Capítulo 30.

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Emma

— Até mais, Emma. Uma das mulheres da minha turma do pilates, despediu-se com um tchauzinho com a ponta dos dedos.

— Bom fim de semana, Kim! — Respondi com simpatia, enquanto terminava de amarrar o último par do tênis, ficando sozinha no vestiário. 

Quando o fiz, tirei um cardigan bege e felpudo de dentro da bolsa, preparando-me para também ir embora. Ao terminar de vesti-lo, ouvi o barulho do celular, avisando que havia alguma notificação nova.

Benjamin.

Mesmo que eu não tivesse lido parcialmente a mensagem na tela de bloqueio, eu já poderia prever qual seria o conteúdo. Respirei fundo, querendo muito negar ou adiar o inegável, mas não o fiz e abri a mensagem de uma vez.

Jack acabou de sair para ir buscar seus pais no aeroporto. Se não tiver atrasos, devem chegar por volta das 16h. Tenho uma reunião, mas devo estar no apartamento a tempo para receber eles. 

E lá estava o arrepio gelado que percorria a minha espinha em uma ansiedade latente. Havia chegado o momento. Não tinha para onde escapar. Meus pais estavam chegando e eu precisava sustentar aquela mentira pelos próximos quatro dias.

Respirei fundo, e tentei compreender a forma como eu me sentia com a oficialização daquela situação antes de apenas começar a pirar, como normalmente eu fazia.

Percebi bem ali que, embora houvesse um nervosismo inevitável e um tanto desconfortável, ele não parecia que iria me engolir. Eu não me sentia paralisada ou medrosa o suficiente para querer correr para debaixo do edredom e chorar como uma menina perdida. Não sei se eu havia virado apenas uma grande mentirosa, ou se todos os acontecimentos haviam me calejado o suficiente para enfrentar aquele momento.

Digitei a resposta de volta, percebendo que ele ainda estava online.

Ok. Nate confirmou o jantar? 

Pensando em uma maneira de acalmar a ansiedade da minha mãe em conhecer Cloe, Benjamin propôs fazermos um jantar hoje à noite em casa. Dessa forma, meus pais poderiam conhecê-la com calma e com privacidade antes do evento de inauguração amanhã.

Sim. 20h em casa. 

Sem voltar a respondê-lo, joguei o celular na bolsa e segui até o metrô para ir para casa. O caminho era rápido e, em menos de 30 minutos, eu já estava encarando a enorme porta de carvalho da suíte principal.

Nos próximos dias, eu seria uma mulher casada, com uma vida conjugal normal e estável que dividia, portanto, o quarto com o marido. E por isso, Charlotte havia providenciado que todos os meus pertences fossem levados para lá.

Entrar naquele quarto era a última etapa a ser vencida dentro daquela casa. E, embora eu já tivesse sobrevivido a tanta coisa... Aquilo ainda me parecia um pouco assustador. No entanto, eu precisava entrar para trocar a roupa de ginástica suada e tomar um banho.

Toquei no batente de metal e nem sequer senti a frieza do objeto, porque a minha mão, com certeza, estava mais gelada do que o próprio material. Prendi a minha respiração, e em um ímpeto de coragem, empurrei a porta e adentrei no largo aposento.

Com exceção de uma esteira completamente aleatória no meio do ambiente, o quarto estava exatamente como as minhas memórias o recriavam. Era clean, elegante e extremamente confortável, todo projetado em uma paleta de cores neutras com o predomínio do branco.

Soltei um gemido nostálgico ao constatar o quanto eu sentia falta da minha cama. Ela era enorme, cheia de travesseiros grandes e macios, milimetricamente arrumada com um jogo de cama branco de muitos fios.

Divorce [REESCRITA]Where stories live. Discover now