FINALISTA WATTYS 2022 e 2023
Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar?
Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...
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Depois de esperar uma hora mais ou menos e pagar uma fortuna para que eles fossem rápidos, os exames saíram e para o meu alívio, não havia nada. Suspirei fundo e me joguei na poltrona do laboratório, e então o Diego ficou rindo da minha cara.
— Está vendo? ― ele falou em tom de zombaria. ― Isso que dá não ser esperto com as vadias!
— Não estou vendo nada! ― eu falei e quase ri também.
Eu estava feliz por pelo ao menos, ter eliminado um fardo para carregar, por conta das irresponsabilidades do antigo Lucas.
Eu saí com o Diego em direção à minha casa, mas antes resolvemos parar em um quiosque na orla e tomar um chopp. Eu estava tão relaxado, que eu percebi que nunca tinha me sentindo tão bem na vida.
Era como se tudo estivesse em seu devido lugar.
E eu nunca havia me sentido assim como Carina Acco…
Havia sempre algo me fazendo hesitar. Era como se eu nunca pudesse ser eu, mas antes eu nem sabia exatamente o que estava faltando, ou fora do lugar.
Agora eu entendia!
Eu nunca havia me sentido verdadeiramente como uma menina. Elas eram sempre mais frágeis e diferentes do que eu. Mas antes eu também nunca havia me sentido como um garoto ― não só pelo corpo ―, mas também porque eles quase sempre só pensavam em sexo e em toda a sorte de sacanagens, assim como era o Diego. Então eu sempre me via em um grande limbo entre as duas coisas.
Mas agora eu me sentia livre para revolucionar tudo e ser quem eu queria ser.
E era estranha aquela sensação gostosa, que me congelava até a alma naquele segundo.
— Planeta Terra chamando Lucas Barcellos ― Diego me chamou, já gargalhando da minha cara. ― Eu sei que as gatinhas de biquíni são uma delícia, mas para isso você não precisa viajar e ficar com essa cara de bocó. ― Lágrimas escorriam de seus olhos, enquanto ele ria e zombava da minha cara. ― Olha aí, você se molhou todo com o chopp, seu mané!
Percebi então que tinha entornado o chopp todo na minha camisa, que nem um idiota faria.
Eu arranquei a blusa e então algumas pessoas me olharam, bastante interessadas.
No entanto, aquilo ainda me deixava apreensivo.
— Que merda! ― eu reclamei, ao ver que havia molhado também o meu short e que naquele instante eu parecia estar “mijado”.
— Era pura estratégia, não é? ― Diego falou, indicando que eu estava era querendo atrair as tais “gatinhas”.
— Não ― eu falei, mesmo rindo. ― Acho que não é muito atraente ficar de um jeito que aparente que se fez xixi nas calças.
— Vai que alguém tem fetiche por isso? ― ele brincou e eu o soquei, pois o Diego era muito besta.
Voltamos para casa e as meninas já estavam jogadas no sofá, avaliando as compras que elas haviam feito.