Capítulo 36

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Meus olhos diminuem quando o rapaz passou ao meu lado sem dizer ao menos uma palavra. Sinceramente, nessa discussão, eu perdi quando ouvi o nome de Luiz.

Visto a camisa branca que Emma me deu de aniversário, em seguida coloco ferozmente a bola dentro da bolsa e saio em direção ao corredor. Tenho um assunto pendente com Luiz. Sou ciente do quanto aquele garoto é um safado e só de pensar na possibilidade de ter assediada Emma, a minha raiva pulsa no peito de um modo que não faço a mínima ideia de como irei reagir quando encontrá-lo.

Caminho em passos apressados pelo corredor ignorando as pessoas que passaram por mim e falaram alguma coisa, exceto quando fito Max e imediatamente pergunto onde está o idiota do Luiz. Ele meio desentendido e com um pouco de receio de falar, aponta na direção de uma sala no final do corredor.

Respiro fundo e não demoro um segundo para seguir ao lugar que se encontra aquele cuzão. Desde criança o garoto alega não suportar Emma, e agora está agindo como um babaca atrás dela? Quero saber cada detalhe. Ele à garrou sem a sua permissão? E pelas minhas costas?

Que diabos! Quando tantos olhares se voltaram assim para a ruiva? Maldição! Não basta o imbecil do Liam, agora há também a pessoa que se diz ser meu melhor amigo?

Amigo do caralho! Isso sim!

Entro no cômodo e vejo o mesmo se levantar todo sorridente como se não tivesse feito nada demais nessa manhã.

- Oi, cara - o garoto se dirige a mim, ainda dando umas boas gargalhadas do diálogo que estava tendo com uma menina de cabelos curtos que nesse momento apenas olha para alguns papéis na sua mesa.

Sem pensar duas vezes, o meu punho segue contra a sua bochecha, o que faz ele cair de volta na cadeira e ser arrastado para trás, uma vez que o assento tinha rodinhas.

- Você pirou, Dylan? - o rapaz se levanta imediatamente e vem de encontro comigo com o peito estufado.

- Eu quem te pergunto, você pirou? - eu o questiono com a voz mais zangada que tenho e o empurro novamente, só que dessa vez não causou o mesmo estrago.

- Não estou entendendo, cara! - devolve o empurrão, negando a cabeça enquanto as suas sobrancelhas tentam se unir.

- O que estava tentando fazer quando abraçou a Emma? Se matar? - trinco os dentes, esperando receber uma boa resposta.

- Eu não fiz nada! - dou um tempo para ele respirar.

- Ah não?! - franzo o cenho. - Por que não vira homem e assume as suas merdas, hein? - o espanto está nítido no rosto de Luiz, e é claramente por eu nunca ter explodido desse jeito.

- Bem... - ouço a voz mança da garota de cabelos curtos e logo após um coçar na garganta.

Olho em sua direção a medida que vem de encontro comigo.

- Digamos que... - começa arrumando a minha camisa, uma vez que estava toda desajeitada, porque a raiva foi maior do que prezar para uma boa aparência. - Foi uma dica minha - completa.

- Está me dizendo que você mandou ele tocar nela? - fito os seus olhos profundamente.

- Eu disse para ele dar em cima da Emma, não que tinha que abraçar ela. - negou a cabeça várias vezes.

- E qual é o objetivo disso? - questiono.

- Conquistar a Louise - a garota deu de ombros.

- Isso não tem lógica - sorrio dessa palhaçada que estou ouvindo.

- Errado! - ela adverte. - Emma contará para Louise, a qual sentirá ciúmes e voltará correndo para os braços de seu amigo. E bingo! - simula uma explosão com as mãos e eu só consigo me perguntar quem usou mais droga nessa sala, se a menina por ter ideias malucas ou o Luiz por acreditar e pagar por elas.

- Luiz, você pode acreditar em quem você quiser, desde que não meta a Emma nisso.

- Olha cara, se você tivesse me dito que gostasse da Emma, eu nunca teria feito isso, mas você não assume - ele dá de ombros.

- Fica longe dela! - repito, saindo daquele cômodo em um completo silêncio.



Emma

Embora tenha melhorado em matemática, a matéria continua não sendo o meu forte. Mas hoje as aulas não foram tão cansativas como costumam ser, talvez seja por que na minha cabeça só penetrava um assunto: a banda de Liam.

Quando o sinal tocou e os alunos que já estavam angustiados com os cálculos enormes escritos na lousa, relaxaram os ombros enquanto guardavam os materiais e saiam do cômodos. Eu fiz o mesmo.

Louise, como sempre, falava sobre o quanto Harry Styles é perfeito e o quanto eles combinam juntos, porém, retiro o seu sorriso do rosto ao instante que ergo as sobrancelhas em direção a Luiz, assim, puxando-a para a realidade. O rapaz se encontrava perto de seu carro, olhando para o celular.

- Até que ele é bonitinho... - ela sussurra.

- Mas é um cafajeste, você merece coisa melhor - continuamos fitando o Luiz até o mesmo piscar o olho esquerdo.

- Sei bem disso. Eu mereço isso aqui - aponta sorridente para o cantor estampado na capa de seu caderno.

- Do que as garotas sorrem tanto? - Liam me supreende por trás.

- Do quanto a Louise e Harry Styles formam um casal perfeito na cabeça dela - dou uma pequena gargalhada a medida que fito os olhos brilhantes do garoto ao meu lado.

- Minha mãe gosta de falar que nunca devemos deixar de sonhar - ele brinca e minha amiga cruza os braços enquanto levanta as sobrancelhas em um ato de recusa à fala do rapaz.

- Nós não vamos convidar esses dois para o nosso casamento, amorzinho - fala com o caderno em suas mãos.

Nego a cabeça diversas vezes e sorrindo. A verdade é que eu tento disfarçar ao máximo o nervosismo que corre no sangue. Imagina cantar para outras pessoas? Não vai ser um canto normal, um canto no banheiro ou no sótão da minha casa quando estou compondo, irei cantar para pessoas que entendem de música, e que irão analisar o meu vocálico. Puxo a fundo o ar nos pulmões ao mesmo tempo que minhas mãos ficam inquietas.

- Vamos? - Liam me analisou por completa. Deve ter notado a minha aflição. - Por que está nervosa? - Ok. Agora estou certa de que ele notou a ansiedade.

- Emma não está acostumada a cantar para várias pessoas, e acham que vão julgar ela. - a fã do Harry Styles respondeu por mim.

- Tenho certeza que ninguém vai te julgar, você é ótima, Emma, como não consegue enxergar isso? - ele interroga com os ombros.

- Eu estou tranquila - dou um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

Eu sei que isso não é verdade. Liam sabe que isso não é verdade. Todos nós sabemos que isso não é verdade.

- Então, bora? - o garoto estende a mão e eu a agarro como um ato de confiança. Seguimos em diante, dando tchau para a minha amiga. E quando completamos exatamente cinco passos de caminhada, damos de cara com Dylan nos olhando com aqueles malditos olhos de cachorro abandonado. É nítido a rigidez de seus ombros e o quanto o seu coração deve estar batendo forte de tanto ódio.

Ele veste a camisa branca que lhe dei de presente no seu aniversário. A cor traz uma boa claridade para o rosto bem marcado do rapaz, deixando completamente um mocinho de um filme romântico. Nós permanecemos paramos ali. Estava observando-o como uma retardada mesmo ao lado de uma pessoa apaixonante como o Liam, que eu tenho uma queda desde que tento tirar o Dylan da cabeça.

Então o garoto à frente põe o capacete e pedala a sua moto ao reparar a minha mão esquerda unida a mão direita de Liam.

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