Capítulo 32.

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Emma

— Que bom revê-los, Emma. — Cloe cumprimentou-me com um beijo na bochecha, sendo extremamente educada como sempre.

Seus cabelos em um tom de mel pareciam ter ganhado mechas loiras, porque estavam consideravelmente mais claros desde a última vez que a tinha visto. Estavam milimetricamente organizados em cachos abertos e perfeitos que, de forma sutil, denunciavam o quanto havia se preparado para aquele momento. Vestia uma calça jeans de lavagem clara, um body preto e botas com bicos finos e saltos altíssimos. Linda e elegante. 

— Lembrei que esse era o vinho perfeito para um pós-plantão — Entregou uma garrafa de vinho para Benjamin em um gesto bastante atencioso. — E as flores são pra sua mãe. — Balançou um pequeno ramalhete, com os olhos arregalados de quem estava totalmente apavorada com a situação.

Certa vez, estávamos jantando e Dawson havia comentado que havia vinhos específicos para cada um dos meus humores. O tinto era perfeito para quando eu estava exausta depois de um longo plantão; o rosé era o ideal para quando eu estava feliz em uma tarde de sábado ensolarada; e assim por diante. Era bastante amável da parte dela se lembrar disso.

A forma como nos olhava e agia me fez perceber que não tinha conhecimento da situação real do meu "casamento". Isso dizia muito sobre a fidelidade que Nate tinha conosco, mas me fez questionar sobre qual era o tipo de fidelidade que estava disposto a compartilhar com ela.

Quanto às flores, ele havia a orientado bem. Mamãe iria amar. 

— Vai dar tudo certo. — Apertei seu antebraço com delicadeza em sinal de apoio. — Eles vão adorar você.

Sorriu com um agradecimento sincero.

— Aceita uma taça de vinho? — Benjamin ofereceu com hospitalidade — Pode ser necessário pra enfrentar o furacão Lilian.

— Ele está brincando, Cloe. — Emendei com rapidez, balançando a cabeça como se estivesse repreendendo uma criança extremamente imatura.

Felizmente, ela não pareceu se abalar mais do que já estava abalada e soltou uma risadinha. Nathaniel a acompanhou. Dawson me lançou um olhar bem-humorado do tipo "eu não estou brincando, ela provavelmente vai precisar de uma adega inteira"; e a guiou pela sala de jantar, emendando algum assunto sobre o fato do vinho francês ser melhor do que o italiano.

Nate se aproximou , com a cabeça tombada. Pinçou meu nariz antes de me abraçar.

— Obrigado por isso. — Sussurrou no meu ouvido.

— Detesto admitir, mas Benjamin tem razão. Talvez, ela precise mesmo de algumas doses de vinho.

— Tão ruim assim? — Questionou divertido.

Desfiz o abraço para que eu pudesse olhá-lo. Sua aparência estava impecável, como sempre: o topete dissimuladamente despretensioso estava alinhado; o rosto liso exibia o esmero que tinha com a barba. Por fora, tudo estava na mais perfeita ordem que lhe era tão característica; mas havia algo de errado. Aquela ruga do lado do olho esquerdo não me enganava.

— O quê? — Dramatizei colocando ênfase na última sílaba — Por acaso, você não conhece a sua mãe?

Ele riu pelo nariz mais uma vez.

— Vamos sobreviver, Emma banana. — Disse com tranquilidade, ajeitando a barra da minha blusa que estava levemente dobrada. — Quero mesmo é saber como você está com tudo isso.

— Eu também vou sobreviver. — Joguei o ombro esquerdo com certa displicência — Mamãe parece estar especialmente focada na sua vida pra desconfiar de qualquer coisa sobre mim.

Divorce [REESCRITA]Where stories live. Discover now