1960's and 1970's
Aaliyah acaba de perder seu irmão em uma abordagem policial, ele era sua única família em Nova Orleans. Decidida a fugir da violência da vizinhança e principalmente dos policiais, ela vai para Astromélia, uma cidade litorânea do...
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Aaliyah
13 de fevereiro de 1968
Mal consegui dormir me lembrando da cena de Harry beijando Frank. Nunca conheci ninguém assim, dessa forma, não sei nem o que pensar sobre. Estou me sentindo chocada, pois sempre imaginei que Frank gostasse de meninas, mas ele estava beijando outro homem e não parecia estar odiando aquilo.
Gay. Essa palavra soa como um palavrão, parece algo proibido. Nunca cheguei a comentar muito sobre a homossexualidade com mamãe, talvez o máximo que tenha ouvido sempre assunto foi que Deus fez o homem e a mulher para se casarem e terem filhos. Isso porque mamãe sempre foi uma mulher religiosa. Quando ela morreu, Khalil e eu nos concentramos em apenas nos manter vivos. Íamos à igreja — às vezes eu mais que meu irmão —, e o pastor dizia coisas semelhantes que mamãe já me disse.
Porém, lembro de ter lido sobre a presença policial em bares e clubes de pessoas gays, eles são presos e são pessoas doentes, é o que dizem. Só que Frank não é doente, ele é engraçado, gentil e esperto. Quando vi a notícia com meu irmão ficamos calados, depois Khalil disse que as pessoas deveriam ser livres e que esse é um país que prende demais. No momento, eu não soube se ele estava falando isso devido as pessoas gays ou sobre pessoas negras e as conquistas que tivemos que foram capazes de derrubar várias ordens da segregação. Agora, penso se era sobre os dois, não entendo pessoas homossexuais, mas sei que elas vivem mais escondidas do que nós. Isso porque, elas têm essa possibilidade de se esconder, não é como eu. Minha pele não deixa ninguém em dúvida sobre minha negritude, nem mesmo meus traços. Contudo, penso se eu fosse lésbica, poderia me esconder, mas não sei como é isso com certeza e sei também que nem sempre estar escondido é algo bom. Ás vezes chega a ser uma questão de sobrevivência e não uma escolha, além disso, eu não sou lésbica, nunca passou pela minha cabeça ficar com mulheres e ouvi dizer que elas se tornam homens. Bem, também não quero me tornar homem, portanto, tudo que sei é que prefiro homens, cheguei a querer Frank, mas ele prefere o mesmo que eu.
Quando os raios de sol entram pela minha janela, sei que mais um dia começou. Não demorei mais nenhum minuto para me levantar porque não me sinto cansada. Minha mente ainda está a todo vapor pensando sobre Harry, Frank e pessoas gays, penso que se mulheres lésbicas se tornam homens para estar com outras mulheres, homens se tornam como mulheres? Ora, que pensamento idiota! Harry não está criando seios e muito menos Frank. Então o que eles são?
Por que preferem estar com outros homens?
Que coisa mais confusa!
Absolutamente ganharei mais me levantando da cama e indo tomar um banho. Hoje o dia está mais aberto do que ontem, mas escutei um som de chuva pela madrugada. No entanto, o sol brilhando lá fora me indica que não haverá chuva, pelo menos não pela manhã.
Saio do meu quarto com um vestido e um calcinha na mão, mas quando chego ao banheiro vejo a porta fechada. Suspiro, parece que acordei junto de Megan, penso em dar algumas batidas na porta e avisar a minha amiga que já acordei, ela não se importa. Isso porque a mulher pode demorar no banho quanto eu e talvez seja isso ou ela tenha apenas acabado de entrar e por isso não sei se dou batidas na porta ou não.
