𝐃𝐮𝐫𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞𝐬

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Duas semanas atrás

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Duas semanas atrás

"Se eu tivesse que descrever meu trabalho, eu diria que sou um 'entregador' sofisticado, de um nível diferente, digamos, um nível que de nada se orgulha. – Quase rio com o que digo a seguir – Mas não entrego produtos de uso diário, é claro, vamos apenas dizer que não sai barato, porque na maioria das vezes, o trabalho é muito perigoso. Porque, óbvio, não é qualquer coisa que entrego."

Um homem com uma máscara de expressão ofensiva entra no quarto iluminado apenas por um luxuoso lustre de lâmpadas amareladas, ele ajeita o terno e me encara, sentado na poltrona perto da porta da sacada com um copo de whisky na mão.

"Eu nunca vejo a cara dos meus clientes e eles nunca veem o meu, é mais por razões de segurança, afinal, se no fim um de nós nos metermos em encrenca não há provas específicas o bastante para um caçar o outro. De qualquer forma, meu novo cliente enviou um capanga para me encontrar no seu quarto de hotel para discutirmos uma entrega especial."

— Temos uma troca planejada neste endereço. Queremos que entregue o dinheiro e que traga a nossa mercadoria imediatamente. — Dito isso, o homem colocou a mão no bolso interno do paletó e tirou um envelope com um grande volume nele. A máscara que eu usava escondeu meu olhar de fascínio. Ele colocou o envelope nas minhas mãos e fiquei ainda mais impressionado quando abri e vi o tanto de dinheiro que havia ali.

"Essas foram as minhas instruções e assim as segui, ou no final das contas, pensei que segui.

Tenho algumas regras no meu trabalho: recebo adiantado, não faço perguntas e não me envolvo nos negócios alheios de outras pessoas. Mas não é todos os dias que o trabalho sai como planejado. E esta foi a primeira vez que quebrei minhas próprias regras."

Quando cheguei, um cara sem máscara me guiou pelo beco. Primeira coisa errada. Ele fora avisado sobre isso e ignorou a regra, e assim descobri quem estava supervisionando a negociação, um dos criminosos foragidos que sempre aparecia no jornal, e havia mais dois que faziam o mesmo que ele e diziam estar ali apenas para checar as trocas.

Fiquei enjoado quando os vi. Sou um criminoso? Bem, talvez. Depende de como você interprete, mas isso não vem ao caso, a questão é que tudo o que menos podia esperar seria um dia fazer negócios com o tipo de criminosos como eles, o tipo de 'gente' — se é posso considerá-los assim — com quem não me misturo e que chegaria a ser um pesadelo caso isso ocorresse.

E, de fato, foi.

Me julguem como fresco ou talvez apenas como correto; sou o tipo de cara que tem nojo de tudo e que odeia sujar as mãos quando se trata de raros casos como este e que por sinal, odeia se meter com esse tipo de gente. Já estava incomodado apenas pelas regras postas terem sido quebradas, agora já estava incomodado com os sujeitos à minha volta e com o tempo que já faria que estava ao lado deles.

As três morsas feias me guiaram enquanto falávamos sobre a negociação, e céus, eu repugnava até o jeito de falar e de respirar deles.

E foi aí que as coisas desandaram de vez. Exatamente no momento que aquela morsa horrenda decidiu puxar a tal mercadoria como se fosse um troféu a que se orgulhar. Eu não sabia se usava minha arma contra aqueles animais, se eu chamava a polícia — contraditório, não? — ou se continuava paralisado e horrorizado com o que estava presenciando em minha frente.

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