[--] Swanky Sicko pt. III

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O quarto que Jungkook arrumou para passar a noite era grande e confortável, o que deveria ter feito Taehyung se sentir melhor, mas não surtiu tanto efeito quanto ele esperava. Após um bom banho, ele se sentou na cama mais próxima da janela, tentou observar o movimento da grande avenida através da vidraça por alguns minutos, mas seus pensamentos estavam começando a ir longe outra vez.

Algumas gotículas de água escorriam pelas pontas de cabelo molhado que estava grudado em sua testa, não que ele se importasse ou se desse ao trabalho de enxugar a si mesmo um pouco melhor. Aquele motel era um dos mais caros naquela parte do distrito, Jungkook insistiu que seria mais seguro gastar um pouco mais para mantê-lo fora de perigo por enquanto, o que era bem irônico, já que ele estava levando Taehyung para invadir um depósito de carros da polícia no dia seguinte.

No fundo, Taehyung não estava tão nervoso assim, o que seria estranho se Taehyung já não fosse acostumado com esse tipo de coisa, cresceu rodeado por situações assim.

O livro de poemas da Sylvia Plath estava aparecendo da borda de sua mochila que estava ao lado da cama, o que chamou sua atenção imediatamente. Com cuidado, Taehyung se abaixou e puxou o livro, o abrindo na página marcada pela foto de Hyungsik. Engolindo toda a dor de olhar para o rosto dele, Taehyung tentou focar no poema, pois precisava calar as vozes da sua própria cabeça por alguns instantes. Enquanto Plath descrevia em um poema os momentos sangrentos de um picador enfiando uma lança no pescoço de um touro, Taehyung lembrava em detalhes vívidos do massacre que presenciou. Então ele fechou o livro com um baque, sem conseguir continuar a leitura que já havia feito milhares de vezes.

Ao mesmo tempo, Jungkook saiu do banheiro, fechou a porta com um pouco mais de força do que deveria. Ele também estava meio molhado, a toalha ao redor de sua cintura fazia um péssimo trabalho em cobrir o corpo dele, então Taehyung desviou o olhar imediatamente.

ㅡ ‘Tá fazendo o quê? ㅡ perguntou com certo desinteresse.

Taehyung guardou o livro antes de responder.

ㅡ Nada.

Os barulhos de Jungkook mexendo nas coisas dele foram os únicos que ocuparam o quarto até Taehyung tomar coragem e começar a falar novamente.

ㅡ Essa coisa vai mesmo dar certo amanhã? E se você for preso? Como vamos voltar a tentar descobrir quem mandou fazerem aquilo na boate? E se tentarem me matar de novo?

Jungkook soltou o ar em uma só lufada pela boca e pelo nariz.

ㅡ Sabia que ‘cê precisa aprender a fazer uma pergunta de cada vez? Quando você termina de falar eu nem consigo lembrar da primeira coisa que ‘cê falou. Caralho, ㅡ murmurou ele.

ㅡ Tem certeza que quer fazer esse negócio amanhã? ㅡ repetiu Taehyung.

ㅡ É claro. Porra. A gente precisa do dinheiro, não, eu preciso do dinheiro. Não vai ser nada barato fazer tudo isso, talvez a gente tenha que ameaçar uns infelizes, dar um agradinho para uns caras no poder por aí, o normal de sempre.

ㅡ O normal… de sempre?

Taehyung demorou alguns segundos para entender que ele estava falando sobre propina.

ㅡ Mas e se alguma coisa der errado amanhã? ㅡ insistiu.

Jungkook jogou a toalha por cima do ombro enquanto vestia uma calça preta de moletom, as tatuagens dele pareciam não se distinguirem umas das outras por causa do brilho de sua pele molhada.

ㅡ Alguma coisa vai dar errado. É inevitável.

ㅡ Ahn?! ㅡ Taehyung arregalou os olhos. 

ㅡ Essas merdas raramente saem como planejado, e com aqueles caras que não são acostumados a trabalhar comigo, tsc tsc mas eu vou dar um jeito. Eu sempre dou um jeito. ㅡ A última frase saiu da boca de Jungkook como um sussurro, o que fez Taehyung querer questionar o motivo, mas logo sua atenção foi roubada pela tela do notebook de Jungkook que se acendeu sozinha.

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⏰ Last updated: Apr 03, 2022 ⏰

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CHATTER | TAEKOOKWhere stories live. Discover now