Não saber se vai vencer é doloroso.

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Acordou antes do sol raiar. Se bem que o sol nem apareceu, estava coberto por nuvens carregadas, escurecendo o céu. O clima estava de acordo com o seu estado de vida. Escuro e frio. A claridade dos relâmpagos entrava sorrateiramente dentro do cômodo, a única luz que tinha ali.

Seus músculos doíam, sentia-os dilatando. Sua pele brilhava por causa da quantidade de suor que ali emanava.

A casa estava em silêncio, só ouvia a chuva cair acompanhada pelo som da natureza chorar consigo. Não estava aguentando tanta dor, psicológica e fisicamente. Estava na academia de casa antes mesmo do seu corpo acordar, sua alma o levou diretamente para treinar mesmo que quisesse permanecer em sua cama.

Câncer...

Como seu pai pôde esconder isso dele?

Não tinha sentido algum. Seu pai mentiu descaradamente, sem nenhum ressentimento.

- Fiz isso pelo seu bem, filho. - dizia o mais velho rouco.

Filho.

- Como ainda pode me chamar de filho... Esconde de mim sua doença, me faz acreditar que estava negligenciando sua família, negligenciando a mim... - puxava o fôlego com toda força enquanto erguia o haltere de quarenta e cinco quilos em cada mão.

- Jungkook... - ouviu uma voz sonolenta atrás de si. - O que está fazendo meu amor? Volta pra cama, ainda não são nem cinco horas. Desde quando está aqui?

- Volta pra cama, Jimin. - Se ele se aproximar mais um pouco...

- Só volto se você vier junto. - Percebeu pelo som do chinelo bater contra o solo que ele deu mais uns passos e respirou fundo.

- Daqui a pouco estou indo. - Sentiu as mãos quentes do namorado em seus ombros. Conforto, meu único abrigo. - Jimin...

- Shhh... Eu tô aqui. - Larguei os halteres no chão e o puxei pela cintura o abraçando forte. - Eu tô aqui, esqueceu? Sempre vou estar aqui.

- Ah, Jimin... dói tanto. - Não aguentei e chorei fortemente em seu pescoço sentido suas mãos percorrem por minhas costas me dando segurança. - Por que isso?

- Há coisas na vida, meu amor, que não tem explicações. Só há de acontecer, e temos que lutar. Não precisamos ser fortes como muitos dizem, precisamos ser espertos. Espertos para se livrar de ciladas que a vida prega. - Ele afagou meus cabelos molhados de suor e água que joguei anteriormente.

- Eu não sei se consigo...

- Eu lutarei ao seu lado, Jungkook. Não precisa temer, ok? Passaremos por essa juntos. É o que é, eu e você. Eu, você, sua mãe, seu irmão, nossos filhos, lutando junto por seu pai. Ele também está sofrendo, amor.

- Mas era necessário fazer o que ele fez? - continuei a chorar.

- Ele sabe do que faz, mas eu tenho certeza que se era pra deixar você assim, ele não teria feito. Vem, vamos tomar um banho e ver se você se acalma um pouco. - Ele disse e me puxava pelo braço enquanto eu andava cegamente sendo guiado por ele.

Jimin me deixou sentado no vaso enquanto ele retirava minhas roupas, eu estava sem forças, meu corpo doía amargamente. Deixou um beijo em minha testa, e eu já nu, me levou para debaixo do chuveiro que já caia água sobre os fios do meu cabelo e molhava meu corpo em seguida. Sentindo o seu carinho enquanto ensaboava minha matéria, percebi que que estou sozinho e devo lutar junto a meu pai. Meu pai é médico, sim, mas isso não os livra de doenças. Pelo contrário, eles são humanos como nós outros de certas profissões, porém os médicos são os que menos se preocupam com si próprio.

Eu por um tempo achei que ele não me amava mais, apenas o meu irmão após seu nascimento, mas também não era assim. Ele era um jovem dedicado ao seu trabalho, seu único pecado foi deixar seus filhos acreditarem que estava sendo um pai negligente. Lembro-me de quando ele chegava em casa e via meu irmão correr para seus braços enquanto eu lhe dava um abraço após a festa que o Junghyun fazia. Era sempre engraçado, minha mãe gritando para que ele não corresse senão iria cair, mas ele nunca escutava.

Meu pai também arriscava jogar futebol comigo no quintal ou na frente de casa. Ele gostava de quando eu passava a bola apenas pra ele fazer o gol. Teve um dia que aqui na rua, no dia dos pais, veio algumas crianças e adolescentes com seus pais e começamos a brincar todos juntos, e é claro que eu e Junghyun puxamos nosso pai para brincar também. Ficamos apenas duas horas e eu avistei minha mãe com o celular do meu pai em mãos e eu logo soube... Ele vai sair de novo. Eu entendia que era o trabalho dele, e que ele gostava. Mas para um adolescente era difícil de entender isso. Era domingo, dia dos pais, e por um milagre estavam todos se divertindo. E isso logo acabou...

- Amor? - senti mãos tocarem meu rosto me tirando dos meus pensamentos. - Por que esta chorando?

- Não estou chorando meu bem, deve ser a água do chuveiro. - o olhei e o vi me olhar com tristeza.

- Tudo bem... você está com fome? A gente pode cozinhar algo rapidinho. - Balancei a cabeça em concordância, não teria como eu ir em negação já que ele faria isso para me distrair. - Vamos, terminamos o seu banho. - e me guiou para fora do banheiro.

Me deixou novamente sentado, agora em cima da cama e saiu a procura de alguma roupa para eu vestir. Voltou com uma calça moletom cinza escura uma camiseta azulada e uma boxer. Ele insistiu em me ajudar mesmo eu dizendo que não precisava.

Em seguida, Jimin me arrastou até a cozinha, creio que se ele pudesse me carregar e por em seu colo e passeasse pela casa, ele faria sem hesitar.

Ele me deixou sentadinho na banqueta da bancada me dando visão de tudo que ele fazia. E insistiu em me deixar fazer absolutamente nada, pois agora era o momento dele mostrar os dotes culinários que havia adquirido com muitos anos de experiência.

- O que quer comer? Acho que não temos muitas opções além de um bolinho de cenoura bem gostoso, um samdubão de frango grelhado com uma saladinha bem deliciosa ou uma coisa simples, tipo... - disse olhando a geladeira a fundo. fechou e foi olhar o armário ao lado. - um lámenzinho. Eae, meu bem? - olhou para mim sugestivo.

- Pode ser o bolinho... - respondi baixinho, enquanto segurava o assento da banqueta entre minhas pernas, as quais eu balançava, e ele assentiu sorrindo, parecia ser aquilo que ele queria fazer. Mas parou o que fez quando me ouviu fungar.

- Oh, meu bebê amuado me parte o coração. - Correu até mim, me abraçando. - O que foi, me diz.

- Não foi nada, só sou grato por ter você aqui comigo. - me afundei em seu pescoço e ele suspirou.

- Eu te amo. - beijou minha testa.

- Eu te amo mais. - ele sorriu e me deu um beijo na bochecha direita.

- Lindo. - bagunçou meus cabelos e voltou para a geladeira onde começou a retirar alguns ingredientes de lá.

Ele começou a preparar nosso café, eu o observava andar para lá e para cá com todo vigor em plena seis horas da manhã. Meu sono já estava a caminho e não exitei em me apoiar no balcão e deitar minha cabeça sobre meus braços. Ouvindo ele murmurar palavras, agora desconexas em minha mente, adormeci.

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Oi, gente kkkkk

Feliz Natal a todos

pequeno presentinho de Natal pra vocês, atualização de MSC pra vcs.

presentinho triste né
eu deveria ter me programado melhor lkkkkk

desculpas kkk

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⏰ Last updated: Dec 24, 2021 ⏰

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Meu subestimado coração • jjk + pjm Where stories live. Discover now