39_ A desconfiança.

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ㅡ Por que eu aceitaria sua carona? Nem te conheço. ㅡ Falei após tomar coragem. Aquela situação não fazia sentindo e muito menos tinha lógica. Qual é! Eu não sabia nem da história dele e mesmo assim parecia que ela estava me perseguindo!

Tipo, a história que o meu pai e a Bruna contou faltava muito para que na minha cabeça fizesse algum sentindo. E eu acabei esquecendo completamente que faltava a minha mãe contar e deixei passar. Agora, de novo, a história está na minha frente.

ㅡ Ah, mas pode conhecer. ㅡ Charlie sorriu me fazendo olha-lo atentamente. Podem até achar que eu sou louca, mas o rosto do Charlie tinha alguns traços parecido com os meus. Eu sei, eu sei, muita loucura! Mas admito que a cor dos olhos dele era iguaizinhos aos meus, e o formato do seu rosto lembrava o meu.

Será que...? Não! Não, a minha mãe teria me contado na primeira oportunidade.

ㅡ Tá! ㅡ Entrei no carro rapidamente sentindo meu coração acelerado. Ok, agora pensando na possibilidade ficava cada vez mais confuso na minha cabeça. Dentro de mim havia uma interrogação tão grande que parecia que a cada segundo só aumentava.

ㅡ Que que bom aceitou. ㅡ Charlie falou assim que entrou no carro. ㅡ Para onde você vai?

ㅡ Shopping. ㅡ Respondi. ㅡ Mas para na próxima rua para pegar os meus amigos. Pode, né?

ㅡ Claro, tudo pela min... ㅡ Ele parou de falar e engoliu um seco. Franzi a minha testa desconfiada encarando atentamente seu rosto. Seria demais para mim se essa dúvida que estava na minha cabeça fosse verdade.

ㅡ Sua o que?

ㅡ Er... ㅡ Ele ficou alguns segundos em silêncio. ㅡ Nova amiga.

Eu estava nervosa. Se tudo aquilo que a minha cabeça formulou fosse verdade, eu acabaria desmoronando por completo e esqueceria completamente de tudo que eu construí durante todos esses 19 anos.

ㅡ Ali. ㅡ Apontei para a calçada, vendo que a Erika e o Luis estavam lá. ㅡ EI!!!! ㅡ Gritei os mesmos acenando.

ㅡ Nadine? ㅡ Erika me encarou confusa.

ㅡ Entra!

ㅡ Não sabia que tinha carro. Você reclamou que tinha que vim de ônibus. ㅡ Luís falou, em seguida olhou para o Charlie. ㅡ Bom dia. Quem é ele?

ㅡ Er... ㅡ Charlie pareceu sem graça, então eu respondi antes dele.

ㅡ Ex namorado da minha mãe. ㅡ Falei fazendo o Charlie me encarar, sorri debochada para o mesmo. ㅡ Vai! Entrem! Vamos chegar atrasados.

ㅡ Oba!!! ㅡ Erika sorriu animada entrando no carro antes do Luís. ㅡ A janela da direita é minha. Quero ver o gatinho que tem ali.

ㅡ Ai, Erika, ele vai se assustar com a sua cara feia. ㅡ Luís resmungou entrando no carro também.

ㅡ Falou o Michele Marrone da vida. ㅡ Erika resmungou. ㅡ Ah, bom dia! Qual o seu nome?

ㅡ Charlie. ㅡ Charlie respondeu começando a dirigir. Ok, eu posso ter exagerado um pouco ao debochar dele, percebi que ele estava sem graça. Ele só olhava fixamente para a pista enquanto dirigia.

Acabo, sem pensar, levando minha mão até seu braço fazendo o mesmo me olhar. Ao olha-lo, novamente, percebi que seus traços eram realmente iguais aos meus.

ㅡ Vem cá, o seu pai sabe que está andando no carro do ex da sua mãe? ㅡ Luís quebrou o silêncio após perguntar. Encarei ele no mesmo instante mandando um sinal, dizendo que era para ele mudar de assunto. ㅡ Ah, Quantos anos você tem, Charlie?

ㅡ 40. ㅡ Charlie respondeu. Encarei ele novamente me sentindo mais confusa. Ele tinha TUDO para ser meu pai, além dos traços parecidos as idades batiam. Bom, o meu, talvez, pai tinha apenas 41. Só um ano mais velho, e ainda tinha a Bruna que nasceu antes de mim.

Ok, a minha cabeça estava a mil. Eu precisava acabar com todas aquelas dúvidas.

O caminho até chegar no shopping eu passei em silêncio, martelando a minha cabeça tentando ligar todos os pontos. Mas faltava algo que estava me incomodando, tem a hipótese do Charlie ser meu pai biológico. Porém, tinha algo que estava faltando naquilo tudo e só a minha mãe que tinha que me contar.

ㅡ Obrigada, Charlie. ㅡ Acenei para o Charlie assim que chegamos na frente do shopping.

ㅡ Até mais, Nadine. ㅡ Charlie sorriu. Virei-me e entrei no shopping, vendo o quanto estava movimentado. Apertei a alça da minha bolsa andando por aquele monte de pessoas, após chegar na frente da loja vi que o Luis e a Erika já estavam lá.

ㅡ Por que chegaram atrasados??? ㅡ Peter perguntou. Respirei fundo passando por eles entrando no vestiário para colocar a minha bolsa lá e começar logo o trabalho.

ㅡ Bom dia, Nadi. ㅡ Lívia sorriu para mim saindo do vestiário.

ㅡ Bom dia. ㅡ Murmurei abrindo meu armário e colocando a bolsa lá. Logo após eu fechei e sair do vestiário vendo que já tinha entrado clientes.

ㅡ Nadine! ㅡ Peter praticamente gritou assim que me viu. ㅡ Como pode chegar atrasada??? Quase tive um surto!

ㅡ Desculpa. ㅡ Suspirei abaixando meus ombros. ㅡ Não vai acontecer de novo. ㅡ Murmurei desanimada. Toda aquela dúvida veiu a tona me fazendo pensar na possibilidade de ser verdade. O que eu faria??? Tudo o que eu havia construído durante esses 19 anos seria destruído?? Não queria pensar nisso. ㅡ Vou atender aquele cliente. ㅡ Passei por ele e fui até o homem que olhava todas as roupas na ala de homens. ㅡ Bom dia! Posso ajuda-lo? ㅡ Forcei um sorriso tentando ser o mais simpática possível.

Seria difícil trabalhar assim.

[...]

Nadine- Mãe, eu... ㅡ Suspirei encarando a tela do celular vendo que a minha mãe me olhava um pouco preocupada. Agora era a hora do almoço e eu estava na lanchonete conversando por chamada de vídeo com a minha mãe.

Mãe- O que foi, Nadine? Você tá bem?

Nadine- Se eu tiver a resposta que tô achando, não estarei bem. ㅡ Resmunguei. ㅡ Mãe, o Charlie foi em casa mais cedo.

Mãe- O que???

Nadine- Isso mesmo, mãe. Ele me deu carona para o trabalho hoje.

Mãe- E como ele foi??? Ele tratou você mal?

Nadine- Pelo contrário, mãe. Eu até pedi para que a Erika e o Luís viesse com a gente.

Mãe- Que bom. Fico aliviada.

Nadine- Mãe, eu queria conversar com você quando eu chegar em casa. Podemos?

Mãe- Claro, filha. Do que se trata?

Nadine- Tenho que tirar dúvidas, mãe. Se for o que eu desconfio, preciso saber.

Mãe- Nadine... ㅡ Interrompi ela.

Nadine- Mãe, por quanto tempo você ficou o Charlie?

Perguntei sem ao menos pensar antes. Ela pareceu surpresa por alguns segundos, em seguida deu um longo suspiro.

Mãe- Em casa a gente conversa.

E foi isso que ela disse. Simplesmente disse isso antes de desligar na minha cara me fazendo ter um grande aperto do peito.

Parecia que, aos poucos, a desconfiança tinha cada vez mais chance de ser verdade.

•••

Cuidado, Garota ApaixonadaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant