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Aaliyah

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Aaliyah

13 de Fevereiro de 1968

Eu sou linguaruda. Não fui a primeira a admitir isso, mamãe quem me disse que eu era assim. Quando criança e pensava muito em alguma coisa, alguma situação chocante que havia visto ou simplesmente sabia de algo novo simplesmente não conseguia guardar para mim. Precisava contar para alguém, já tentei escrever um diário uma vez. Minha mãe disse: Querida, escreva as coisas aqui, converse com você mesma.

Eu me senti uma boba com aquele diário, escrevia e ninguém me respondia. Me frustrei, então continuei contando tudo para minha mãe. Chegou um momento em que ela desistiu de me fazer parar, mas disse que eu deveria saber guardar segredos, pois muitos deles são valiosos e podem ferir as pessoas. Mamãe também disse que eu deveria ter um porto seguro, uma pessoa para o qual eu poderia dizer tudo e ter a certeza que ela guardaria minhas palavras em uma gaveta com cadeado. Que a conversa que teríamos seria apenas nossas e que essa pessoa deveria ser especial. Tinha apenas dez anos quando ela me disse aquilo e então confessei a mamãe:

'Então você é meu porto seguro' e um sorriso surgiu nos lábios dela.

'Sempre serei seu porto seguro, meu amor.'

Infelizmente, ela não está mais aqui e estou sem porto seguro. Sem minha mãe e sem meu irmão, para quem eu também dizia várias coisas. Portanto, quando vi Harry beijando Frank fiquei perturbada, queria conversar com alguém e entender porque existem homens que gostam de homens sendo que sempre me disseram que isso é algo errado e perverso. Alguns dizem que é uma doença. Só que Frank não parece nada doente e muito menos Harry. Queria entender isso, porque Frank, principalmente, é a melhor pessoa que eu conheci desde a minha perda, como ele pode ser errado e perverso se foi ele quem me ajudou a levantar do meu luto?

É tudo confuso e não entendo. Ainda é algo bem chocante e por um momento, pensei em questionar Megan sobre, contar o que eu vi a ela. Mas senti medo dela chamar a polícia e prenderem Frank. Não quero isso, seria desastroso e vergonhoso para eles. Dessa forma, acabei falando sobre a situação que vi, com quem estava lá.

Porém, ele está me encarando assustado.

— Eu não sou gay — diz firme e bem baixo. — Você está doida e vendo coisas.

— Nada disso, foi depois da sua apresentação. Olha, não vou contar para ninguém que você é gay. Vai prejudicar Frank e não quero isso — digo simples e Harry se aproxima de mim.

— Eu já disse que não sou gay — insisti e suspiro. — Gosto de mulheres também.

— E tem como gostar das duas coisas ao mesmo tempo?

— Para mim tem.

— Ah...

Isso fica mais confuso a cada dia.

Astromélia || H.S || CompleteWhere stories live. Discover now