homem. Eu não precisava lhe dar mais moral, para que ele gastasse com as outras mulheres.

Um olhar triste se esvaiu de mim, mas eu disfarcei, indo arrumar os meus apetrechos em cima de um móvel de canto.

O Diego chegou por trás de mim e pegou a minha mão. Os nossos corpos ficaram bem juntos e quase alinhados, e então eu logo pensei de forma muito maliciosa, de que o meu bumbum deveria estar encostando em algo proibido e que eu queria muito conhecer; o aroma do Diego me envolveu por completo e o seu cabelo molhado, me arrepiou todinha.

Eu não fiz exatamente nada e ele riu. Eu era muito inexperiente, mas a minha vontade de aprender tudo com o Diego naquele mesmo segundo, era enorme.

― Vamos arredar um pouco essas coisas suas para o lado ― ele disse e então empurrou os meus apetrechos. ― Tem que ter espaço para mim aqui também, pô!

Ele se afastou e eu senti toda a minha empolgação se esvair. Resolvi então que iria provocar aquele rapaz, mesmo que não surtisse o efeito esperado por mim.

― Pois eu vou deixar as minhas coisas exatamente aqui, Diego ― eu falei e então joguei o meu cabelo negro para o lado. ― Eu sou mulher e tenho mais coisas do que você, oras!

― Então tá, Coraline! ― Diego disse e logo arrancou a colcha da cama, jogando-a no chão e se deitando sobre o lençol. ― Porém, eu vou escolher o que vamos assistir na TV então.

― Não mesmo! ― eu gritei e logo pulei em cima dele, sobre a cama.

O Diego estava rindo naquele segundo e então os seus olhos cor de mel se apertaram nas pálpebras. Ele logo esticou os braços longos para tirar o controle remoto das minhas mãos.

― Pega de volta agora, gatinha! ― ele falou baixinho, me provocando. ― Pegue se puder!

Eu me contorci, subindo mais em cima dele ainda, mas o Diego era muito esperto e ágil, e eu estava perdendo feio para ele.

― Eu vou pegar, sim! ― eu disse e me contorci, mas acabei foi caindo no chão e batendo a cabeça no piso frio do quarto.

Fiquei bem quieta e logo o sorriso de Diego sumiu, dando lugar para uma ruga de preocupação.

"Ei, ruguinha linda", eu pensei, enquanto ficava imóvel, pensando no que ele iria fazer.

Logo o Diego estava ao meu lado e me ajudava a levantar. Eu queria sorrir, mas fiquei calada.

― Você se machucou, Coraline? ― ele perguntou e logo começou a analisar o meu crânio, com dedos gentis. ― Não era para você cair, sua desastrada!

― Sim, eu me machuquei ― eu disse e então fiz beicinho, fingindo estar chateada.

Eu estava intacta, mas gostava muito da preocupação que via em seus olhos, naquele momento.

― Eu deixo você escolher o canal então, Coraline ― Diego disse e naquele instante, estava muito sério.

Eu senti uma vontade louca de beijar aquele rapaz, mesmo que ele ralhasse comigo pela minha ousadia.

― Obrigada ― eu disse e totalmente sorridente, me deitei na cama toda esparramada. ― E saiba que eu te enganei, seu bobão! ― eu falei, dando uma gargalhada e então lhe mostrei a língua.

― Que trapaceira você é, garota! ― ele crispou, mas não estava bravo.

Ele estava sorrindo muito abertamente para mim.

― De qualquer forma ― eu disse e então peguei o controle ―, eu escolho o canal mesmo assim!

― Está bem ― ele disse e então bufou, se deitando ao meu lado na cama ― hoje você venceu a batalha!

Eu sorri, pois depois do que o Diego disse, permanecia o ânimo de que haveria muitas noites mais.

Até aquele sonho simplesmente acabar.