Capítulo 25.

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Emma

     — Jessyca, pensando melhor, não acho que isso seja uma boa ideia...

     Aquele lapso responsável, inerente à minha personalidade, caiu como um raio sobre a minha cabeça quando entramos na rua da tal boate. Ela puxava-me pela mão esquerda enquanto eu tentava bravamente caminhar em cima dos saltos, acompanhando seu ritmo cadenciado. Eu não tinha, no entanto, nem a sua prática nem o seu talento para equilibrar-se em um sapato com mais de cinco centímetro de altura, vale ressaltar. 

     — Ah, amiga... — Soltou um risinho alto e malicioso — É exatamente por isso que devemos fazer então.

     Fazia uma noite agradável e aberta. Pessoas se aglomeravam na calçada em uma espécie de fila longa e desorganizada; outras passavam por nós rindo e falando alto em uma efusividade tipicamente causada pelo álcool. A vida noturna nova iorquina parecia carregar uma energia particular, poderosa e densa, como se guardasse em si o poder de fazer com que as pessoas sentissem que poderiam ser jovens para sempre. Eu podia sentir essa energia, é claro. Era quase palpável. Mas aquele lapso racional não me abandonava nunca. 

     Todas as pessoas comentavam em Manhattan sobre Versailles como se fosse uma espécie de mito dionisíaco. Jessyca e Danny frequentavam mais do que deveriam a boate. Até Nate já havia frequentado o local algumas vezes e Benjamin esteve ali no mês passado quando vazou a bendita foto que me obrigou a voltar precocemente para casa. Mas eu nunca havia me interessado propriamente, embora conhecesse a fama e as histórias do local. 

    — Olha, não sei não... Não é perigoso?

    Ela jogou a cascata belíssima e loira por cima do ombro, lançando-me um olhar malicioso e zombador, levantando sugestivamente as sobrancelhas.

    — Estará segura se ficar longe do segundo andar e se não cheirar qualquer pó branco que por ventura alguém lhe oferecer.

    Embora falasse com um tom brincalhão, eu sabia que a afirmação era verdadeira. 

    Sua insistência e animação em curtimos uma noite juntas e a voz descontraída de Danny questionando que mal poderia causar uma noite de diversão fizeram com que eu estivesse ali, apesar de tudo.

    Respirei fundo e continuei a segui-la. Alheia aos meros mortais que esperavam na fila, deu o nome e o sobrenome à hostess na porta, fazendo com que entrássemos imediatamente.

    O lugar, por dentro, era impressionante. Quem quer que tenha projetado aquilo havia feito um trabalho incrível, porque era como estar em um verdadeiro palácio europeu opulento do século XVII. Meus olhos arregalados e a minha boca aberta fizeram Jessyca rir satisfeita. 

    Havia uma porção de sofás chiquérrimos de veludos, separando o espaço em ambientes menores; ao fundo, ficava um enorme bar e os corredores funcionavam como uma espécie de pista de dança, já bastante cheia naquele momento.

    Jessyca continuou a me puxar pela mão, conhecendo bem demais o lugar, cumprimentando algumas pessoas superficialmente pelo meio do caminho. Mesmo as pessoas que não a conheciam viravam o pescoço para vê-la passar. Atraía a atenção de todos, como se emitisse uma espécie de luz que obrigasse os que estavam por perto pararem apenas para admirá-la. Usava um vestido de strass muito curto, com alças finas e decotes enormes na parte da frente e na parte de trás que lhe vestia muito bem.

    Soltou minha mão quando o peito firme e incrivelmente musculoso de Noah se materializou em sua frente como uma parede de concreto. 

    — Oh, Noah, querido. — Abraçou-o fazendo charme — Lembra-se de Emma, certo?

Divorce [REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora