Capítulo 6

1.4K 171 6
                                    

- Mas isso não vale! - cubro meu rosto com as mãos, sorrindo junto com todas. - Eu era uma adolescente apaixonada - reviro os olhos.

Dinah estava achando um ótimo momento para reviver nossa adolescência, e com isso meu primeiro namorado.

- Mas ele sempre deu pinta! - Lucy parecia inconformada.

- Eu não tenho culpa, ok? - me defendo.

Um celular começa a tocar e todas se atentam aos seus, vejo que era o de Sofia. Ela franze o cenho antes de atender.

- Oi mamãe - consigo ouvir antes dela se levantar e sair para longe.

- Sério que você não percebeu que ele era gay? - eu sabia que a zoação estava longe de terminar. Encaro Camila, ela reprimia um sorriso.

- Eu estava apaixonada, a última coisa que eu ia notar era isso! - novamente explodem em uma gargalhada.

- Camila - Sofia volta, parecendo angustiada e isso chama minha atenção. - Mamãe disse que está tentando falar com você mas seu celular está dando desligado - vejo a latina olhar seu aparelho, constatando que sim, realmente está desligado. Ela encara a irmã. - Jenna saiu com uns amigos e acabou sofrendo um acidente - Camila rapidamente se coloca de pé.

- Onde ela está? - Vai até Sofia. - Eu disse que não era pra ela sair, aí ela foi lá e fez tudo ao contrário! - parecia realmente nervosa, essa sendo a segunda vez que eu via ela assim, pois sempre era educada e brincalhona.

- Calma, parece que já foi atendida e tudo não passou de um susto - segura as mãos da irmã. - Nossos pais estão no hospital com ela, está tudo bem.

- Estou indo pra lá, você vem?

- Claro - vai até Lucy e eu me coloco de pé, indo até Camila.

- Posso ir com você se quiser - me ofereço, sem entender muito bem a situação, mas Camila se mostrou uma ótima amiga nesse pouco tempo que nos conhecemos, e apenas quero retribuir.

- Não, está tudo bem, não quero acabar com a noite de vocês - nego com a cabeça.

- Deixa que eu levo vocês, parecem nervosas e não é bom dirigir assim - ela se aproxima, hesitando antes de tocar meu ombro.

- Obrigada - seus olhos se conectam aos meus, que mesmo tentando disfarçar, eu ainda podia notar sua angustia e nervosismo.

- Vou com Sofia - Lucy avisa se aproximando de nós.

- Então Camila pode vir comigo - claro que pensando pela a lógica, Camila poderia ir com elas, mas eu faço questão de lhe acompanhar nesse momento. Volto para a mesa e encaro as outras duas, Dinah apenas assente e eu pego minha bolsa. - Vamos? - chamo Camila.

Caminhamos em direção do meu carro, a mulher ao meu lado ficando em silêncio, apenas demonstrando sua ansiedade. Nos acomodamos e eu não demorei a dar partida no carro.

- Qual hospital? - questiono para saber melhor que caminho seguir. A latina me responde e volta a ficar em silêncio. Vez ou outra olho para ela de relance. - Jenna? - decido quebrar o silêncio.

- Minha filha - fala simples.

- Oh, eu não sabia - comento processando a informação.

- Como poderia? - sorrir.

- Quantos anos?

- Quinze - faço uma careta. - Sim, é a pior fase de todas e eu não sei mais o que fazer - suspira desviando o olhar, observando através do vidro ao seu lado. - Desde que a mãe dela morreu, ela se fechou, entrando em uma fase que por mais que eu tente, não consigo entender e acompanhar - fiquei em silêncio, absorvendo as novas informações.

Camila tem uma filha, mas comentou que a mãe dela morreu... então ela não é mãe biológica? Talvez adotiva?

Olhei para o lado, dando uma conferida de cima a baixo na mulher.

- Era sua esposa? - eu sei, talvez estou sendo curiosa demais.

- Sim - volta a me encarar. - O fato te incomoda? - arregalo os olhos.

- Que?! Não! Claro que não! - sorrio nervosa. - Me desculpe - peço. - Estou sendo muito indelicada?

- Não, apenas está querendo matar sua curiosidade - sorrir.

Que vergonha.

Ficamos em silêncio, por mais que ela tenha razão e eu esteja doida para saber mais sobre sua vida.

Logo chegamos no hospital, adentramos e Camila rapidamente se colocou de frente para a recepcionista, perguntando sobre sua filha. Fomos informadas que a menina ainda estava no quarto, esse que fomos direcionadas.

Deixei que Camila entrasse primeiro, ficando alguns passos para trás.

- Me desculpe, mama - escutei a voz doce e manhosa da garota assim que passei pela a porta, eu não conseguia enxergar sua fisionomia por completa, ela estava abraçada em Camila.

Olhei para o lado e vi que Sofia e Lucy já estavam lá, abraçadas e também olhando a cena.

Os olhares do casal mais velho sobre mim era perceptível, então sorri antes de me aproximar.

- Olá - ofereço uma mão que a senhora aparentemente curiosa aceita de bom grado. - Sou Lauren - me apresento e logo sua feição muda. Ela sorrir como se já me conhecesse e me puxa para um abraço.

- Eu sou Sinuhe, mãe da Camila - sorrio ao me afastar, notando o quanto são parecidas.

- E da Sofia também - a mesma fala divertida.

- Sim, e da Sofia também - a senhora revira os olhos.

- E eu sou Alejandro - o senhor alto se aproxima, praticamente me esmagando em um abraço.

- Papai - a voz de Camila é repreendedora. Olho para ela e nego com a cabeça, como se dissesse que estava tudo bem.

Olhei para a cama e pude observar a menina melhor, e constatei que se trata de uma cópia fiel de Camila, a única diferença sendo as feições e com isso, o humor.

A menina me encarava com o olhar duro, sua expressão fechada me fazia ficar envergonhada, era como se os olhos castanhos me perguntassem o que eu estava fazendo alí. Talvez seja porque nós não nos conhecemos ainda, e eu estava alí invadindo sua privacidade, afinal tudo é intenso na adolescência. Mas ao mesmo tempo parecia que ela já me conhecia, e simplesmente não gostava de mim.

- Hey, Jenna - tento ser simpática ao me aproximar, quem sabe assim ela se deixa suavizar um pouco. - Sou Lauren, amiga da sua mãe - seus olhos ficam ainda mais ferozes, ela bufa batendo contra a cama e encara Camila rapidamente, antes de voltar seu olhar para mim.

- Se não percebeu aqui é um assunto de família - sua voz estava carregada em fúria.

- Jenna! - não foi apenas uma voz que repreendeu a garota. - Isso é modos de tratar as pessoas? - Camila continua.

- Ela tem razão - comento sem ter onde enfiar a cara, meu sorriso era sem graça, afinal eu estava alí de curiosa que sou, eu mal conheço Camila quem dirá sua família. - Eu... olho ao redor. - É melhor eu ir, Dinah e Norma...

- É melhor mesmo - corta minha fala.

- Eu juro que se você não se desculpar agora eu...

- Não precisa - agora sou eu que corto Camila. - Eu já vou indo - olho ao redor. - Foi bom conhecê-los - sorrio para todos antes de sair do quarto.

Camila tem razão, adolescência é a pior fase.

Our World (G!P)Where stories live. Discover now