Capítulo 24.

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Emma 

    — Oi, mãe — Atendi o telefone, equilibrando-o no ombro esquerdo, enquanto tentava guardar o notebook na bolsa.

    — O que uma mãe precisa fazer para ser respondida de imediato pelos seus filhos? — A voz suave e bem humorada ecoou pelos meus ouvidos, fazendo com que aquela sensação de conforto se instalasse de imediato em meu coração. — Aparentemente, parir e cuidar por mais de dezoito anos não é o suficiente, acredita?

    Minha mãe é carinhosamente apelidada pelo meu pai como a rainha do drama, e não é muito difícil de entender o porquê. Soltei uma risadinha inevitável. 

    — Bem, a frase de padecer no paraíso tem lá seu motivo de ser.

    Estive evitando meus pais por motivos diversos e óbvios nos últimos tempos. Estive fugindo, sobretudo, daquela pergunta inevitável, inerente à função de pai e de mãe. 

    — Como você está?

    E lá estava ela.

    Deixei a bolsa de lado e sentei na cama para me concentrar no diálogo.

    Eu havia me tornado uma mentirosa no meio de todo aquele processo, isso era um fato. Mas responder àquela pergunta fazia com que eu me sentisse uma mentirosa ainda pior.

    — Estou bem... Estudando bastante.

    — Claro que sim, Emma banana. Quando você não está estudando bastante? Huh? Está precisando de um daqueles sermões? 

     Ouvi por toda uma vida que eu não precisava me cobrar tanto, que eu não precisava provar a qualquer custo o meu valor a quem quer que seja. Por alguma razão, sempre precisei me provar boa em tudo, como se eu já tivesse começado a vida em desvantagem e precisasse me provar a todo momento. Eu estudava demais. Eu trabalhava demais...

    — Por favor, não. — Grunhi de brincadeira, implorando para que não seguisse por aquele caminho. — Quando vocês chegam?

    — Quarta que vem. Aliás, há algum problema em ficarmos em seu apartamento? Sabe como é, seu pai fica preocupado em atrapalhar... Podemos ficar no Brooklyn, é claro, caso ache melhor.

    Eu gostaria de ter encontrado uma desculpa excelente para que não ficassem hospedados aqui. Mas eu havia falhado miseravelmente. 

    1 - Fazer com que ficassem no Brooklyn, tendo que ir e vir o tempo inteiro era simplesmente ridículo. Além disso, algum vizinho poderia contar que andei passando alguns dias por lá.

   2 - Mantê-los na casa de Nate também era inaceitável. Era um apartamento minúsculo e exageradamente masculino. Obviamente, ficariam desconfortáveis no sofá de dois lugares de Nathaniel.

    3 - Que tipo de filha não gostaria de receber seus pais em sua suposta casa feliz? 

    Engoli a saliva grossa e cheia de resignações. Mais uma vez as coisas seriam exatamente como Benjamin havia arquitetado que seriam.

    — É claro que não, mãe! — Afirmei com uma segurança que não existia. — Vocês ficarão aqui em casa.

    — Você tem certeza? A casa de Nate é apertadinha, mas...

    — Mãe, vocês ficarão aqui.

    — Por falar em Nate, e essa Cloe, huh?

   Sorri, esquecendo-me momentaneamente do problemão que seria tê-los aqui. 

Divorce [REESCRITA]Where stories live. Discover now