-Capítulo 23-

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Desastrado 

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Desastrado 

Essa palavra de quatro sílabas nunca me pareceu tão ruim quanto agora seu significado também não é bom seja pela minha falta de jeito, destreza, ou escassez de elegância e possuir altos níveis de desajustes eu não sei mas a todo lugar que meus pés chegam eu sempre sou atingido por uma maré de má sorte sou um desastre que caminha e para onde vá sempre algo de errado acontece 

 É incrível que ainda esteja vivo

Não fiz nada de errado não chutei e nem bati no vidro mas assim que minha mão segurou a porta ela fez um som que me avisava que nada de bom viria disso mas assim que o vidro começou a despencar eu fiquei tão surpreso que não deu tempo de sair do caminho e logo pude sentir ardor em minha mão e sangue pingar ao chão como se nunca chegasse a um fim 

Tudo que queria era fugir 

Ficar no meio de uma multidão sem realmente ter a atenção de ninguém me fez sentir insignificante pessoas passavam por mim me olhavam mas nem se quer uma palavra era trocada afinal eu não sou digno de obter uma simples conversa com quem só veio para bajular o poderoso Dafoe mais velho 

- Esse é o último - Davika retira o pequeno pedaço de vidro que estava preso em minha pele e limpando com todo o cuidado ela logo começa a enfaixar onde agora minha mão esta machucada 

- Obrigado - digo sem saber mais o que dizer já que mesmo que minha mão doa imensamente eu ainda sinto algo me aquecer por dentro 

Minha guarda costas com suas ações me fez questionar os motivos de sua preocupação recusou quando meu pai veio saber como estava e ofereceu trazer um médico e não aceitou de modo algum que outro fizesse o trabalho de me ajudar com o ferimento 

Mais uma vez mordo os lábios com a dor conforme a faixa envolve onde a porta de vidro estragou minha pele a única pessoa que em todos esses anos  demonstrou qualquer afeto por mim foi meu pai e agora que Davika acaricia meu rosto eu fico sem saber o que fazer 

- Tenha mais cuidado Oz - seu carinho que veio repentinamente também vai embora com rapidez e no segundo seguinte eu sinto falta do contato 

O que estou pensando?

Davika representa tudo aquilo que fujo 

Meu quarto de infância repentinamente se torna minúsculo e não sei se a minha fraqueza se deve  pelo fato de Davika ter uma preocupação genuína comigo ou a lembrança de saber como a beijar  não me faz enxergar nada além da agente da lei que esta a minha frente mas no exato momento em que ela se levanta e começa a reunir o material utilizado para me ajudar eu mando a cautela embora seguro sua mão e é perdido nas profundezas de suas orbes tão escuras é que perco o pouco de controle que me resta 

- Tudo que recebe o meu toque se perde como algo sem valor então eu peço por favor me rejeite agora se não achar que os riscos são aceitáveis - nossos lábios estão a milímetros de se tocarem e fico cada vez mais avido por sentir a sensação de calor ao te-la ao meu redor com suas mãos postas sobre mim e sua boca me beijando do mesmo modo de antes 

- Você esta me alertando... - Davika se interrompe e colocando suas mãos em cada lado de meu ombro ela fica entre minhas pernas - ... então também vou avisar se quiser navegar nesse mar eu não permitirei que desembarque desse barco não somos muito diferentes um do outro e o que juntos compartilhamos é a possessividade 

Isso é errado

Mas nunca fui aquele que faz o certo

- Você sabe do que sou feito - tento fechar a mão machucada mas a faixa não me permite ter grande movimento mas com a dor me cumprimentando eu não sinto nada além de satisfação já que de tudo imposto a mim eu permaneço vivo - Não vou mudar eu tenho um trabalho a ser feito e não desistirei 

Não 

Abandonar tudo que conheço não é uma opção 

- Eu sei e não peço que mude nada - sem aviso sem qualquer sinal Davika bate seus lábios nos meus e não posso deixar de pensar se essa não é a mulher ao qual esperei por todos esses anos por que de tantas outras minha guarda costas é a primeira a me fazer sentir diferente e não sei ainda se isso é uma coisa boa 

Seu cheiro é uma coisa que dificilmente esquecerei pois o aroma que exala não é outro que se não uma fragrância que me envolve de um jeito que me faz desejar chegar até a fonte para ter um pouco mais de seu cheiro que junto com tudo que conheço me faz delirar com o que podemos ter juntos 

Eu quero isso 

E nada me impedirá de a ter 

Minha mão que não esta ferida segura seu rosto e é constatando que Davika não possui nenhum medo nenhuma apreensão eu me inclino em sua direção com ansiedade e coração batendo o dobro com a perspectiva de conseguir mais uma vez um gosto seu é que nossos lábios se chocam e espelhando a mesma necessidade por contato que tenho minha guarda costas retribui o beijo ao me dar passagem e com nossas línguas dançando uma dança sensual eu a puxo contra mim não satisfeito com o curto espaço que nos separa 

Deus isso ainda é melhor do que me lembrava 

Tudo some tudo desaparece e os problemas que me seguem parece não ter tanta importância pois o que mais consome os meus pensamentos é o medo de transformar uma mulher tão linda em uma flor que sem o Sol perde a vida por que Davika diz saber sobre mim mas será que intende de verdade a profundidade de minha personalidade?

- Eu quero... - me interrompo sem saber como expressar corretamente os meus desejos e recuando um pouco eu vejo em seus olhos a mesma luxúria que queima com brasas quentes dentro de mim 

- Eu sei - ela responde ao entender qual é o ponto em que quero que chegamos - Você me tem Oz o mesmo vermelho que corre em suas veias também está presente em mim e é ligados por um fio muito fino mas resistente é que eu não só entrego meu corpo a você mas também a minha vida - seu rosto transmite seriedade para não deixar dúvidas de que verdadeiramente acredita em suas palavras - Não há nada que não faria para tê-lo bem e seguro e é como sua cúmplice que o ajudarei de todas as formas 

Não entendo de onde vem a sua lealdade cega 

Mas não vou questionar já que se realmente Davika quisesse me ver preso em uma cela ela não teria grandes problemas já que a lei esta a seu favor como uma policial se minha guarda costas espalhar a palavra sobre o que sabe ela não teria problemas em conseguir um time para investigar tudo que fiz tudo que faço 

Será que sem saber eu consegui que uma gente da lei não só ignorasse as regras como também desenvolvesse sentimentos por mim?

Suas mãos levantam meu casaco de moletom como garantia de que esta de acordo em como essa situação se desenrolará e levantando meus braços para facilitar a remoção da peça de roupa eu em alerta seguro seu antebraço quando em uma tentativa Davika tenta tirar minha camisa 

- Não - isso é tudo que digo mas não me engano essa pequena palavra tem grande poder por que ela é a última camada de proteção que tenho para não admitir a verdade 

- Você precisa confiar em mim Oz - seu tom é firme mas mesmo sabendo que no mínimo minha guarda costas desconfia se tirar minha camisa essa será toda a confirmação de que precisa - Eu sei não tem necessidade de se esconder por que eu conheço tudo que o torna único inclusive o que tem em sua pele 

Nem meu pai sabe 

Mas de algum modo Davika descobriu 

O medo de me relevar me contamina como um veneno mas é levado pela sua fácil aceitação que a solto e não mais disposto a adiar o inevitável eu dou um aceno de confirmação com a cabeça permitindo assim que meu segredo fique exposto aos seus olhos por que cada marca negra significa um ato de violência que não só veio para destruir vidas mas também como uma forma de liberação das coisas que tanto me aprisionam 

Mas será que isso não me torna repugnante aos seus olhos?

AnimalWhere stories live. Discover now