Animal

-Capítulo 57-

O que é a maldade?

É o cruel, perverso, ruim?

Eu sou todas essas coisas meus crimes só podem ser justificados como a desumanidade que me consome nunca soube lidar com a maldade humana e hoje faço de meu comportamento algo maior do que o tratamento que me ofereceram buscar prejudicar um espírito marcado com  marcas de sangue é o que me faz tão calmo diante da vida não sou alguém indefeso eu não sou a vítima da história mas sim o vilão que os pais alertam seus filhos para ficarem longe 

Talvez se no passado eu não possuísse uma personalidade tortuosa 

Eu não teria vivido tempo o suficiente para testemunhar o quanto a humanidade esta corrompida por maus hábitos 

Ser capturado por autoridades que acham que podem me parar não é algo que acontecera meus gostos não podem ser mudados e minhas preferências alteradas mas é sabendo que a maldade em meu interior não pode ser explicada e nem justificada que não procuro redenção por que sem vontade de ser salvo eu sei que não mereço 

Estou longe da salvação divina

A única maneira de me parar é me destruindo de um modo ao qual não consiga retornar pois a cada tentativa a cada chance de voltar eu só ficarei de pé com mais força para assim realizar o trabalho que só eu posso fazer minhas atitudes são como prova de minha capacidade enganos e desencontros alteram vidas inocentes mas é a minha presença que pode trazer o caos 

Por anos caminhei sem ser reconhecido

Por tanto tempo fui tratado como só mais um em meio a multidão

Mas hoje é o meu nome que os assombra

Quando sai uma matéria nos jornais que noticia os crimes mais hediondos que cometo quando um repórter faz uma declaração de que minhas manias são incompreendidas e que meu modo de agir não poderia ser mais bárbaro ou que lutando para me capturar as autoridades fazem de tudo para prender um assassino de hábitos tão desumanos como a Besta eu diante de uma televisão sinto o prazer de estar bem em frente a todos mas por anos ninguém nunca se quer desconfiou que com uma linda embalagem é o meu interior que é repulsivo 

- Você esta muito quieto você não tem nada a dizer - empurrando o meu pé na lateral de sua cabeça eu não consigo me parar por que como uma forte compulsão eu não consigo resistir a ideia de mais uma vez causar dor 

Por muito tempo calei os meus desejos a favor de seguir com o plano 

Mas no fim eu não tenho como ignorar a fera que ruge dentro de mim 

- Por favor - ele pede com as suas mãos tentando o livrar do aperto que tenho em seu rosto seu choro em nada me comove por que sem possuir empatia pelo ser humano eu descobri que é possível amar alguém sem ao menos sentir compaixão  a preocupação por seu bem estar sempre esta presente mas não possuindo o sentimento de pena por seu sofrimento eu não sei se ser alvo de minha paixão é uma coisa boa - Por que esta fazendo isso? - voltando a se lamentar a muito tempo descobrir que nenhum choro me comove e é irritado com as suas emoções que com raiva eu o pressiono tanto contra o chão que não tenho dúvidas que a marca da minha bota ficara em sua bochecha 

- Eu preciso de um motivo para mata-lo César? - divertido com a sua aflição é impossível não sorrir quando ao larga-lo eu vejo o mais puro terror em seus olhos e isso chama tanto uma parte de mim que me vejo cada vez mais sucumbindo a ideia de fazer desse trabalho um belo show - Você irritou a pessoa errada Oliver Dafoe encomendou a sua morte mas como você era o último na fila de prioridades eu tive que acelerar as coisas já que Oz precisa sair da prisão como um homem livre 

Já consigo imaginar a imprensa indo a loucura com a soltura do filho de Oliver Dafoe 

- Você ficou louco? - rastejando para longe de mim César não tem para onde ir quando suas costas batem contra a parede - Você é...

Sua casa não poderia ser uma melhor cena de crime 

Já que um pouco afastada do centro da cidade ela é perfeita para cometer um assassinato 

- Sim - um sorriso doentio se estica em meus lábios quando o reconhecimento chega - Eu sou a Besta e para o seu azar você tentou enganar um homem que nunca deveria ter mentido 

- Me desculpe - com as suas mãos em frente ao seu corpo César implora - Eu só preciso de mais tempo para conseguir a mercadoria 

- Você teve um mês para devolver tudo que desviou de Oliver mas no entanto você parece levar uma vida de luxo sem ao menos se preocupar em pagar o homem que tem a sua vida em suas mãos - rindo eu não posso esconder o meu divertimento - Eu ainda não decidi se você é muito corajoso em jogar com a sua própria vida ou estúpido por não ter amor a ela 

- Você pode interceder por mim eu o conheço por toda a sua vida eu sei que você e Oliver são muito próximos por favor consiga mais tempo para mim 

Hum 

Talvez em outras circunstâncias eu realmente faria alguma coisa a respeito 

Mas o menino de Oliver precisa ser solto 

Seu corpo ferido é uma bela imagem e o sangue que suja as suas roupas é o que de mais belo existe mas é com as lágrimas descendo por suas bochechas que com esperanças de conseguir se salvar César nunca olhou tão miserável seus cabelos loiros que antes eram penteados para trás agora eles estão em todas as direções sua roupa que nunca era algo diferente de ternos de qualidade hoje o que veste é um pijama azul já que o pegando desprevenido eu o tirei de um sono tranquilo para que acordado enfrentasse o inferno 

- Me desculpe César mas não posso fazer isso - levantando o braço um tiro silencioso é o que ceifa a sua vida quando ao atingir um ponto em sua cabeça meu alvo cai já perdido para a morte - Seu tempo acabou 

A morte para mim nunca foi um problema mas é na vida que mais temo meus pecados são muitos minhas transgressões vão além do que poderia ser aceitável mas é o vendo inconsciente e caído para sempre sem nunca poder se levantar novamente eu reproduzo o que minha mente pede e o arrumando de um modo que grite as autoridades que estive aqui eu já posso imaginar a confusão de testemunhar o trabalho de quem teoricamente esta em uma prisão

Oz um menino inocente que foi preso por engano 

Agora o filho de Oliver não mais poderá ser declarado como culpado 

Afinal eu nunca estive preso