Capítulo 36 (Diego)

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∞ Uma Narrativa de Diego ∞

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∞ Uma Narrativa de Diego ∞

Eu ainda podia me lembrar da criança que a Coraline fora; sempre feliz e cheia de vida.

Ela havia se aproximado de mim, quando eu mais desejava morrer.

O meu melhor amigo, Lucas, não havia notado que eu não era uma criança normal, mas com os seus olhos bondosos, ela estava sempre ali para mim.

― Eles não te deram comida de novo, não é? ― Coraline me perguntou. Ela tinha apenas seis anos. Eu estava faminto e os meus olhos me condenavam. ― Você pode ficar com o meu lanche, Di ― ela sussurrou e me passou o seu sanduíche. ― Eu comi muito antes de sair de casa... E ninguém precisa saber disso.

Mesmo ali, naquela época, ela se preocupava com a minha humilhação e eu, acabava de destruir completamente o seu coração, no momento presente.

Eu queria simplesmente morrer. Afinal, era o que eu já deveria ter feito há muito tempo mesmo, pois a minha vida não tinha como dar certo. Nunca.

Quando eu perambulava pelas ruas, cheio de hematomas e medos, a Coraline sempre me encontrava e me contava coisas divertidas, só para me fazer rir um pouquinho. E com ela, eu sempre podia sonhar com uma vida e uma família feliz.

Mas era arriscado demais sonhar.

E os meus próprios pais haviam me provado que não havia aquela possibilidade para mim.

― O seu pai estava certo, eu deveria ter abortado você, assim como eu fiz com todos os outros bebês! ― minha mãe gritou para mim, enquanto me provava que ela estava realmente viciada em abortar crianças.

A minha mãe estava viciada em tirar vidas inocentes e desejava que eu tivesse sido uma delas também. E eu não conseguia pensar em tal ato, que eu logo vomitava.

Quem era tão hediondo e capaz de matar vários seres indefesos, sem nem sentir o mínimo remorso?

Por muitos dias eu sonhava em me casar e ter filhos com a Coraline. Nós seríamos a típica família feliz e mais simples do mundo. Porém, eu me lembrei de que a minha existência estava marcada.

E principalmente, eu me recordei de que não podia sonhar.

Afinal, eu não teria estruturas para me aguentar, caso tudo desse errado. Então eu simplesmente resolvi repelir a Coraline, mas percebi que secretamente, ela ainda se preocupava comigo.

Aquela garota que era a mais linda do mundo, ainda me olhava assim como fazia quando dividia o seu guarda-chuva comigo, para que eu não ficasse molhado e doente.

Ela sonhava que eu me libertasse daquela rocha gelada, mas eu sempre tivera medo, pois para mim sempre fora melhor fingir que aquele tempo nunca existiu, do que encarar todos os meus traumas e medos.

E depois que os meus pais morreram, eu só tive mais forças para ignorar tudo aquilo e seguir em frente. Eu construí uma ótima carreira, mas deixei a minha vida morrer e então assim, acabei por ferir a única pessoa que me estendeu a mão e que também, eu amei em toda a minha existência.

A Coraline sempre fora fiel aos meus segredos dolorosos e eu a havia humilhado completamente.

Eu era um monstro. E dessa forma talvez eu tivesse saído mesmo aos meus pais; provavelmente eu era como eles, ou ainda muito pior.

E eu precisava muito morrer.

Saí daquele hotel, levando aquele sonho no peito e sentindo que eu mesmo o abortara, assim como a minha mãe havia feito com muitas vidas.

Eu era definitivamente um monstro.

E o pior, eu era a própria fera que havia tragado a mim mesmo e ao meu sonho de amor.

E o pior, eu era a própria fera que havia tragado a mim mesmo e ao meu sonho de amor

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Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora