𝐏𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐌𝐞𝐦𝐨́𝐫𝐢𝐚

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é como se fosse um fleche de luz, mas no entanto, é uma imagem

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...é como se fosse um fleche de luz, mas no entanto, é uma imagem. Uma imagem aparece à frente dos meus olhos, como se projetada pelo meu inconsciente.

Olhos negros. Íris cor de carvão sobre brasa.
Era isso que eu via antes de tudo ficar frio e escuro e acordar aqui.

Olhos negros, eles contemplavam o que eu sentia e aparentava sentir a mesma coisa. Desespero.

Aquelas pupilas enxergavam e sentiam a dor que eu emanava sobre o chão, o corpo imóvel e sem forças para ao menos pedir por salvação.

Se é que eu poderia merecer.

— Eu acho que...lembrei de algo...eu...não faço a mínima ideia. Desculpe, não posso ser mais útil para você. — Digo, tão tonta, tão embriagada de desespero que podia sentir com a lembrança que estremeço sob o toque de suas mãos em meus ombros.

— Isso não é verdade. — O detetive me observa, parecendo exasperado — Você está muito pálida...ALGUÉM ME AJUDA! — Ele grita ainda segurando os meus ombros enquanto perco total consciência.

De repente, o que gritara antes me parece familiar...como se alguém já tivesse gritado isso em algum outro momento. É vago mas consigo lembrar, de alguma forma.

Uau... então essa é a famosa sensação de déjà-vu...?

O cheiro do desinfetante perfumado entra e sai de maneira agitada

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O cheiro do desinfetante perfumado entra e sai de maneira agitada. O detetive me observa ansioso enquanto Benjamin passa o estetoscópio pelo meu peito, o diafragma gelado do instrumento provocando-me arrepios.

—  Seu coração está batendo rápido demais. Quer que eu lhe dê um calmante? —  Ele ergue a cabeça, tirando o estetoscópio dos ouvidos e o pendurando no pescoço vira-se para o detetive enquanto faço apenas um gesto negativo com a cabeça em resposta — Espero que consigam mais informações.

— Esperamos por isso também. A investigação está só começando, agora que Kali acordou, não tem porquê perdemos esperança. Ainda mais agora que conseguiu se lembrar de algo.

As feições de Benjamin se iluminam.

— O que? Sério?

— Kali está indo muito bem, só precisa dizer quando não se sentir bem ou confortável com algo. — Ele me olha com tristeza — E eu sinto muito, de verdade.

— Tudo bem...acho que só me senti muito estressada e pressionada com todas as informações. Sei que não é culpa sua. — Tento formar um sorriso, apesar do meu cansaço.

— Bem, menos mal, eu acho. — Ele sorri com empatia, um sorriso completo desta vez, menos profissional e mais bonito para as suas feições angulosas — Suponho que não demorarei a dar retorno.

— Depois de amanhã serve? Kali estará "um pouco" ocupada amanhã. — Benjamin olha para mim ansioso enquanto tento entender do que fala.

— Como assim? — Pergunto e ele apenas sorri e pisca para mim.

— Isso só dependerá da Kali. — Seu sorriso volta ao rosto — Melhoras à você até lá.

— Obrigada. — Assenti e acolho a sua gentileza sorrindo enquanto dá as costas e desaparece no corredor.

— Eu gostei do nome que escolheu.

— Não faço nem ideia da onde que tirei.

— Alguma memória distante talvez?

— Pode ser… — Lembro repentinamente de algo que em alguma circunstância faria sentido na noite anterior — Benjamin?

— Pode falar. — Ele se vira para mim.

— Ontem, quando você disse que eu teria um dia “daqueles”, você estava dizendo da visita do detetive Denner, não é?

— Sim, eu estava. Desculpa por ter te enrolado, não queria te deixar ansiosa…em momento algum imaginei que você iria desmaiar.

Suspiro profundamente antes de responder.

— Não tinha como adivinhar, tudo bem…você sabia sobre o beco em que fui encontrada?
Seu olhar entristece e ele se senta à beira da cama em que estou deitada.

— O detetive Denner me contou, mas ele disse que não seria bom eu contar para você ainda mais naquele momento em que você havia recém acordado. Compreende?

— Sim… — Respondo sentida por ele ter me ocultado respostas que é de direito meu saber.

— Eu espero que você me compreenda porque eu realmente pensei muito em como você se sentiria. Presumo também que o que você escutou hoje também não foi do seu agrado.

— Não, não foi… — Minha voz carrega tristeza ao ver o filme de momentos atrás passar pela minha cabeça.

— Imagino…por isso não quis te contar. — Ele passa o dedo levemente abaixo de meus olhos, secando uma lágrima que sequer percebi que escorria — Eu disse que cuidaria de você, então como seu enfermeiro não teria direito algum de lhe contar algo que deixaria minha paciente mal. 

— Entendo… e do que você estava falando, de eu estar ocupada amanhã? – Viro-me para ele com as sobrancelhas franzidas.

De forma enigmática, ele sorri e pisca para mim.

— Verá até amanhã...acho que vai gostar da surpresa desta vez, não sei...veremos até lá.

— Ah, Benjamin… 

Ele disse a mesma coisa em relação à visita do detetive Denner. E não posso dizer se gostei dele, cada palavra e ação daquele homem foi mero trabalho, apesar de no fim, não ser culpa dele por eu ter caído em seus braços quando estava em suas mãos. Não era culpa dele, mas vi ele se sentir culpado. Vi ele temer por mim. Ele tem um perfil taciturno mas talvez ele tenha algo a mais a mostrar. A conversa que tivemos parou ainda na metade, talvez ele até ainda tenha mais a esclarecer sobre meu caso.

Mas sobre o que agora estão tramando para amanhã...

Por que sinto que deveria temer?

Por que sinto que deveria temer?

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Caçadores de MemóriasWhere stories live. Discover now