Capítulo 17

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— Oi, querido! — mamãe gritou quando abriu a janela do carro e acenou para Dylan. Ela o ama tanto, que eu não poderia falar das crueldades dele. Aliás, ela e a senhora Alice são muito amigas, certamente achariam que o problema está em mim, na garota inconformada por não ser correspondida pelo queridinho. Engulo seco e tento esconder o rosto o máximo possível, até mesmo me sentei no banco de trás para não ter que encará-la e responder suas perguntas. — O que vocês estavam fazendo? Não costumam sair juntos. — fala ao instante que devolve a atenção para o volante.

— Não estávamos juntos — a respondo, desmanchando a trança no cabelo, para assim jogá-lo a frente do rosto.

— Já escolheu o presente dele? Eu estava pensando numa camisa, mas nós demos isso ano passado, o que acha de uma bola nova?

Dylan para cá, Dylan para lá, mas que caralho! Como vou esquecer esse garoto? Esta em todo canto.

— Oh! meu amor... o que houve? Estava aqui falando de Dylan sem perceber os seus soluços. — comenta quando ouviu um soluço sair de entre os meus labios. Para o carro num semáforo e me olha pelo espelho retrovisor. E busco uma desculpa cabível.

— Era a despedida de uma professora muito boa, eu me apeguei muito a ela, mas infelizmente foi transferida. — limpo as lágrimas à medida que puxo um sorriso.

— Tenho certeza que você gostará da nova — diz firme e inicia uma série de perguntas sobre a professora que nem ao menos existe.

Sei que se mamãe ficar sabendo da nossa briga, me fará pedir desculpa, assim como das outras vezes. Sempre é assim, ele faz as burradas e depois sou eu quem tenho que me redimir. Antes não tinha nada, aliás eu queria sempre estar perto dele, mas agora as coisas mudaram.

[...]

Louise não para de admirar a foto da capa de seu caderno, a foto de Harry Styles seminu. Ela é realmente uma tarada. Puxo a minha cadeira para me sentar, enquanto os outros alunos fofocavam ou mexem nos seus celulares.

— Cuidado, se não vai encharcar a mesa de saliva — zombo e recebo um par de olhos bravos em troca.

— Vai se fuder, Emma — ela recruta, abrindo um livro.

— Ficou tão chateada assim? — Louise não é de levar tudo para o coração, ela sabe brincar, então isso soa suspeito.

— Você me deixou sozinha ontem na sua casa, nem mesmo avisou que sairia com o Dylan. Aliás, para onde vocês dois foram? — Nossa eu esqueci mesmo de enviar uma mensagem a ela. Nem mesmo lhe pedi desculpas pelo ato quando cheguei em casa, mas eu estava com a cabeça tão quente que a incapacidade de falar com alguém dominou a mente.

— Eu estava devendo um a ele — respondo sem mesmo me importar com o seu questionamento seguinte.

— Então o trato era você sair com ele? Caraca, Dylan tem uma queda por você? Essa é nova! — Encaro os olhos arregalados e nego a cabeça imediatamente.

Seria bem irônico Dylan ter uma queda por mim.

— Não! — digo baixinho, porém firme na fala. — Ele me torturou comendo comida japonesa na minha frente — essa é a única desculpa que Louise de fato acreditaria.

— Isso é bem o tipo de Dylan — a garota gargalha, mas encerra quando o rapaz entra na sala.

Me concerto na cadeira e organizo os livros em cima tentando não dar a mínima a esse garoto.
Não desejo contato visual, cometi um erro ontem, agora ele sabe mais sobre os meus sentimentos. A euforia nos faz experimentar a loucura.

— Iai, Dylan, como foi torturar Emma comendo comida japonesa na frente dela? — inicia Louise ansiosa.

Boca aberta! Que droga!

Não Somos Irmãos Onde as histórias ganham vida. Descobre agora