FINALISTA WATTYS 2022 e 2023
Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar?
Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...
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Eu quase entrei em pânico, enquanto esperava a Fernanda sair do banho.
Rodopiei mil vezes no meio do meu quarto, enquanto eu pensava em morrer, caso mais alguma coisa acontecesse com ela, mas eu queria morrer igualmente, se tivesse que me afastar dela.
Percebi que aquele sentimento tinha um quê muito diferente do que eu parecia sentir, quando ainda era Carina Acco. Naquele segundo, eu me sentia mais vulnerável e acabado do que nunca.
Eu queria ir cuidar da Fernanda, eu queria abraçar ela e não deixar que aquela garota saísse do meu lado nem por um instante, mas naquele momento, eu imaginei também que a Coraline era a mais indicada para estar ao seu lado. Todavia, isso só me deixava ainda mais desesperado e sufocado.
Parei de pensar, ao sentir uma ideia tocar o meu coração. Congelei por um minuto, ficando logo com uma expressão de abestalhado. O meu estômago pareceu dar um nó naquele momento.
Eu não sabia o que estava acontecendo, mas talvez eu estivesse me apaixonando...
E o pior... talvez eu estivesse me apaixonando pela Fernanda.
Eu quase gritei, ao sentir que poderia ser aquilo e que aquele fato era terrível, já que assim eu estaria traindo tudo o que eu prometi fazer pela Fernanda, antes mesmo do Pacto das Almas vir e mudar a minha vida. Naquele segundo eu notei que se existia uma pessoa mais azarada do que eu no cosmo, eu desconhecia.
"A Fernanda vai me odiar, se souber", eu pensei, quase chorando de agonia.
― Não, não e não! ― eu gritei e comecei a puxar os cabelos da minha cabeça. ― Por que isso agora, vida? Eu não posso estar, não!
Acordei do meu devaneio somente ao ouvir a risadinha de Coraline. Ela estava parada na porta e me observava, como se eu fosse um louco, mas mal imaginava ela, que eu estava mesmo para ficar doido.
Quase tive uma síncope ao ver que a Fernanda não estava ali.
E naquele segundo eu já havia me esquecido de ser cauteloso com ela; eu só queria poder tocar aquela garota e ver que a Nanda não havia simplesmente sumido do mapa.
Eu só precisava saber que o meu tesouro não havia se quebrado!
― Cadê ela? ― eu perguntei, quase engasgando. ― Cadê a Fernanda?
Eu então comecei a sacodir a Coraline pelos braços e eu então percebi que estava mesmo enlouquecendo.
― Calma, Lucas! ― pediu a Coraline, que ainda ria, mas logo tocou em meu ombro, com todo o cuidado. ― Era isso que eu vim te falar: ela está te chamando.
Eu saí correndo que nem um trem-bala e logo já estava parado na porta do quarto da Fernanda, que naquele momento, já estava de pijama e deitada em sua cama.
Eu entrei sem nem pedir licença e então parei ao seu lado, já tocando os seus cabelos.
E tocar nela era como encontrar mil pontos luminosos e elétricos.
