Capítulo 2

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Estava dirigindo em direção ao escritório da minha amiga, e também advogada, Lucy. Saí mais cedo apenas pela a ansiedade que estava me consumindo, mas vendo o trânsito, percebi que se continuar assim, chegarei atrasada.

Olho para frente e suspiro ao observar a quantidade de carros, buzinas escoando como se fosse resolver alguma coisa.

Sem pretensão meu olhar cai para minhas mãos sobre o volante, mas precisamente para a aliança que ainda estava em meu dedo. Sem muito esforço, minha mente viaja para vários momentos, tais quais foram mais marcantes durante os anos que passei ao lado de Henry, momentos que não abandonaram minha mente durante o último mês.

Mas não demorou muito para minha atenção ser desviada para o som estridente de uma buzina atrás de mim. Olho pelo o retrovisor.

- Passa por cima! - falo alto o suficiente enquanto o impaciente ultrapassa meu carro, me dando a visão de uma mulher. Não pude observa-la com precisão mas sua cara fechada demostrava seu nervosismo. - Como se eu tivesse culpa do dia de merda que você está tendo - solto pra mim mesma e logo sorrio sarcástica, meu olhar seguindo a pressa da mulher. - Estamos na mesma, amiga - reviro os olhos e decido ligar o som do carro, assim me distraindo com as músicas até finalmente chegar ao meu destino.

- Boa tarde. Tenho horário marcado com a doutora Lucy - informo assim que me aproximo da mesa da secretária. - Lauren Johnson - completo confirmando minha identidade, ela sorri antes de indicar um lugar para que eu aguardasse minha entrada.

Enquanto espero, puxo meu celular e desbloqueio notando várias mensagens da minha mãe, suspiro e decido mentalmente passar na casa dos meus pais assim que sair da reunião com Lucy, afinal sei que independente de qualquer coisa, eles se preocupam comigo.

Meu pai quis matar Henry assim que soube da traição, ele ficou extremamente decepcionado com meu ex marido, confiava nele cegamente, sem contar que o considerava como o filho tão sonhado que nunca teve.

Já minha mãe, me magoou de uma forma inexplicável com seus pensamentos tão primitivos. Inicialmente, a culpada de tudo que havia acontecido seria eu mesma, afinal foi eu que não dei um filho ao meu marido e por isso ele ficava muito estressado em casa, onde ocasionava brigas e consequentemente as traições.

Até que entendo ela, seus ensinamentos foram bem restritos, e por isso o que ela via ou ouvia dentro de casa era lei. Claro que nada disso justifica, mas ainda assim, escolho respeitar e entende-la.

- Doutora Lucy está a sua espera - a figura feminina para em minha frente. Sorrio em agradecimento e levanto, caminhando em direção a sala da minha amiga.

- Desculpe a demora - me abraça assim que adentro a sala. - Como está? - é atenciosa, assim como todas as minhas outras amigas estão sendo nessa fase da minha vida.

- Bem, na medida do possível - ela aponta a cadeira a frente para que eu pudesse me acomodar. - E você?

- Muito bem - seu sorriso é largo. Estreito os olhos. - Mas isso é conversa para outro momento, quem sabe amanhã? - pisca um olho.

- É claro que você está envolvida nesse jantar - assinto para seu gesto ao me oferecer uma xícara com café.

- Como se isso fosse alguma surpresa - reviro os olhos. - Mas agora precisamos conversar sobre o que realmente interessa - se acomoda em sua cadeira. - Lauren, o advogado de Henry entrou em contato comigo, por isso marquei essa reunião com você - assinto bebendo um pouco do meu café, ela já havia falado essa parte. - Ele está disposto a ir até o fim, sem abertura para qualquer negociação - comprime os lábios.

Abro a boca mas logo fecho, sequer sei o que falar.

Como assim "sem abertura para qualquer negociação"? Somos casados, não é difícil dividir nossos bens para que cada um siga sua vida.

- O que... - paro ao escutar sua voz sobressaltar a minha.

- Você não precisa se preocupar com nada...

- Como assim? - também corto sua fala, não estou entendendo nada. - Como assim ele não quer negociar? Ele sabe muito bem que tudo que temos é mérito das duas partes, iguais - isso não é difícil de entender e resolver.

- Eu sei, Lauren - eu já estava ficando nervosa. - E ele também sabe disso.

- Tem certeza? - sorrio sarcástica. - Porque não é o que parece.

- Ele está te acusando de adultério - arregalo os olhos.

- O quê?! Ele me traiu!

- Eu sei - tenta segurar minha mão mas eu desvio, levantando e começando a andar de um lado para o outro. - Mas assim como nós, ele também não tem provas, até porque sequer existe alguma - eu já estava a ponto de enlouquecer.

Por que fui tão idiota ao ponto de não fazer no mínimo um barraco?! De gritar por toda a empresa que o canalha do meu marido me traia com a secretária?! Quem sabe assim eu teria como provar quem de fato é o sem caráter da relação!

- Céus, quem é essa pessoa? Porque sinceramente eu não sei o que pensar do homem que convivi durante treze anos da minha vida - eu continuava tentando achar algo em minha mente, porque o que eu acabei de ouvir poderia facilmente se passar por uma pegadinha.

- Ele é o que sempre foi - vejo Lucy dar de ombros. - Você não enxergava nada porque o idealizava como o "cara perfeito", coisa que ele nunca foi, sua mente apenas te enganava - sento novamente.

Como fui tão cega ao ponto de não conhecer a pessoa que eu jurava passar o resto da vida ao meu lado?

Não consigo acreditar no que acabei de ouvir, e mesmo Lucy tendo repetido tudo, e garantido que ganharíamos essa, saio do escritório completamente conturbada.

Minha vontade é de ver aquele desgraçado agora mesmo, olhar em seus olhos apenas para comprovar o mal caráter que ele se revelou ser. Mas não posso fazer isso, me conheço o suficiente para saber que posso perder o controle, e assim como Lucy me alertou, eu daria tudo de mão beijada pra ele.

Já dentro do meu carro eu respiro fundo, tentando acalmar meus ânimos, repetindo mentalmente que devo manter meus planos de ir para a casa dos meus pais, é o certo a se fazer nesse momento.

(...)

Assim que voltei da casa dos meus pais, tomei um relaxante banho e me joguei sobre a cama. Papai tinha praticamente me obrigado a ficar e jantar com eles, sendo assim, no momento me sentia de barriga cheia.

Peguei o controle da televisão e liguei a mesma, passando de canais em canais até parar em algo que me chamasse a atenção. Não demorou para minha atenção focar apenas no seriado besteirol que passava, hora ou outra eu sorria, mas meus olhos pesavam cada vez mais, e com isso acabei me entregando ao sono.

Our World (G!P)Where stories live. Discover now