𝐎𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐍𝐞𝐠𝐫𝐨𝐬

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Observo alguns pássaros passarem pela janela

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Observo alguns pássaros passarem pela janela. Voam de maneira elegante exibindo suas penas no bater de suas asas, tão libertos, tão encantadores. Em um frame de segundos invejei aquela posição.

Suspiro encarando o teto pensando agora como as coisas poderiam ser melhores se eu fosse aqueles pássaros que passaram. Voando tão calmamente e sem se preocupar com nada. Esses pensamentos são tão idiotas quanto agonizantes. Quem gostaria de ter pouca expectativa de vida e uma irracionalidade que não lhe permite perceber que está prestes a bater em uma janela?

Sou pega por um susto quando o crânio de um pássaro se choca contra o vidro da janela a qual namorava aquelas pequenas e belas aves, seu corpo cai em seguida, e eu senti uma monstruosa revolta em meu estômago que se colidia em ondas de pena pelo pássaro. Era assim que as pessoas desse hospital me olhavam. Quem gostaria de ser assim?

Pego um dos livros do acervo de mistério que Benjamin me emprestara acima da mesa de cabeceira para evitar de pensar em qualquer coisa que consiga me perturbar.

Uma coisa que aprendi com o psicoterapeuta Marshell é que a cabeça humana é um tanto quanto curiosa, tão poderosa podendo caber uma infinidade de informações e tão inteligente para criar as próprias informações. O cérebro tem tanto a capacidade de nos salvar lembrando de coisas que são essenciais para a sobrevivência humana quanto também para ter a capacidade de se automutilar com as informações que ele mesmo cria.

O ser humano é realmente curioso. No momento, meu cérebro queria que eu fosse um pássaro. Livre e belo. E irracional.

Marshell também se sobrepôs ao deixar claro que o cérebro também tem eficiência em criar memórias falsas. Ilusões são a peça chave para nós mesmos nos manipularmos, logo em seguida, o neurologista concordou. E eu só consegui concordar em silêncio enquanto caía em eterna paranóia.

Passo as páginas do livro lendo cada pequena ação, descrição e diálogos, entediada e apenas tentando descobrir quem poderia ser o culpado da morte da velha rica que em uma fatídica noite morrera repentinamente. Mas a tática de sumir um pouco da realidade estava indo por água abaixo. Eu ainda conseguia ouvir fremer do crânio contra o vidro.

Minha cabeça volta ao agora quando alguém bate à porta.

— Sim?— Respondo me ajeitando na cama e fechando o livro, marcando a página com cuidado.

Benjamin entra no quarto, mas ele não parece prestar atenção em mim. Ele está falando com alguém que está do lado de fora do quarto, eu não consigo vê-lo. Logo, esse alguém adentra o quarto seguindo Benjamin.

Cabelos negros assim como os penetrantes olhos fixos em mim. Tão negros, tão profundos que poderia jurar sentir me afundar neles, como se estivesse me afogando em piche. Exatamente como havia me lembrado. Não parece ser tão velho se comparado com as feições juvenis de Benjamin, ele está bem vestido com a roupa social sob o sobretudo preto e os coturno de couro. Ele segura um lindo e colorido buquê de flores em suas mãos; rosas vermelhas, brancas e cor-de-rosa formando um degradê de pétalas. Tão belas quanto o sorriso fino que tem estampado nos lábios.

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