Capítulo 21

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Contei a Louise que recuperei o brinco dela, mas não disse como. A garota atinge o ápice da curiosidade. Às suas perguntas não seriam poucas, e só de pensar nisso, a  minha cabeça começa a doer. Bem, até mesmo a doença se tornar realidade, quando mamãe grita o meu nome disparadamente. 

Levanto refletindo preguiça, realmente tenho que atendê-la, senão será pior para mim, pois ela odeia ser ignorada. Eu acho que puxei isso dela, embora seja trouxa para mesmo assim tratar bem os que me ignoram. 

Desço as escadas e lá estavam eles. Havia esquecido que Dylan está aqui. A mulher se deitou num sofá enquanto o rapaz se acomodou numa poltrona com uma bacia de pipocas no colo. Ambos me encaram quando chego mais perto. As íris do garoto refletiam sobre mim, me causando desconforto. Por que é isso que ele causa! Desconforto! Ou não, talvez apenas esteja sendo hipócrita comigo mesma. Porém, prefiro acreditar na primeira, mesmo que a segunda seja bastante tentadora. 

Por um momento a boba garota de 14 anos chamou na mente, me fazendo ter devaneios e me questionar se seria bom encostar a cabeça no seu peito, sentindo a sua respiração enquanto abusava do calor de sua pele. 

— Vem assistir um filme com a gente — minha mãe finalmente fala e me puxa de volta a realidade. 

— Eu não to muito no clima — descanso os ombros em recusa. 

— Ah, Emma, vamos relembrar dos velhos tempos —Eu tenho pavor dos velhos tempos. 

— É Emma, como nos velhos tempos —  Dylan repete, usando um tom meio zombeteiro.

Esta no brilho de sua face o que ele se referia. Eu me acomodava perto dele sempre que assistiamos um filme. Tentava ficar o mais perto possível. 

— Não é tarde para isso? — arqueio as sobrancelhas, ficando atenta ao horário. São 22 horas. Não é tarde, mas uma boa desculpa.

— Uma vez disse que não há hora definida para assistir um bom filme — relembra Dylan.

Ultimamente o mesmo recorda de muitas frases minhas, e isso embrulha o meu estômago. Só Deus sabe o que mais ele pode usar contra mim.

— Então se lembra do que disse com 12 anos de idade? — questiono — Você não gostava de assistir, por que esse interesse agora? — cruzo os braços, ainda em pé ao lado dos dois. 

— Por favor, não comecem — mamãe reclama —  Ultimamente vocês brigam por tudo, são quase irmãos, não podem agir dessa maneira. 

— Não somos irmãos — Dylan comenta, negando a cabeça varias vezes com um sorriso meio sagaz no rosto.

Não é o que você esta pensando. Aviso a mim mesma.

— Eu não teria um irmão tão chato e idiota como você — respondo ele, após  deitar no outro sofa. 

— Pode ter certeza que a única coisa do universo que eu gostaria era ser o seu irmão.

— Parem! — minha mãe exclama impaciente — Se for para ser assim, eu nem vou assistir — Ela se levanta passando a mão na nuca e logo se encaminha na direção das escadas. 

É nítido o cansaço que o trabalho lhe causa, e sei que a única coisa que ela queria era curtir a noite com os seus "filhos".

— Viu o que você fez? — jogo a culpa nele. Já tenho raiva dele o bastante para começar a lhe culpar por tudo.

— Eu? Foi você quem começo — se defende.

— Babaca — o insulto, me levantando, afim de sair do ambiente, mas Dylan acaba segurando a minha mão quando passo ao lado da poltrona.

— Não aguento mais você assim — ele morde o lábio inferior enquanto respira profundamente.

— Por que, Dylan? Por que insiste tanto em querer me fazer de idiota? — suspiro alto — Lhe incomoda tanto ficar sem interferir na minha vida?

— Incomoda — responde rapidamente, parecendo ter muita certeza do que fala — Por que eu sempre estou ao seu lado, por que eu sempre estive presente.

— Você só quer uma fã apaixonada, Dylan. Eu cansei disso — questiono quase gargalhando de fúria e desprezo.

O garoto enrijece o maxilar e sai da poltrona, se tornando mais alto que eu, e agora ao inves de abaixar a cabeça para encara-lo, tenho que levantar a cabeça.

— Então resolve se afastar? Por que o seu coração acelera quando me ver? Por que ainda nutre os mesmos sentimentos so que não tem coragem de falar?

— Não é falta de coragem — nego a cabeça, fixando o olhar nos seus olhos marejados — É vergonha.

— Você fez uma música para mim, e agora diz que senti vergonha? —

— Deixa isso no passado, ta legal? — ponho uma mecha de cabelo atras da orelha a medida que o desespero se espalha no corpo.

— Entao, diga o que quer logo para acabar com isso! — ele anuncia, como se eu precisasse de algo dele.

Um dia eu precisei, não vou mentir, mas ele não me ajudou.

— Distância — respondo, passando os olhos ao chão.

— Tem certeza? — a sua voz se torna mais calma, como se estivesse machucado.

— Sim — digo, confirmando com a cabeça.

— Uma pena que nunca vou deixar espaço para Liam ou qualquer outro. Emma, vai ter que me aguentar até a morte — responde decidido enquanto avança um passo e ousa levantar o meu queixo com os seus dedos.

"Vai ter que me aguentar até a morte" essa frase foi dita pelo Dylan de nove anos, e por um instante sinto a presença dele. O seu toque calmo, a sua voz doce e um coração gentil.

Fixo a vista naqueles olhos que parecem quererem chorar. Me deixo levar pelo momento. Pela saudades que estou do meu velho crush. Sei que estou entrando num vulcão, mas agora tento não pensar nos danos.

♡♡♡

Iai, oq acharam do capítulo?????
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Ate a próxima! Tchauuuuu

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