-Capítulo 4-

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Tudo estava indo bem a manha passou e a tarde chegou e ainda não tinha cometido um deslize meus pés parecem ter vida própria que por sua vontade eles me pregam peças como prender o sapato em um bueiro por que estava distraído demais para perceber ...

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Tudo estava indo bem a manha passou e a tarde chegou e ainda não tinha cometido um deslize meus pés parecem ter vida própria que por sua vontade eles me pregam peças como prender o sapato em um bueiro por que estava distraído demais para perceber por onde meus pés estavam me levando a vergonha faz parte de mim e está gravado em minha mente as desculpas que sem notar eu as digo no automático mas agora me encontro com a língua presa quando uma linda mulher me ajuda a agarrar as embalagens de molho de tomate e mais uma vez eu não sei como agir por que tenho certeza que seja o que for que diga isso sempre será a coisa errada

Queria agir fora do personagem

Queria ter forças para não ser um fracasso

- Aqui tome esse é o último - ela me entrega o molho e se levanta me permitindo a analisar por completo

Mulheres nunca me dão um segundo olhar qualquer homem seria uma melhor opção e não sabendo como lidar com o sexo feminino eu aceito que possivelmente vá terminar sozinho aturar um mundo violento não é fácil mas segurar tudo que sou é ainda mais difícil a mulher diante de mim aparenta fragilidade e me sentindo desconfortável eu faço um grande esforço para permanecer parado 

Não diria que seja baixa mas também não é muito alta, suas pernas atualmente se encontram confinadas em um jeans justo, seus cabelos são longos e de um rico tom de castanho, em seu tronco esta uma jaqueta de couro que a dá uma aparência de menina má e suas botas também não ajudam na causa mas são seus olhos que me prendem eles são um pouco puxados e tão fofos

- Você é asiática - digo sem evitar que minha boca fale antes que meu cérebro volte a funcionar por que essa mulher é uma distração que não só abala minha mente como também me faz pensar em coisas que não posso ter pelo menos não ainda e isso é frustrante

Meu pai me deve

Minha vida esta um inferno por sua causa

Nunca pensei que atender a um pedido seu me traria tantos problemas

- Tenho certeza que sou - seu sorriso é como um farol e luto para ter um pensamento coerente mas é difícil sua presença exala uma dominância que me chama mas totalmente perdido sem saber como agir eu dou um passo para trás e sem perceber eu escorrego  em uma embalagem de molho perdida e sem equilíbrio volto a chocar meu traseiro no chão e não sei o que é pior se é o fato de agora minha calça esta úmida com todo o tomate ou se é mais uma vez minha desatenção me fazendo passar vergonha diante de uma bela mulher

Se os inimigos de meu pai não me matarem

Eu mesmo me mato sozinho

- Você esta bem? - a linda estranha pergunta ao estender sua mão para me ajudar a levantar e prontamente a aceito

- Sim obrigado só... só meu orgulho que esta abalado - resmungo descontente com meu traseiro que agora é possível sentir o frio de todo o molho espalhado - Nada como um pequeno acidente

Estar diante dessa mulher mexe com meus sentidos e não entendo como que nesses poucos segundos em que estamos juntos consegue me fazer ficar mais nervoso que o normal

- Desculpe geralmente eu não sou tão... - tento mentir mas sou interrompido

- Atrapalhado - a palavra é dita em um tom que em nada me agrada e desconfiança me bate e pensamentos sobre quem essa mulher é começam a encher minha mente fazendo dar um passo para mais perto do carrinho de compras pois toda cautela é necessária e muitos já se aproximaram em busca de conseguir algo de mim ninguém nunca conseguiu pois tudo que trago a suas vidas é desgraça e arrependimento por um dia cruzar meu caminho

Não posso permitir que fissuras se formem

Tenho que seguir o plano

- Obrigado pela ajuda mas... mas tenho que continuar com as compras talvez algum dia nos encontremos de novo - dou as costas apressadamente e sigo pelo corredor mas ao fundo escuto sua voz  sussurrando meu nome e fico ainda mais apreensivo pois em nenhum momento eu disse como me chamava

Essa mulher é perigosa

E é com sua imagem em minha cabeça que continuo enchendo o carrinho não nos conhecemos essa é a primeira vez em que a vejo mas algo me diz que esse não será nosso último encontro pois por mais que tenha sido breve nossa interação sua forte presença deixou uma impressão que é difícil de esquecer seus olhares são intensos e sua expressão corporal diz que muito é combativa e por mais que seja louco ao admitir eu ainda sim me vejo animado com a nossa pequena interação

- Meu pai surtaria se soubesse - murmuro ao agarrar uma garrafa de suco de laranja e já com tudo que preciso eu faço o caminho para o caixa

A adolescente cheia de espinhas no rosto me recebe com tédio sem se importar com minha forma de  cumprimento ela simplesmente passa os produtos no leitor de código e continua a mascar seu chiclete sem nunca me dirigir sua atenção

- Você teria balas de caramelo? - pergunto enfim conseguindo que me olhe

- Não - ela responde com desânimo - Estamos em falta e a senhora antes de você levou as últimas que tínhamos

Certo

Vou ficar sem minhas balas

Estendo o dinheiro quando o valor de tudo é dito e com minhas compras eu percorro a curta distância até onde estacionei e alegria me preenche por dessa vez não ter sofrido mais nenhum acidente durante o caminho mas minha mente se enche de confusão quando ao abrir a porta do carro eu vejo várias balas de caramelo espalhadas pelo painel pessoas me seguem guardas me vigiam dia e noite então como alguém conseguiu entrar e colocar balas em meu carro?

Nada falta tudo esta no mesmo lugar minhas moedas espalhadas continuam exatamente onde deixei meu celular permanece no porta luvas mas a única coisa fora do lugar é as malditas balas que parecem zombar de minha ignorância por não saber quem invadiu meu espaço

AnimalWhere stories live. Discover now