Capítulo 35

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Eu me assustei ao sair do banheiro e encontrar a Coraline aos prantos, nos braços da Fernanda e em cima da nossa cama de hotel

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Eu me assustei ao sair do banheiro e encontrar a Coraline aos prantos, nos braços da Fernanda e em cima da nossa cama de hotel.

A minha irmã soluçava e engasgava, enquanto tremia. Os seus olhos pareciam que iriam saltar e quicar, assim como duas bolas de gude, muito feridas de tanto rolar pela vida.

― Eu me entreguei a ele e ele simplesmente não se lembra de nada! ― ela berrou, enquanto a Fernanda alisava os cabelos de Coraline

Dava para ver nos olhos da minha amada, que a coisa era muito séria. Eu pude ouvir aquilo e algo me gelou a espinha. Na verdade, eu sabia que algo estava muito errado e imaginava bem qual era a outra parte da história.

Eu só precisava ouvir o seu nome, para quebrar a cara do sujeito.

Diego.

― Como é, Coraline? ― eu berrei, completamente irritado.

Como um cara tratava uma garota assim?

― Não grite com ela, Lucas! ― Fernanda me repreendeu. ― Essas coisas de se entregar acabam acontecendo, quando as pessoas realmente estão apaixonadas.

Pela tristeza no olhar da Coraline, eu só podia supor ser o Diego mesmo, o grande canalha. Então eu não precisava mais ouvir nada.

A minha irmã era apaixonada e nunca se entregaria para outro cara tão fácil assim.

"Diego, seu cafajeste", eu pensei.

― Coraline, ― eu falei com todo cuidado e então beijei o topo da cabeça da minha irmã ― eu vou acabar com aquele canalha agora mesmo!

Eu percebi logo que a Fernanda tentaria me impedir, mas nada me seguraria naquele momento. Eu estava com muita raiva, pois o Diego havia me dito que respeitava a Coraline e havia transado com ela, enquanto estava bêbado.

Saí às pressas do quarto e entrei no deles, sem nem mesmo bater na porta. Eu queria rebentar a cara daquele ruivo salafrário, que havia ferido a única menina pela qual nunca deveria ter machucado na vida.

A Coraline era uma rosa frágil, que precisava ser amada e preservada, e não devastada, como acontecia naquele momento.

Ao entrar no quarto, eu encontrei o Diego todo encolhido no chão, perto da cortina. Ele estava chorando e parecia atormentado, mas nem por isso, eu tivera dó do rapaz.

Ele tinha mesmo que sentir remorso.

Muito.

Ele olhou para mim e logo eu soube que escutaria tudo calado. O Diego não se remexeu e nem tentou me impedir de falar. Ele apenas me olhou com olhos muito culpados; um olhar de quem se pune e de que está completamente perdido também.

Eu nunca imaginei ver o meu melhor amigo perder o equilíbrio e a alegria, mas naquele momento, ele apenas parecia uma pintura velha e mofada, dele mesmo.

― Você acabou com a minha irmã, seu cafajeste! ― eu gritei e então me aproximei. Eu estava perto de partir para a agressão, quando o Diego voltou a chorar. Ele chorava muito, feito um bebê de colo. ― Você sabia que ela não era qualquer uma, cara!

― Eu amo a sua irmã, Lucas! ― ele berrou. ― Eu sempre amei ela, aliás. Eu a amo desde quando eu tinha dez anos e ela era a única que dividia o seu lanche comigo e me acalmava na escola, quando os meus pais me trancavam para fora de casa, ou batiam em mim até eu ficar completamente roxo.

O Diego não parava de chorar e pela primeira vez, eu me senti culpado por não saber exatamente nada sobre ele.

O rapaz estava sempre ali do meu lado se fazendo de forte, mas era tão frágil quanto qualquer um de nós. E a máscara dele agora estava no chão, exposta e cheia de rombos.

― Porém, eu resolvi me afastar dela, Lucas. Eu percebi que a melhor opção então, era implicar com ela, só para afastar a Coraline de mim. Eu notei que era mais fácil sair com todas as mulheres e tentar me esquecer dela, e que, inclusive, era mais fácil zombar do amor, enquanto ele nunca me deixava realmente em paz quando eu estava sozinho e a minha consciência podia gritar, dizendo para mim "seu grande babaca"! ― Ele chorava copiosamente. ― Você nunca notou que para mim era mais fácil me afastar de tudo isso do que sonhar em construir uma família feliz e normal? Para mim era mais fácil isso, do que me deparar com a crueldade com que esse sonho sempre me fora negado na vida, Lucas!

O meu amigo agora me encarava nos olhos e havia fúria dentro deles.

― E sabe por que você nunca notou nada disso, Lucas? ― Ele não me deixou responder. ― Porque você nunca teve interesse em enxergar as coisas que não estão dentro do seu próprio círculo. Você sempre olhou só para você mesmo, Lucas Barcellos! Então muito me espanta você estar defendendo a Coraline agora, já que eu sempre falava dos mimos que você tanto dava para a sua irmã, simplesmente para que você notasse que a única coisa que ela queria e realmente precisava enquanto colecionava futilidades, era do seu amor!

Eu senti uma facada ao perceber que eu não sabia nada do passado turbulento do Diego.

Mas como adivinhar também, se eu havia caído naquela vida de paraquedas?

Eu estava irado com ele mesmo assim, por gostar tanto da Coraline, mas simplesmente deixar que os seus medos a ferissem daquela forma.

― Você não tem moral para me dar lições! ― eu disse. ― E não chegue mais perto da Coraline também!

― Eu sei que ela nunca mais vai querer me ver mesmo ― Diego disse com tanta tristeza e amargura, que doeu até mesmo em mim.

Eu saí ao ver que ele havia me dado as costas, simplesmente para poder olhar pela janela. O Diego parecia querer ficar sozinho naquele momento.

Aquele cara que havia feito de tudo para que o meu mundo não despencasse, estava sofrendo sozinho e eu só conseguia me considerar um grande egoísta; mesmo que eu não tivesse culpa de ter mudado de corpo e de não ter as lembranças do Lucas Barcellos verdadeiro.

Mesmo assim.

Aquilo não era desculpa para eu não ter me aproximado dele depois. Afinal, eu tinha tido todo o agora para fazer isso e não havia feito nada.

E naquele segundo era tarde demais.

E naquele segundo era tarde demais

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Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin