Capítulo 31

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- Bons amigos? - questiono num tom pensativo. Não quero esse choque de realidade, não esta nos meus planos. Eu não tive todo esse trabalho apenas para ser seu amigo. Gritava de frustração por dentro por dentro enquanto paralisei para o mundo.

- Sim - a resposta fraca atinge aos meus ouvidos como uma flecha no peito.

Sei que Emma se esforça bastante para ocultar os seus verdadeiros sentimentos. E é nisso que desejo acreditar, na possibilidade de nada ter mudado tão de repente.

- É isso que você quer? - a boca oscila durante a fala, por pura decepção.

- Sempre disse que seremos apenas isso, então, eu apenas passei a concordar com você. - Emma pausa para observar a decoração do lugar mais um pouco, e se senta em uma cadeira ao lado da mesa. - Lembra de quando você jurou para mim que passaríamos todos os nossos aniversários juntos? Foi quando completei nove anos. Luiz tinha puxado a minha trança, e você foi até mim com as mãos cheias de doce, limpou as minhas lágrimas, prometendo que não se afastaria de mim em todos os meus aniversários, para que eu não chorasse outras vezes em um dia tão especial.

- Você tinha chorado muito naquele dia... estava vermelha quando lhe encontrei - recordo, mergulhando bem fundo do oceano de seus olhos.

- Sim - sou agraciado com o seu sorriso quando me aproximo e me acomodo a sua frente, segurando a vontade que tenho de beija-la agora mesmo. - Sabe, talvez você realmente seja como um irmão mais velho...

- Irmão mais velho beija irmã mais nova? - franzo o cenho a medida que encaro a ruiva.

- Erros acontecem... - eleva os ombros e os deixam cair lentamente com a expiração.

- Erro? - interrogo com uma pontada de insatisfação misturada a tristeza.

- Apenas não quero me machucar mais.

- Eu finalmente estou tentando, não vê?

- Eu já sei o final dessa história. Vai acabar como todo aniversário seu, com promessas que nunca serão cumpridas. A nossa noite pode ser maravilhosa hoje, mas eu sei que amanhã ficará apenas na minha memória - a garota pisca o olho, puxando uma bebida para a sua boca.

- Dessa vez vai ser diferente - dissemos ao mesmo tempo.

- É sempre a mesma história. Brincar com os meus sentimentos sempre foi o seu melhor presente - ela morde os lábios, acho que faz isso por que sabe que me provoca. - Admito que dessa vez você mandou bem... Então, enquanto ainda está amável, queria aproveitar para fechar um acordo de paz. Amigos?

- Tudo que eu estou falando hoje é realmente verdadeiro, está perdendo a chance de termos algo a sério.

- E ganhando a chance de pararmos com nossas infantilidades - ela estende a mão. - Bons amigos?

- Bons amigos.

Amigos até Emma voltar correndo querendo reconsiderar. Ela nunca me recusou com tanta tranquilidade, isso não está certo. Esse foi só o primeiro passo...

Emma

Acordei com uma dor de cabeça extrema, acho que bebi muito. Levanto da cama recordando de tudo que havia acontecido ontem. Dylan se encontrava muito gostoso com o traje que vestia e eu quase não me contive em não beija-lo ou em ser fria nas falas que o meu coração contestava. Porém, naquela noite deixei que o cérebro toma-se conta.

Aquele lugar estava maravilhoso, poderia passar a noite toda ali agarrada com ele, desfrutando de seus lábios e vagando pelo seu corpo.

No entanto, o pensamento negativo naquele momento chamou bem mais alto. Ele poderia querer me fragilizar para eu conhecer o quarto que alugou lá em cima.

Embora a imaginação de que ele tenha levado outra para lá seja atormentadora, me sinto orgulhosa de não ter caído em suas garras. Mesmo que o deleite crescesse a cada minuto que admirava a sua face tão sexy.

Sou puxada para a vida real quando o celular vibra na mesinha de cabeceira e noto uma ligação de Louise. Atendo meio frustada com ela, pois foi embora ontem sem ao menos me avisar.

Eu: Não deveria nem lhe atender. - lhe dou bronca logo no início.

Louise: Emma... Eu preciso da sua ajuda - ela sussurra como se estivesse se escondendo de alguém.

Eu: Ah! Agora você precisa de mim?

Louise: Eu fiz uma merda que vou me arrepender pelo resto da minha vida.

Eu: O que você fez, Lou? - começo a me preocupar.

Louise: Eu acho que...

Eu: Você acha que... - faço com que ela continue.

Louise: Dormi com o Luiz - sua fala é ligeira e eu não consigo não soltar uma gargalhada.

Eu: Você o quê?

Louise: Deixe para me zoar outra hora, agora preciso que você venha me pegar na casa dele, antes que ele acorde.

Eu: Está bem... Mas é sério isso? Não tinha outro cara na festa?

Louise: Quando chegar, peça alguém a chave do quarto, por favor.

Eu: E o quarto ainda está trancado...

Louise: É uma longa história.

[...]

Não paro de pensar no que de fato ocorreu para que Louise ter dormido com o Luiz. Ela quase não tolera ele, ou seria apenas fingimento?

Entro na casa, dando sorte o suficiente para de cara encontrar uma funcionária do rapaz. A mulher, muito gentil, me deu as chaves do quarto, caindo no papo de que deixei uma jóia de renomado valor em um banheiro das suítes.

Não demorou para eu subir as escadas quase correndo, já quase obtendo sucesso até encontrar a floresta de portas brancas que haviam em apenas um corredor.

Conheço Luiz já faz um tempo e sei que se coloca no centro do universo, então sigo diretamente ao quarto principal. Abrindo-o vagarosamente com a chave que contém o mesmo número da porta.

Sou cuidadosa quando entro no cômodo, esperando ver Luiz jogado na cama e Louise me agradecendo com o olhar. No entanto, ao invés da face de uma amiga sendo socorrida, eu encontro um par de olhos castanhos frustados, um corpo masculino atlético bem sexy coberto apenas por uma cueca branca e uma bola de futebol americano em suas mãos, sendo jogada para o alto e depois aparada novamente pelas mesmas.

Não Somos Irmãos Onde as histórias ganham vida. Descobre agora