Cuidado, Garota Apaixonada

04_ Me empresta seu moletom?

Fiquei sem palavras ao olhar para seus olhos e ver que ele não estava brincando. De fato, era estranho para mim ele querer fazer companhia sem me conhecer.

ㅡ Me acompanhar? ㅡ Encaro ele ainda surpresa. Franzi minhas sobrancelhas encarando ele esperando que ele risse da minha cara falando que era uma pegadinha. Na verdade, parecia que era.

ㅡ É. ㅡ Ele assentiu. A sua expressão demonstrava o quanto para ele não parecia nada demais, mas para mim era algo demais.

ㅡ Por que?

ㅡ Achei que gostaria de uma companhia. ㅡ Ele deu de ombros.

ㅡ Mas a gente não se conhece. ㅡ Murmurei, porém, logo me arrependi. As vezes eu não pensava em falar alguma coisa, e isso resultava em muita vergonha. E também eu sou uma pessoa muito desconfiada e curiosa, as vezes perguntava demais o que eu não deveria.

ㅡ É uma ótima oportunidade para nos conhecermos agora. ㅡ Ele sorriu se aproximando. ㅡ Não acha?

Ok, o seu sorriso tinha me desconcentrado novamente.

ㅡ Tem um bom argumento. ㅡ Ri. Em seguida o olho de cima a baixo percebendo que ele estava com o moletom da Gucci. DA GUCCI! ㅡ Er... como você tem o moletom da Gucci?

ㅡ Tendo. ㅡ Ele deu de ombros.

ㅡ Fala sério, cabeça. ㅡ Cruzo meus braços encarando.

ㅡ Eu ganhei, não comprei. Eu tinha uma namorada rica, mas ela era muito tóxica e tinha bastante ciúmes de mim sem ter nada. ㅡ Wesley explicava. ㅡ Uma vez a gente tinha terminando. Mas ela queria muito voltar para mim, e eu disse que só voltaria com ela se ela me desse um moletom da Gucci.

ㅡ Sério??

ㅡ Não! ㅡ Ele negou. ㅡ Nunca eu faria isso com ninguém. Eu trabalho, se você não sabe. Juntei muito dinheiro e comprei o moletom da Gucci que eu tanto queria.

ㅡ Uau. ㅡ Ri de mim mesma por ter quase acreditado nele. ㅡ Surpreendente.

ㅡ Por que surpreendente?

ㅡ Nada. ㅡ Dou de ombros. ㅡ É só uma observação. ㅡ Sorrio debochada para o mesmo.

ㅡ Espera, você tá debochando Nadine? ㅡ Ele me encarou rindo me fazendo sorri inocente enquanto o olhava.

ㅡ Nunca. ㅡ Me aproximo do mesmo sorrindo inocente. ㅡ Se pensar nisso, vai ter uma péssima visão da minha pessoa.

ㅡ Nadine, Nadine... ㅡ Ele riu balançando a cabeça. ㅡ O que você faz da vida?

ㅡ Er... nada. ㅡ Ri. ㅡ Eu ainda estou fazendo um grande esforço para encontrar algo que eu ame. Mas... ㅡ Abaixo a minha cabeça me sentindo pessoa. ㅡ Parece que eu não tenho talento algum.

ㅡ Como assim? Todo mundo tem talento, Nadine. ㅡ Wesley falou. ㅡ Por que acha que não tem?

ㅡ É difícil de explicar, Wesley. Eu só não sinto a mesma vontade de querer seguir uma coisa que eu ame! ㅡ Gesticulei tentando achar palavras. ㅡ Se eu tiver algum talento, desconheço.

ㅡ Nadine... ㅡ Interrompi ele.

ㅡ Olha, não é a sua obrigação tentar me dá algum conselho. Mas... ㅡ Acabo sorrindo para o mesmo. ㅡ Obrigada por... por me ouvir. De verdade acho você é a primeira pessoa fora da minha família que eu falei sobre meu problema de " indecisão ". ㅡ Fiz aspas com os dedos. ㅡ Foi... legal ter essa conversa com você mesmo te conhecendo agora.

ㅡ Ainda teremos muitas oportunidades para nos conhecer direito, Nadine. ㅡ Wesley se aproximou de mim mais um pouco me fazendo olha-los nos olhos pela primeira vez naquela noite. Aqueles olhos que mesmo que parecesse ser tão estranho para mim, o seu olhar transparecia muito mais que um simples jeito que temos em comum. Era algo mais... evoluído. ㅡ Espero que não desista de encontrar seu sonho, ok? A Malia quase desistiu, e olha onde ela está agora? Formada em biologia marinha.

ㅡ Espera, você sabe quem é a Malia? ㅡ Encaro ele surpresa.

ㅡ Eu moro com a minha irmã que é viciada em romance. Acha que eu não saberia?

ㅡ Ok, tô começando a achar que eu e a sua irmã vamos nos dar muito bem. ㅡ Falei enquanto andávamos de volta para casa. ㅡ Tá, sei que pode parecer estranho lhe perguntar isso. Mas como ela é a sua irmã se ela tem traços asiáticos e você não?

ㅡ Não é a primeira pessoa que pergunta isso. ㅡ Ele riu.

ㅡ Oh... ㅡ Murmurei. ㅡ Desculpa ser indelicada.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Ele riu novamente. ㅡ Tá, a minha mãe é a ex do meu pai. Alguns meses depois do término dos meus pais, meu pai conheceu a mãe da Tina em uma viagem para a Coreia. Eles se apaixonaram, namoraram, e a Tina nasceu.

ㅡ E vocês não se desentende por nisso?

ㅡ Na verdade não. Eu amei a Tina desda primeira vez que eu a olhei, e até hoje eu continuo com o mesmo pensamento de sempre. Temos uma relação maravilhosa. ㅡ Ele explicava. O seu sorriso estampado nos seus lábios demosrava o quanto ela amava a Tina. ㅡ Tem mais alguma pergunta antes de entrarmos para casa? ㅡ Ele perguntou fazendo um sinal demostrando que já havíamos chegado.

ㅡ Hm... ㅡ Aperto meus olhos encarando ele pensando. ㅡ Me empresta seu moletom?

ㅡ O que?? ㅡ Ele riu.

ㅡ Brincadeira. Ainda não tenho intimidade com você ao ponto de pegar seu moletom " emprestado " e não devolver. ㅡ Sorrio convencida. ㅡ Ainda. ㅡ Sorrio convencida. ㅡ Até depois?

ㅡ Até amanhã. ㅡ Ele sorriu de ladinho antes de virar as costas sem da a oportunidade de eu dizer até novamente. Acabei ficando parada por alguns segundo olhando o mesmo entrar em casa antes de me virar e ver que a minha mãe estava na janela sorrindo.

ㅡ Não diga nada. ㅡ Falei encarando a mesma enquanto ia até a porta.

ㅡ Tô calada, quietinha na minha. ㅡ Ela fez um sinal de zíper fechado na boca falando num tom debochado, em seguida saiu da janela.

Coloquei a mão na maçaneta ainda pensando na conversa que eu tive com ele. Nunca tive abertura assim com ninguém, mas foi bom para mim desabafar um pouco com uma pessoa ( mesmo sendo um completo desconhecido, que só sei o nome ). E de fato, no final, tinha me sentindo bem.

Deixei um sorriso escapar.

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